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A

 

 Educação

 

 Sob

 o

Ponto de Vista

 

DOUTRINÁRIO.

 

Um dos DEVERES da ONU

 

 

De Acordo com

 

A

 

 Moral Positiva

 

Elaborado

por

 

Manuel de Almeida Cavalcanti

Major ou Coronel Professor do Exército Brasileiro

 

E

 

Atualizado, Revisado e Complementado

 

por

 

P. A . Lacaz

 

Paris - 1918 / Bananal SP –1999

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Homenagem

 

Aos Discípulos de meu esposo, dedico o seu último trabalho. Este representa as meditações de seus  derradeiros dias de Vida. Três dias antes de fechar  os olhos, pediu-me ainda para  ditá-lo recomendando-o, o que me foi possível, em fase de seu  doloroso estado.

 

Publicando-o agora, consola-me a idéia de fazer-lhe a vontade e satisfazer-lhe os anseios, pois que  assim lhe dou esta pequena  prova do meu amor, bem como contribuo para vulgarizar a Doutrina  que Ele tanto amou.

 

Rio de Janeiro, 1 º de maio de 1921.

 

 

A. Olinda Cavalcanti – Esposa do Professor .

 

 

 

 

 A Educação,

 sob o Ponto de Vista

   Religioso (*),

de acordo com a

 

MoralPositiva.

 

* Entende-se por Religioso, o sentido de Doutrina – de Religar

 

Separadamente se apreciam de ordinário as três partes essenciais que apresenta em geral a Educação Humana. Educação não é  Instrução.

 

Entretanto pode uma delas abranger as outras duas, e até mesmo corrigi-las  em suas aplicações .

 

Na multiplicidade dos fenômenos inorgânicos (matemática, astronomia, física e química), nenhum ainda foi descoberto em condições de unificar, a totalidade dos demais.

 

Há, porem normalmente, em cada organismo, uma serie de funções  superiores (biológica, sociológica e a moralista), que dispondo do consenso das inferiores (matemática, a astronomia, física e química), concorre com estas, para manter-lhe a vida no espaço planetário, onde se nutre.

 

  O intimo concurso dessas funções  de modo estável,  em nossa “Alma”, exige evidentemente, por sua vez, a estabilidade cosmológica, mesmo porque não as conceberíamos organizadas, dando existência aos seres vivos, sem esta estabilidade do mundo exterior, sede estável da criação de todo eles.

 

Ambas as existências representam o constante assunto de todas as nossas investigações, teóricas e praticas, cujo objeto é conhecer o nosso Mundo, para agir sobre os seres, orgânicos ou não, que aí se transformam incessantemente, no intuito de aperfeiçoa-los, modificando a intensidade dos respectivos fenômenos; as duas apreciações conexas, são sobretudo indispensáveis, quando se pensa em agir sobre a natureza humana, a fim de melhorá-la. Elas são imprescindíveis quando se objetiva estudar o problema de nossa Educação, como agora o fazemos, isto é, sem as abstrações metafísicas  que tanto o tem desvirtuado .

 

Mas é mister, para isso, distinguir os três aspectos capitais da Natureza Humana.

 

Segunda a constituição cerebral da Natureza Humana, cada um de nós pode,

 

SENTIR, PENSAR e AGIR.

 

 

            Imperaria no primeiro caso os Sentimentos, no segundo a Inteligência e no terceiro a Atividade.

 

            Todas são em nós, contudo solidárias, ainda que necessitemos considerá-las  separadamente, afim de apreciar, de modo cabal, o problema da Educação.

 

            O nosso estudo exige porem, que comecemos  por defini-lo com precisão.

 

           

I) A Definição do Problema da Educação, Derivada do Contexto Doutrinário ou Religioso

 

 

            Quando Concebido o Problema da Educação, há necessidade de se estabelecer a plena Unidade, em toda a espécie humana, isto é, a perfeita comunhão de Sentimentos, Pensamentos e Atos, entre todos os seus membros.

 

             Resolver tal problema, o da Educação, em relação a qualquer um de nós, é igualmente conseguir, na “Alma Individual” , o concurso, isto é, a convergência, de cada um, para o bem dos outros, ou de outrem.

 

            Estes três principais órgãos de nosso aparelho cerebral, ainda que naturalmente ligados entre si, e pelos sentidos ao mundo exterior, devem ser religados aos entes que nos cercam, em virtude de nossa própria sociabilidade.

 

Daí se infere a necessidade de uma Fé Comum ou Crença Amada Universalmente. Inabalavelmente firmada, somente ela poderá congregar, todos os seres vivos, para um mesmo fim*.

 

            Este nobre objetivo*, nos deixa perceber que a Educação é antes de tudo uma Educação Moral ou Educação dos Sentimentos, ou Educação Propriamente Dita ; a Educação Intelectual ou Instrução, e a Educação Prática ou Tecnológica

 

           

            A RELIGIÃO, efetivamente, conforme o justo sentido etimológico do vocábulo que à designa, significa a ação de religar, DA FORMA COMO ALUDIMOS ACIMA, isto é,  religar o nosso estado interior, aos Seres que nos cercam, e ao espetáculo exterior. Foi para isto que se uniram  os três ramos da Educação : afetivo, intelectual e pratico, de que se compõe a religião; Isto é,  CULTO, DOGMA e REGIMEN, respectivamente, dos quais o CULTO, justamente à representa, 

 

            Existe no seu DOGMA,  a explicação do Mundo e do Homem, por meio das informações contidas na Filosofia Teórica, de origem objetiva – as 15 Leis Naturais Universais, ou Fatalidade Suprema e as Leis Naturais das sete Ciências Básicas : matemática, astronomia, física, química, biologia, sociologia e moral – acrescidas das normas técnicas, das tecnologias derivadas  de cada uma das 7 ciências positivas – isto é, ciências, que possuem os sete atributos  simultaneamente : real, útil, certo, preciso, orgânico, relativo e social.

 

            Aspira no REGIMEN, fixar as normas mais convenientes à conduta de cada um de nós, tendo como principal enfoque, ou mira, o bem de outrem, para que põe ao seu serviço, a Filosofia Prática, isto é, a Tecnologia..

 

            Vê no CULTO, desde quando o tornou engrandecido e solene, com as Artes Estéticas ( Poesia, Musica, Escultura, Mímica, Arquitetura), sem os sangrentos sacrifícios do passado; reduzindo a prece interesseira ao Gran Ser – Família, Pátria e Humanidade, favorecendo a sua adoração ; e ao reconhecimento de cada um de nós, pelo que hoje somos, e pelo muito que lhe devemos, como supremo legislador da ordem moral.

 

            Foi somente por esta evolução que a RELIGIÃO, pode tornar o coração mais simpático, a mentalidade mais sintética e o caráter mais sinérgico (sinergia - coordenação das qualidades praticas),  fazendo-nos convergir para estado de unidade  almejado, desde os tempos primitivos.

 

            Revelada sob o monoteísmo, após haver sido inspirada sob o politeísmo, a RELIGIAO adquiriu, finalmente, sua constituição normal, incorporando, o fetichismos primitivo, que a este ultimo precedeu,  e tão espontâneo em nossa natureza, às concepções positivas, que só na época moderna, logramos conhecer, pela descoberta dos últimos três termos,  da série científica (biologia, sociologia e moral).     

            Não será supérfluo examinarmos em seguida, como , sob o ascendente do CULTO, quando se iniciou e somente agora se termina, a construção do verdadeiro DOGMA, que nos fornece a Base do REGIMEN definitivo. Por isso, os estudos do Mundo e da Humanidade se tornaram o constante objetivo e procuradas Teorias Religiosas.

 

            Para explicar o Mundo, o único artifício lógico, que ocorreu a principio, ao espirito humano, isto é, na inteligência humana, foi sugerido pela lógica dos sentimentos; supondo o Homem, que todos os seres possuam as paixões e vontades, que lhes são próprias. Uma síntese tão espontânea na infância, não lhe tendo  consentido a solução do problema, por confundi-lo com certos dados.( a Vida com a Atividade), socorreu-se do modelo analítico, decompondo a apreciação  dos seres, no estudo dos diversos fenômenos  ou acontecimentos , que se distinguem, na existência de cada um deles.

 

            Sendo as nossas contemplações, pela insuficiência de sentidos de que dispomos, foram somente percebidas, como distintas, sete categorias de fenômenos: matemáticos, astronômicos, físicos, químicos, biológicos, sociológicos e morais, assim classificados, segundo  sua abstração decrescente e nobreza crescente, até aqueles ( 15 Leis Universais) que nos colocam acima da escala dos outros  seres vivos.

 

            O estudo especial de cada uma dessas ciências, finalmente habilitou, aos sábios às pesquisas  das Leis Naturais, isto é, das relações constantes, de sucessão ou de semelhança, entre os fenômenos, permitindo a previsão, de uns pelos outros.

 

              Apreciando tais Leis, em seu conjunto, os filósofos às generalizaram e sistematizaram, na Lógica ou matemática, na Física Celeste ou Astronomia, na Física terrestre mais geral, ou Física propriamente dita,  na outra especial ou Química, na Biologia, na Sociologia e na Moral, ciências estas caracterizadas  pela previsão dos fenômenos, cujas Leis instituem como ciências respectivas, do que em busca da verdade , por um trabalho muitas vezes secular, se foi pouco a pouco conhecendo em relação ao Espaço, à Terra, e a Humanidade ( entende-se por  Humanidade : “O conjunto dos seres convergentes, do passado , do futuro e do presente, que concorreram , concorrerão e concorrem , para a melhoria do Bem Estar Social do Ser Humano na Terra, e no Cosmos ou Espaço”).

 

            Mas, alem das Leis, que cada um destes três vastos domínios, está subordinado, existem outras Leis Gerais , onde  elas são contidas , não só as lógicas, ou as mais simples, e outras que são dimanadas do cosmos  como também as físicas, atributo da Terra; e as morais , que mesmo ai se divinizam; as quais se aplicam a fenômenos ou acontecimentos quaisquer, inclusive até a marcha do entendimento humano, desde as primeiras manifestações, tanto no indivíduo, como na espécie.

 

O conhecimento destas verdades chamou-se de Filosofia Primeira, segundo os votos de Bacon, seu fundador; embora um maior numero destas Leis Naturais somente  foram percebidas quando já se conhecia as sete ciências básicas, conhecida também por Filosofia Segunda.

 

            Resume-se nestes dois domínios filosóficos, todas as teorias científicas à disposição do DOGMA, para explicar o Mundo e o Homem.

 

            Os conhecimentos, que assim foram úteis para  se dogmatizarem, tanto menos se afastam da realidade concreta, quanto mais se aproximam da apreciação do Homem, único Ser que resume todos eles. Mais complexo e sintético que todos  os outros, o conhecimento da Ciência  Moral, que estuda a Humanidade, exige por isso, as demais ciências como bases essenciais.  A ciência seguinte, é constituída pela Sociologia, ou estudo das Leis da Sociedade, onde o Homem nasce, se desenvolve, e cumpre o seu destino.

 

            Entretanto importa reconhecer, que o conhecimento da Sociedade, exige por sua vez , o das Leis Gerais da Vida, isto é, o estudo da Biologia. Com efeito os Homens são seres eminentemente vivos, e a vida em sociedade, os tornou os mais racionais entre os do reino animal.

 

Porem, realizando-se no meio cósmico, entre as decomposições e composições  das substancias, que este contem, os fenômenos da vida humana exigem por isso o conhecimento geral das Leis Naturais da Química; e esta por sua vez depende da Física, por que os fenômenos químicos se processam ordinariamente  sob a influencia de calor, eletricidade, pressão etc, que são fenômenos físicos. E é bom lembrar , que todos estes fenômenos se passam  num planeta, que está sujeito as mesmas Leis , que regem os outros astros do nosso sistema solar; assim se depreende que o conhecimento da Física exige , por sua vez o conhecimento da astronomia. E Finalmente , os nossos conhecimentos astronômicos reduzem-se  em ultima analise à apreciações numéricas, geométricas  e mecânicas, que são assuntos ligados a Matemática. Somos autorizados a concluir  que deste estudo depende  o conhecimento da astronomia.

 

O estudo da Matemática é consequentemente, a base de todos os conhecimentos humanos. Em virtude da simplicidade de suas apreciações , ela exercita  nossa inteligência, na arte do raciocínio, iniciando-a desde de cedo, nos processo lógicos, que o seu estudo, e o das ciências superiores desdobram gradativamente até a Ciência Moral : a própria dedução dela; a observação astronômica; a experimentação física;  a nomenclatura ou classificação química comparação biológica, a filiação sociológica e construção subjetiva ( Moral).

 

O Conhecimento da Matemática, fornece tanto uma base lógica às aquisições posteriores do nosso espírito, ou melhor da nossa inteligência. Sob este aspecto, o qualificativo de lógica, ser-lhe-ia mais adequado, do que o nome muito  exclusivo, como hoje é mantido – MATEMATICA; o qual apenas faz lembrar, que foi por muito tempo, a única ciência conhecida , quando a Moral, ainda não tinha  os fundamentos  positivos, em que se esteia o REGIMEN.       

 

            O REGIMEN .

                                      Somente com tais bases, com efeito, pode a Moral presentemente circunscrever as múltiplas aplicações  das ciências à modalidade do Mundo e do Homem. Basta  a sua atual posição enciclopédica, para nos deixar ver que compreende, não somente as artes cosmológicas , como também as sociológicas (1)

(1)                        A classificação enciclopédica das artes técnicas, coincide com  a das ciências;  observa-se que a combinação destas ultimas, resultam muitas  outras artes, cada vez mais complexas. Registremos algumas destas aplicações; como importantes exemplos podemos citar a navegação, que procede da matemática da astronomia; a geodésica, da matemática, da astronomia e da Física; a Mineralogia da Física e da Química; A agricultura da Física , da química  e da Biologia; pela Botânica , e na vida animal na apicultura, piscicultura,  na pecuária, bem como das suas outras  aplicações na Zoologia.

 

 

        Com relação ao grupo destas últimas, as que resultam  da aplicação da Biologia e da Sociologia, respectivamente combinadas, ou não, com as ciências inferiores (matemática, astronomia, física e a química). No Grupo das artes cosmológicas ficam aquelas  provenientes da aplicação da Matemática ou da Astronomia, senão da Física ou da química, e de suas várias combinações. São umas e outras do domínio da Moral, porque somente na Moral Positiva, o ponto de vista especulativo coincide com o da ação; principalmente quando, nos dificultam a passagem  do abstrato para o concreto, ou da ciência ou concepção, para da arte para a realização..

 

 

        Essa dificuldade , de fato, é muito maior , quanto mais  nos aproximamos das artes sociológicas – ou artes do Bom– a Medicina e a Sã Política , que hoje em dia possui o suporte científico,  respectivamente da aplicação da Biologia e da Sociologia, sob a ascendência da Moral Positiva; A medicina hoje, é uma Sã Medicina, no entanto já foi desenvolvida empiricamente; A Política ainda é desenvolvida empiricamente, mas se tornará sistemática, quando todos nós tomarmos conhecimento e aplicarmos espontaneamente as Leis da Sociologia Positiva. Também temos a Arte dos  DEVERES (DIREITO) e da EDUCAÇÃO, sob aplicação da Moral Positiva. Na arte dos DEVERES, ainda persiste a Arte do direito, sob bases empíricas; mas quando viermos a conhecermos os nossos DEVERES, com as  normas tecnológicas das disciplinas, os DEVERES serão cumpridos, sem quase necessidade de se solicitar  a exigência dos direitos. Quanto a arte da EDUCAÇÃO, hoje é de brava noção empírica, com elevada dose de egoísmo, que terá de ser  moldada com objetivo de subordinar o egoísmo ao altruísmo, e simultaneamente comprimir o egoísmo e expandir  o Altruísmo, propagando os exemplos de Ternura e não de pureza, respectivamente, um estado de afetividade social, inverso do personal egoístico, como o capitalismo democrático solicita, para a sua sobrevivência.

 

        Ao grupo das Artes  cosmológicas, pertencem , desde o mais humilde ofício e arte prática do operário, do simples desenhista, do construtor, até as mais elevadas complicações de Física e de Química pelos grandes Industriais.

 

        O conjunto das Artes Técnicas – as tecnologias , liga o Dogma, que é formado das  Leis Naturais das  Sete Ciências , acrescidas das 15 Leis Naturais – da Fatalidade Suprema, com o Regimen; do mesmo modo que as Artes Estéticas(2) ou Belas Artes, liga-se ao CULTO PÚBLICO.

 

 O CULTO.

                   

             O Culto de umas e outras Religiões ou  Doutrinas , procuram agir sobre os seres , com o objetivo de aperfeiçoá-los . No entanto, as três artes estéticas (2)

 

 (2)É com razão, que se classificam de Belas Artes, por que visam imitar e idealizar tudo que é belo, aperfeiçoando a Natureza Humana. Bem que a princípio um tanto absoluta, tem-se relativado a noção de beleza, de sorte que no momento atual, um objeto é julgado belo, quando existe certa harmonia, entre as partes, que lhe são próprias e o conjunto destas. Entretanto essa apreciação fica incompleta, e sem rigor, não sendo concebida sob o tríplice aspecto; lógico ou matemático; assim como físico e sobretudo moral. Logicamente considerada, consiste aquela harmonia, na necessária e justa proporção, entre a grandeza e a forma; e a posição do todo e das respectivas partes. Ligadas entre si pela máxima concordância , da maneira mais natural , ao meio cósmico em que se acham ; devem elas ainda não estar em desacordo, com as próprias físicas do corpo que a cercam, tais como a luz, a sombra, a cor, o cheiro...som, etc. . ainda que sejam necessárias tais condições , só se tornam bastantes, quando estão de acordo, com os costumes estabelecidos pela vida social, que para o nosso aperfeiçoamento contribuem, convertendo-se enfim na Beleza Moral , ou por esta sendo consagradas. E somente assim se compreenderá  como tem variado  a concepção  do Belo, mesmo através das mais contínuas fases da evolução Humana. Sua exata definição seria impossível, sem o prévio concurso dos sentimentos, imagens e sinais, que inspiram de ordinário as nossas concepções. Enquanto semelhante convergência não  se fizer de um modo normal, não se poderá nem caracterizar a Beleza, nem explicai-la com por rescisão. Mas note-se, que tal concurso, normalmente generalizado a todos nós, há de ser, uma das conseqüências, da unidade religiosa, a que acima aludimos. Pode portanto a religião ao mesmo tempo, consagrar  as modalidades do Belo, assim como, as manifestações do verdadeiro, e as produções dos Bom, em nossa cede planetária. Resumem aquelas na beleza moral, a mais modesta e eficaz, e assim as proclama sob a luz da inteligência; que por sua vez, se embeleza também, com suas lucubrações, a todos serve para sempre, ou pelo menos, se não turva a própria alma, com os maus pensamentos. Entretanto, a religião igualmente olha com fugas prazer a beleza física ou corporia; porém só a vê, quando se ornamenta qualquer uma das duas outras; pois que isolada de uma delas, nos deixaria, ilusões, encobrindo a ignorância de alguém; ou os males inerentes a sua vaidade; pretendendo seduzir-nos. Barthez (*) foi o primeiro, que se aproximou da concepção positiva da Beleza, como prova a sua obra Theorie  du Beau dans la Nature et les Arts . O eminente Dideroit, neste assunto, lhe serviu de precursor eminente, como se vê no seu opúsculo Essais sur la Nature de Beau . No entanto, a distinção entre a Beleza Objetiva e a subjetiva, com os seus verdadeiros caracteres, só foi exposta pelos discípulos de Augusto Comte.

 

      A História dos povos tem demonstrado, que as pequenas agremiações políticas são favoráveis  ao desenvolvimento das Belas Artes. Viram estas se florescendo nas antigas  nacionalidades gregas, e decaindo logo depois  de incorporadas sem autonomia. E em circunstancias análogas , elas renasceram nas republicas italianas, entrando em decadência quando se uniram à estas , já na época moderna. Em tempos idos, foram eficazes as grandes nacionalidades , sob o ponto de vista das atividades teóricas , permitindo observar os fenômenos sociais  e descobrir as Leis  que os regem. Mas o surto de nossa atividade  exige, ao contrário, que os estados federados livremente se constituam com extensão  relativamente pequena, conforme o tipo apresentado pela Holanda(1918 - Final da Primeira Grande Guerra Mundial - )                       

 

visam aqueles que são vivos, e especialmente os humanos. Apesar de nada ser indiferente aos nossos sentimentos; muito diretamente elas, as Religiões, nos afetam, e daí procede serem usadas  como instrumentos preciosos dos seus Cultos.

 

        Por isso, Influenciam muito mais os nossos sentimentos, que as artes técnicas; sobretudo aqueles, que nos dão a sensação do som, da cor e da forma, bem como exprimindo aos sentimentos que estas despertam, mesmo pelos seres mortos.

 

       Dentro da Arte do Belo, Belas Artes ou Arte Estética podemos, encontrar a Arte da Expressão, que é a Poesia, que faz  florescer a retórica, isto é, a eloqüência; seja na prosa, com maior talento de persuasão; seja no verso rimado ou não, exprimindo os nossos pensamentos , com mais beleza, que na linguagem comum, mesmo sob as formas literárias  das gramáticas de cada idioma.     De  sorte que, pela generalidade, a Poesia ocupa o primeiro lugar entre as artes estéticas isto é, as Artes do Belo ou ainda Belas Artes, em cuja escala é a mais abstrata. O Som fornece em seguida a Música, uma arte estética, ou bela  e sentimental , primordialmente altruística, por que tudo na Música exprime através  do mais afetuoso sentido; tendo surgido, devido  primeiramente  pela parte vocal ou canto.     

 

        Quando se considera este privilégio da  Musica, concebe-se desde logo a influencia , que ela exerce sobre o Moral dos Homens, tornando-os insensíveis à certas fadigas. Um tal privilégio tem sido utilizado na ginástica rítmica, isto é,  nas marchas e outros exercícios físicos, aliando-se-lhes já o Canto, já a própria Musica Instrumental.  Estendendo-se mais essa aliança entre o movimento e a sonoridade, também se busca empregar aquele, como artifício estético de interpretação de vários sentimentos e inclinações da “Alma” . É a arte  composta do gesto ligado a dança, tentando interpretar  as comoções que nos desperta a musica, que nos referiremos mais a diante.

 

       Realçando a forma , pintada, esculturada e construída ou arquitetada, vieram após a musica, na escala estética, a pintura, a escultura e a arquitetura de sorte que estas duas artes , são as de todas as menos abstratas, em relação aos seres da natureza morta.

 

       Assim a arquitetura é dentre elas a mais técnica, melhor que as outras , exprime o nosso caráter, embora traduzindo menos os motores afetivos, que o impulsionam.

 

      As artes da forma animada, isto é,  das belas atitudes vivas, e dos nobres gestos ou a do cerimonial mímico e a de dançar, são na escala estética, os dois termos menos abstratos, relativamente aos seres da natureza viva, do mesmo modo que a arte precedente o é, quanto aqueles da natureza morta. Logo que surgiram foram estas duas  artes estéticas,  destinadas ao Culto. Mesmo  a dança supõem-se que tenha nascido nas festas religiosas do fetichismo, e tenha mais se desenvolvido, no culto sob o politeísmo, onde surgiu depois  do canto, para dar o ritmo indispensável  as primeiras melodias  dos elementos vocais, e prepara a sua harmonia  consoante  à da musica instrumental.     

 

    Em suas cerimonias, o politeísmo constituiu a outra arte com todos os sinais  mímicos usados  em nossos dias, para testemunhar  a sociabilidade, tais como simples aceno ou aperto de mão, o cumprimento com a mão, ou por simples inclinação da cabeça; as modalidades de sorriso; o beijo; o abraço ; e , mais tarde a própria genuflexão ou ajoelhar, que passou dos santuários  aos paços reais. Nas cerimonias admitidas pelo politeísmo, não era raro ver-se em seus templos  desaparecer , com o uso do beijo  a pureza que a este  restava de sua origem, na nossa idade mais infantil.

 

    Todas as vezes que a inocente criancinha, se aconchega ao seio  materno, o que de ordinário lhe dá o habito de levar tudo à boca, o que  encontra ao seu alcance, o esboçar espontaneamente. Exprimindo o beijo infantil, entre nós surgiu outrora desse fato, a denominação familiar de boquinha ou buquinha, ou biquinho da contracao do lábios, do nenen ,que surgiu do ato de se alimentar; vulgarmente estendida  a outro beijo qualquer, até mesmo à algum  despertando instinto menos confessável; do que o nutritivo que o originou; e cujo o emprego profanaria, atualmente, a arte do gesto, embora não o fizesse sob o paganismo.                    

 

     Pois assim, a natureza humana, por uma fatalidade biológica, tem motores afetivos tão grosseiros , que devem ser  refreados pelos mais nobres , em virtudes das leis morais , que os podem dirigir  para o bem comum. Pela sua extrema complexidade, estas últimas leis  só puderam ser desvendadas  depois daquelas, que se referem à fenômenos  ou acontecimentos quaisquer , inclusive a evolução social que nos é própria. Tal é o motivo , porque  a instituição  positiva da Moral Teórica , onde um dx dela é a psicologia ; como o mais elevado termo da filosofia primeira – as 15 Leis Naturais, comuns às  7 Ciências (a Matemática, a Astronomia, a Física, a Química, a Biologia, a Sociologia Positiva e a Moral Positiva) ou conhecida também como Fatalidade Suprema; que a evolução do entendimento humano induziu por último, onde tal escala de fatalidades mais genéricas , prevista em nosso mundo, onde são impostas  à todos os seres , com ou sem vida.              

 

 

Vamos conhece-las :

 

Estas quinze leis naturais, ou princípios característicos da Filosofia Primeira, e que é explicado pelo Dogma Positivista, como sendo, dentre as Leis, as mais Universais, com pleno domínio sobre a estrutura e marcha de nosso Encéfalo.

           

Listemos os Enunciados das 15 Leis Naturais Universais

Ou

Leis da Fatalidade Suprema.

 

 

1- Lei da  Relatividade ou Lei das Hipóteses. A . Comte

 

Formar sempre a Hipótese mais Simples, mais Simpática e mais Estética, que possa satisfazer  ao conjunto dos fatos  já conhecidos.

 

            2- Lei da Imutabilidade – A . Comte

 

Conceber como imutáveis  as Leis Quaisquer que regem os Seres, mediante os fenômenos respectivos, abstratamente apreciados.

 

            3- Lei da Modificabilidade - Broussais

 

Todas as modificações  da Ordem  Universal limitam-se  à  intensidade      dos atributos, cujo arranjo permanece  inalterável.

           

4- Lei da Construção Subjetiva – Aristóteles, Leibnitz, Kant

 

Subordinar  as construções  Subjetivas  aos  materiais  Objetivos.

 

5- Leis das Imagens Interiores –  Hume  e A . Comte

 

As  imagens  interiores  são sempre menos vivas  e menos nítidas  do que as impressões exteriores.

 

            6- Lei da Imagem Normal. - A . Comte

 

As  Imagens Normais  devem predominar  sobre as Imagens que a agitação cerebral  faz simultaneamente surgir.

 

7- Lei da Evolução Intelectual ou Lei dos Três Estados Mentais.- A . Comte

 

Cada entendimento  apresenta  a sucessão  dos três estados - Fictício, Abstrato e Positivo - relativamente a  quaisquer concepções, com velocidade proporcional à generalidade dos fenômenos  correspondentes.

 

8- Lei da Evolução Ativa ou Lei dos Três Estados Práticos.- A . Comte

A atividade é primeiro Militar Conquistadora, depois Militar Defensiva e     finalmente Pacífica e Industrial.

           

 

9- Lei da Evolução Afetiva ou Lei dos Três Estados Afetivos. A . Comte

 

A sociabilidade é primeiro Doméstica, depois Cívica,  e Finalmente Universal, de acordo com  a Natureza  de cada  um dos três  instintos Simpáticos ou Altruístas (Apego, Veneração e Bondade).

 

            10 - Lei da Persistência. - Kepler

 

Qualquer estado, estático ou dinâmico, tende a persistir espontaneamente            sem alteração alguma,  resistindo às perturbações exteriores.

 

 

11- Lei da Coexistência ou Lei da  Independência de Movimentos. -Galileu

 

Qualquer sistema conserva a sua  constituição , ativa ou passiva, quando os seus elementos  experimentam  modificações  simultâneas, contanto que  lhe  sejam  exatamente comuns.

 

12 - Lei da Mutabilidade ou Lei da Equivalência  ou ainda Lei da Ação e Reação. – Newton ou de Huyghens

 

Existe sempre  equivalência entre  a reação e a ação, se  a intensidade  de ambas  for medida  de acordo  com a natureza de cada conflito.

 

            13- Lei da Conciliação ou Lei da Conversão – A . Comte

           

Subordinar a teoria do Movimento à Teoria  da existência , concebendo qualquer progresso como o desenvolvimento da ordem correspondente, de cujo arranjo derivam  as alterações  que  constituem a evolução.

           

            14- Lei da Classificação. A . Comte

Qualquer Classificação positiva  deve ser feita  de acordo com a generalidade crescente ou  decrescente, tanto Subjetiva quanto Objetiva.

 

15- Lei do Intermediário ou Lei da Continuidade. A . Comte

 

            Qualquer intermediário deve  subordinar-se  aos  dois extremos,  cuja ligação realiza.

 

Para melhor entendimento e aplicação destas Leis Naturais nas sete ciências básicas , leiam o Livro Manobre Você Mesmo o Seu Destino, de P. A . Lacaz  e H. G. Costa 1996que esclarece detalhadamente com exemplos. www.mtec.com.br/positivismo

 

No entanto, vamos aqui neste trabalho realizado por M. de Almeida  Cavalcanti, dar o Caráter religioso das Leis Morais; e seu predomínio na Filosofia Segunda ( Sete Ciências) e praticamente na Filosofia Terceira ( as respectivas Tecnologias)

 

 

Aristóteles, em suas obras sobre  a Política e a Moral foi quem primeiro tentou  provar  a não existência de discordância  entre as Leis Naturais e a Religião, cujo o Dogma , sobretudo depois dele se inspirou na escolástica * ( *doutrinas teológico filosófico, dominante na Idade Média , do século IX à XVII, caracterizadas  sobretudo, pelo problema da relação entre a Fé e a Razão; problema que se resolve  pela dependência do pensamento filosófico, representado pela filosofia greco-romana, de teologia cristã),já  professada no final da Idade Média, com a doutrina científica  do grande filósofo, moralmente autorizada  por Sto. Augustinho, desde o século IV.

 

São também idéias do filósofo grego, através da inteligência de São Paulo, as que levaram este, à filiar o nascente monoteísmo católico ao judaico, quando fez um surgir do outro. São Paulo, criou o Catolicismo, indo buscar no Deus de Abraão, que Moisés  o consagrou no monoteísmo; e com a Alma teológica, criada por Platão; e a noção subjetiva dos Persas com relação a ressurreição; e finalmente criando o mistério , que Jesus era filho de Deus feito homem, e que se sacrificou pelos pecados  destes na terra, promovendo assim a unidade dos seres, que estavam se destruindo com a queda do Império Romano, que militarmente não conseguia mais aglutinar  as massas ou a opinião pública da época.

 

Sem a seqüência que ocorreu com a civilização romana, não teria entretanto prevalecido o Catolicismo sobre o paganismo, pois somente com a civilização romana  se pode  conceber  a indispensável  separação  entre os poderes Temporal e Espiritual.

 

Alguns séculos depois, foi instituído, sem tais bases, o terceiro monoteísmo, que estava por isso condenado, a ser vencido  pelo rival (catolicismo), não obstante  o extraordinário gênio  revelado por Mahomed , que provocou a grande reforma islâmica, que manteve o caráter teocrático do  monoteísmo judaico, e a união entre os poderes temporais e espirituais.

 

            O Inslâmismo aspirava, tanto como o Catolicismo, à Universalidade Religiosa, e sabemos que  a ação internacional  do Maometismo prolongou  a política de  invasões , ao estilo germânico, que solicitou do Ocidente a união dos povos  para repelir  a dominação oriental.

 

            Mesmo assim mais tarde, a divisão dos poderes entre Temporal e o Espiritual fez preservar, a maior parte do Ocidente, da evasão do protestantismo, que então , embora  necessário à liberdade Espiritual, tendia  a confundi-la, com as funções do Poder Temporal. Estamos falando  do movimento social que ocorreu entre os séculos  XVI e XVII, no entanto, hoje ainda, o caos protestante é pleno, o do catolicismo também peca  esporadicamente , neste ponto.

 

            Estas ocorrências do comportamento Moral, que vinha ocorrendo desde de Aristóteles, por um registro de forma empírica, tomou uma explicação sistemática, quando foi dado a A . Comte, elaborar a síntese dos conhecimentos humanos, com o ascendente da Ciência Moral Teórica, na Filosofia Segunda; devido as descobertas de Joseph Gall e dos estudos de Cabanis no Século XIX.

 

            Mais complexa  e sintética que as restantes, só a Ciência Moral Teórica, delineada por A . Comte, explica integralmente  a necessária união harmônica  dos nossos sentimentos, pensamentos e atos, demonstrando assim  a unidade da “Alma“ humana.

 

            É bom esclarecer neste ponto que, não devemos confundir a Ciência Moral  Positiva, com as normas de costumes, morus, no sentido usual. As normas ou disciplinas , são as aplicações tecnológicas das Ciência Moral.

 

            Dentre as Sete Teorias que compõe a  Ciência Moral Teórica, a primeira percebida e criada por A . Comte , a Teoria Cerebral, onde encontramos as 18 funções cerebrais, sendo : 10 dos sentimentos, 5 da Inteligência e 3 do Caráter. Vide Quadro Sistemático da Alma , elaborado por Augusto Comte, após 13 tentativas de sistematização.

 

            É pela  combinação destas 18 funções  elementares  que se distinguem as afeiçoes compostas  em nossa “Alma” , como a vontade, que se descrimina das outras, como sendo o último estado do desejo, depois que  intervém para esclarece-lo um ou mais  elementos intelectuais.

 

            Mais próprio que o corpo, a nos pôr em  contato relativo com o Mundo Exterior, o Cérebro, ou melhor dizendo , hoje em dia O Encéfalo, recebe deste, e por intermédio daquele, os indispensáveis  alimentos biológicos. Assim, o corpo ou soma, é o pedestal da “Alma”, que em compensação o dirige, modificando-nos a conduta, conforme o exige a situação, com as ações e reações  recíprocas, entre ambos, exercidas por intermédio das células responsáveis por estas operações que são conhecidas como neurônios, isto é, células nervosas, com prolongamentos designados oxônios, cujas as extremidades desenvolve-se   uma formação especial conhecida como receptor. O receptor transforma vários tipos de estímulos  físicos ou químicos em impulsos nervosos ou sensações, que podem então serem transmitidos  ao efetuador ( músculo  ou glândulas).

 

            Nos animais superiores, existe  uma união de  neurônios, de diversos tipos unidos de formas diferentes, para formarem elementos nervosos avançados  e sofisticados,  cujo  grupamento  se forma o Sistema Nervoso Central.

 

            Este sistema nervoso, recebe impulsos nervosos ou sensações, vindos de certos tipos de células nervosas - Neurônios Aferentes, conhecidos também por  neurônios sensitivos - que através do seu Axônio , cujo o terminal  a Sinapse, que está acoplado a um outro neurônio receptor - conhecido como Neurônio Eferente, se for de um músculo- é codificado como, neurônio  motor, se for de um Glândula - promovendo uma contração ou uma  secreção. Estes  Neurônios pertencem  ao Sistema Nervoso Autônomo .

           

            Estes elementos envolvidos formam o que conhecemos por Arco  Reflexo Simples

 

            Cabe aqui deixar registrado  que existe  um tipo de  neurônio, o de  Associação, que  promoveu  nos vertebrados  um grande numero de   Sinapse,  aumentando a complexidade do sistema nervoso  e permitindo  a realização   de padrões  de comportamento  cada vez mais elaborado.

 

Os  Neurônios  Sensitivos  ou Aferentes , cujos corpos estão nos Gânglios  Sensitivos, conduzem para a medula  ou para o tronco encefálico (Sistema  Nervoso Segmentar)  impulsos nervosos ou sensações que tiveram as suas  origens nos receptores, situados na superfície - na pele, ou no interior - vísceras, músculo e tendões do animal.

 

            Os prolongamentos centrais destes neurônios, ligam-se diretamente (reflexo simples)  ou por meio de  neurônios  de associação  aos neurônios motores (somáticos ou viscerais), os que levam   o impulso ou sensações  aos músculos ou as glândulas, formando-se assim, arcos reflexos mono e polissinápticos.

 

Tudo isto, de acordo com a Décima Segunda Lei Natural da Filosofia 

 Primeira - Lei da Mutabilidade ou Lei da Equivalência  ou ainda Lei da Ação e Reação. – Newton ou de Huyghens - , que demonstra que a generalização da Lei de Newton, adquire máxima importância  em biologia. Quando qualquer ação, física ou química, é exercida sobre um organismo vivo, provoca reações mais  numerosas do que sobre um corpo inanimado, e  quanto mais numerosas,  tanto mais complexa é a vida do  Ser . Esta atuação  pode ocasionar duas espécies de  alterações:

 

                        a) a  Alteração da  composição dos tecidos vivos  ou

 

                        b) a  Alteração do funcionamento dos órgãos.

 

Em outras palavras , podemos dizer que a reação pode ser anatômica   ou fisiológica.

 

Em ambos os casos, o conjunto do Ser  reage restabelecendo ou tentando apenas restabelecer,  a integridade do Ser  ou das suas funções.

                       

            Sob a influência da luz solar, as plantas por suas partes verdes decompõem o gás carbônico do ar, assimilando, carbono  e desprendendo oxigênio . Há pois,  de um lado a ação do ar sobre a planta, e  do outro,  da planta sobre o ar . Se medirmos  as duas ações verifica-se que a  quantidade de carbono  com que o ar age sobre a planta, sob a influência da luz (fotosíntese)

corresponde à  do oxigênio  com que a planta reage  sobre o Ar.

 

            Um dos princípios do Pai da Arte da Médica, Hipócrates revela bem a equivalência da ação e reação:

 

            “ Ad extremos morbos,  extrema remedia exquisite optima”.( Para grandes males, grandes  remédios)

 

 

Assim indissoluvelmente , o corpo e o cérebro, presos pela vida , recebem a seu modo, do exterior os “alimentos”  e estimulantes de que para a vida carecem.

 

Estes “alimentos”  são  transmitidos ao cérebro  por intermédio dos nossos  8 sentidos: Tato ( o mais geral) ; e os sete especiais, a visão (o mais sintético); adição ( o mais sentimental); e em seguida  a olfação; a gustação;  a musculação;  a calorição e a eletrição.

 

Voltemos as 18 funcoes do cérebro, e iniciemos  em primeiro lugar, com as funcoes elementares  dos órgãos da Inteligência.

 

            Mas para podermos entender o funcionamento dos Órgãos da Inteligência, necessitamos conceber e compreender a Teoria Positiva da Abstração, que segue no Anexo I ; e pelo Anexo II, encontramos a parte anatômica e estrutural, isto é, o aspecto estático da Abstração; bem como o aspecto fisiológico, isto é, o aspecto dinâmico da Abstração. De posse do conhecimento destes dois anexos, o leitor poderá  melhor compreender o que vamos expor daqui por diante. 

 

            Como vimos no Anexo I, o cérebro ao  recolher do exterior as varias sensações, como imagens, pelos 8 sentidos, por um suficiente exercício  destes órgãos da contemplação  concreta e abstrata, gerando nesta primeira fase, do trabalho mental, as propriedades abstratas dos diversos seres , caracterizando os respectivos fenômenos, tais como a extensão, movimento, peso, calor , som,  luz, eletricidade, etc.

 

            Como vivos,  em seguida, estas propriedades  são mais bem elaboradas, pelos órgãos da Meditação, que as aproximam, já para apanhar , o que em suas relações  há de constante ; com o objetivo de descobrir, como a relação entre umas  se sucede à que existe entre as outras.

 

            Nesta fase, mais eminente do trabalho intelectual, uns órgãos as comparam, para induzir os princípios , ou pontos de partida, de um juízo; e outros  deduzem deste, as conseqüências compatíveis, com a hipótese admitida. Todas as vezes que a meditação induz uma propriedade, afirmando a constância dos fenômenos, no meio da variedade dos que lhe correspondem, revela-nos uma LEI  NATURAL, positivamente  verificável, de uns, por meio de outros, desde que  deduza como ficam aqueles na dependência destes.

 

            Em fim, a última fase do trabalho mental, cabe aos órgãos da Expressão, comunicando ao exterior, os resultados adquiridos com o auxílio do som e  da forma, isto é, por meio de sinais fônicos e mímicos, ambos podendo ser grafados ou escritos.

 

            O estudo das 18 funções, que pertencem à “Alma” , também contemplam os sentimentos e o caráter. Umas são os exercícios das qualidades práticas  elementares  de nossa alma, e as outras a de seus motores afetivos, supostos irredutíveis. Eles contribuem  para a vida , muito mais nos órgãos do egoísmo, ou são predispostos para o serviço pessoal; do que em outros  do altruísmo ou apropriados à liga-la a outrem.

 

              Pelos órgãos altruístas do sentimento, Apego (amor entre iguais); Veneração ( amor aos superiores), e a Bondade ( amor aos inferiores) ; são as funcoes elementares destes últimos, assim classificadas, segunda a sua intensidade decrescente e dignidade crescente.

 

            No entanto, quando apreciamos os órgãos do egoísmo, é mister distinguir os do interesse propriamente dito, pessoal e direto, daqueles que produzem um interesse relativo e indireto, isto é, a ambição.

 

            São  funções elementares desses últimos, o orgulho (necessidade de mando – os executivos - donos de empresa); e a vaidade (necessidade de aprovação).

 

            Tem as suas fontes nos órgãos do interesse, os instintos nutritivo, sexual, materno, construtor e destruidor, sendo estes dois últimos, relativo ao aperfeiçoamento e os três outros  à conservação.

 

            Assim os dez órgãos motores de nossa Alma, somente  três tem  funções altruísticas; os que compõem o nossos sentimentos da sociabilidade, e portanto próprias ao culto, em contraste com os 7 outros , que tem funcoes egoístas, isto é, as que sustentam a personalidade, e que mais interessam ao regimen, isto é, a forma de organização e administração.

 

            Na solução do problema humano, é todavia, absurdo pensar-se em eliminar,  estas últimas – egoístas, em cada indivíduo, porque se ele não as possui-se, não depararia com os estímulos para as outras, nem as condições para regular a vida,    com estas últimas.

 

            Tais são os motivos pelos quais, o Regimen se esforça mais racionalmente em comprimir o egoísmo, bem como, em subordiná-lo ao Altruísmo; e nisto, lhe presta o Culto, inestimável apoio.

 

            E para tal desideratum, isto é, pelo que se deseja, muito  contribuem as funções elementares do caráter, isto é, as nossas qualidades praticas; prudência, coragem e perseverança, assim classificadas segundo sua  energia e dignidade crescentes.

 

            Em conseqüência da constante, necessidade que sentimos de agir, esta três qualidades práticas, exercem sua máxima influencia, nos objetivos da  filosofia pratica ou filosofia terceira ou , ultimamente conhecida de tecnologia; onde os números abstratamente  instituídas pela Matemática,  e as qualidades dos corpos , ou os seus diversos tributos materiais, relacionados pela Física, são objetivamente empregados pela Moral Prática, no regulamento de nossos atos, sistematizando os costumes da vida  social.

 

            Assim, submetendo as regra  elementares, ordinariamente verbais; todas as artes e ofícios práticos; e anotando outras , bem menos simples, sobre a série das artes técnicas , a filosofia prática ou filosofia terceira, ou tecnológica, com aqueles e estas,  tem por objetivo  regularizar por toda  a parte, o trabalho material ou a ação real e útil do Homem, sobre o nosso Gran Fetiche, isto é, a Terra.

 

            Pela exploração da Terra, ela vai catalogando, a cada instante, na mineralogia, na botânica e na Zoologia, assim como na história  cronológica  dos diversos povos, e na geografia dos respectivos, países, mediante da estatística da economia política, de cada um dos estados, da federação que eles enceram ; das riquezas aí contidas ; e o modo pelo qual seus habitantes as conservam.

 

            Estas riquezas, consistem em provisões  e matérias primas  extraídas do solo pela agricultura e mineração; instrumentos para o trabalho fornecidos pela manufatura; instrumento de troca representado pela moeda ou objetos equivalentes, no comércio; senão no banco. Riquezas estas que acumulam  incessantemente os nossos maiores e as legaram como produtivos capitais à sociedade moderna.

 

            Renovar estas riquezas, constantemente, já, que se gastam e consomem pelo uso, ao contrario dos tesouros intelectuais sistematizados pela  filosofia teórica, tal é finalmente o principal objetivo da filosofia pratica, que  assim se ocupa dos materiais indispensáveis à atividade pacífica e industrial , a que mais visa o Regimen definitivo, que  a Humanidade vai alcançando, na sua penosa evolução, principiada  à  cerca, de mais de  40 séculos.

 

A  reorganização da indústria, muito o há de secundar, associando o proletariado ao patronal, por um justo interesse, de sorte que unidos, sejam então, a previdência material de nossa espécie.(3)

 

(3) Muito descurado (Feito pouco caso) tem sido em nossos dias o magno problema, relativo à sorte do operário. Ainda continua este sem as necessárias garantias `a sua conservação, como se fosse apenas acampado, na sociedade moderna. E, como conseqüência deste estado instável, vemos hoje em – 1921 o comunismo bolchevista, tentando subverter a ordem social, a tantos séculos estabelecidas para a comunhão dos povos. E hoje em dia, 1999, por outra técnica procura-se deturpar a evolução da Humanidade, criando-se a Globalização econômica capitalista, que propaga a competição e a eficiência, provocando  a disputa; e com isto, gerando os desempregos, falência em massa; deveríamos primeiramente criarmos a Globalização Fraternal, com base na Educação dos Sentimentos de Veneração e Bondade Científicas; que iriam procurar saídas mais altruístas para  o Regimen.

 

Entretanto, desde  que seja bem dirigida, pode a Educação dos Sentimentos, contribuir para resolver tão grave questão.

 

Entre as classes abastadas de outrora costumava-se  preparar todos os jovens em qualquer ofício pratico.

 

Somente por este modo se habituavam  à lutar  pela vida, o que não deveria ser lutar, e sim, trabalhar harmônicamente, para não conhecer e nem deveria existir,  estas duras contingências, que esta nos impõe.

 

Por outro lado, eram levados à simpática confraternização, com seus companheiros, no trabalho provisório.

 

O uso desta praxe providente, deve ser portanto, retomado na sociedade contemporânea.

 

Somente desta maneira, as atribuições fundamentais do patronal, e a missão intermediária da Classe Média, dominada pela burguesia, se harmoniza, com a maior das potências Temporais, a força numérica do Proletariado.

 

  A estabilidade social, exige um apoio mutuo dessas três classes, cuja gradação corresponde à dos grandes industriais, ou dos banqueiros; e a dos agricultores, na economia política das Nações Civilizadas Socialmente; isto é, com alto grau de Altruísmo.

 

 

            A Humanidade terá na Mulher e no Sacerdote a providencia Moral e a providencia Intelectual, respectivamente, para prosseguir sua  jornada, pois  o “Homem agita, e a Humanidade conduz”. ( A .Comte)

 

 

            Com a preponderância  da Moral Prática ( onde a pedagogia é um dy), na nova organização política, as funcoes de governo, serão confiadas  aos que possuem mais mérito (capacidade, competência, situação e altruísmo), substituindo assim  a aristocracia e mesmo a democracia pela Sociocracia, que há de ter um lugar análogo, ao das primitivas teocracias, mas sem se fazer caso dos direito  divinizados, com os privilégios de nascimento, nem dos que se tornam  anônimos , na pretendida soberania popular. A final libertos das lutas fratricidas, que tanto o tem flagelado, o homem possuirá , mesmo neste Mundo, na doce companhia da Mulher, o Paraíso, que outrora  supôs estar perdido, pôr culpa  do “pecado” cometido pôr Ela, representada teológicamente por EVA; que pelo orgulho dos homens, registraram o seu nascimento, de uma costela de Adão.

 

Coitada da Eva, nem ter uma Mãe, lhe concederam este direto.

 

As luzes da filosofia teórica, e os expedientes da filosofia prática, já nos bastam para achar este  Éden Terrestre. Todos os conhecimentos para tal fim , devem ficar  sujeitos à Moral, pois fora dela, tendem a levar nossa inteligência  ao cepticismo (atitude pelo qual o homem, não pode chegar a qual conhecimento incontestável, quer no domínio das verdades, de ordem geral, quer no domínio do conhecimento) ; nossos sentimentos  à desgraça , e o nosso caráter  à irresolução , impelindo-nos aos pensamentos materialista.

 

É sob o absorvente influxo deste, que  se pretendem  subordinar as especulações superiores, às inferiores.

 

Muito nocivo à moralidade, consiste o materialismo, no fundo em se sujeitar  passivamente o nosso coração (sentimentos) ao espirito (inteligência); qual o fraco, à vontade  de quem se julga  poderoso, mas que somente é forte em aparência.

 

Isto eqüivale , de fato, a contestar-se a supremacia da Moral, como ciência e como arte. Sob o aspecto científico, o materialismo, com efeito, se caracteriza pela grosseira pretensão de submeter os fenômenos  superiores  aos inferiores, e como conseqüência, a mesma tendência avassaladora distingue suas aplicações.

 

Menos prejudicial sob o ponto de vista  abstrato ou algébrico, ele( o materialismo) torna-se cada vez mais perigoso `medida  que se concretiza , desde a geometria e a mecânica, até aos domínios mais elevados , que infelizmente já invadiu.

 

O seu humilde berço em matemática, o materialismo, nem mesmo lhe impediu, o intento de  dar  a esta, a presidência enciclopédica, em deprimento da Moral.

 

Com a regeneração do conjunto das ciências da filosofia positiva,  devido ao gênio de Augusto Comte, tornou-se enfim possível sistematizar, todos os nossos conhecimentos, não só teóricos , mas também na pratica. Regida pelas Leis Mais  universais da filosofia Primeira – ou Leis da Fatalidade Suprema , que ainda ª Comte , completou, a Filosofia Segunda, são as ciências propriamente ditas  ( matemática, astronomia, física, química, biologia, sociologia e moral) e a Filosofia Terceira (As tecnologias correspondente a cada ciência positiva), ficam sendo daquela as úteis e indispensáveis complementos; esta última , apenas empregando as diversas teorias  das duas outras , no difícil domínio pratico. E veja-se que abraçando a parte técnica deste último, tal emprego, não exclui a outra estética; já que notamos os sete graus de hierarquia  das ciências, indicando por seu número o de Belas artes , isto é,  as que só com a Moral cumpre-se praticarem-se , por ser esta da série o termo mais notável, mais ilustre, mais egrégio.

 

As múltiplas combinações dos elementos abstratos, que compõem  a filosofia  segunda ( as 7 ciências positivas) , quando aplicada de maneira relativa, também encontra a filosofia terceira (tecnologia) uma classificação  das respectivas Artes  e ofícios práticos.

 

Do que precede, se depreende  que os domínios essenciais, do Bom, do Belo  e do Verdadeiro,  foram em geral, integralmente concebidos nesta síntese; a única real e ao mesmo tempo  subjetiva.

 

O estudo sintético da ordem universal, adquire deste modo, a solidariedade e a continuidade, que nos são necessárias, por sua vez, no sentimento e na inteligência, contanto que este aprecie  gradualmente, desde as Leis Naturais mais elevadas da Moral, até as mais simples , no entanto fundamentais da Lógica ou Matemática.

 

Em vista disto, examinemos, como se constitui aquele termo inicial da série  enciclopédica,  e até que ponto , a ciência final – A Moral, ajuda , formando a base  da Educação Teórica e Técnica.

 

Menos complexa que as outras ciências, a Lógica ou Matemática, aprecia abstratamente  a existência universal, supondo-a reduzida aos mais simples atributos. O número ou a pluralidade, a extensão, e o movimento, são esses três aspectos irredutíveis.. O seu primeiro domínio, sob o nome de calculo, estuda as Leis dos Números; e os dois outros que se denominam geometria e mecânica, apreciam respectivamente  as Leis da Extensão e do Movimento.

 

Tendo o calculo dos valores das grandezas geométricas exigido estabelecimento prévio de suas relações, isto obrigou a se abstrair deles, no cálculo algébrico, que ao lado daquele, dos valores forma o campo do calculo elementar. Reagindo sobre os cálculo das relações ou algébrico, a geometria antiga ou especial fez constituir-se a geometria moderna ou geral; que por isso se  qualificou de algébrica. A geometria algébrica elementar, reagindo por sua vez  sobre o cálculo das relações diretas, generalizou as relações  algébricas , estabelecendo-as  indiretamente , pela comparação das diferenças , entre cada todo e suas partes  infinitamente pequenas, quando assim se instituiu o calculo transcendente, para servir de base a geometria superior que lhe corresponde, tanto no domínio diferencial, como no outro inverso ou integral.

 

   Desta forma  surgiu, sucessivamente  o calculo dos valores u aritmética, o calculo das relações ou algébrico, a geometria preliminar , a geometria  algébrica elementar, a geometria  diferencial , a geometria integral, e por por último, a mecânica, que empregou também o calculo  transcendente, no mais alto grau, assimilando os movimentos variados aos uniformes e infinitesimais, nas questões  mais simples .

 

Iniciando a série científica, com a medida indireta das grandezas, estes sete ramos  da Lógica  ou Matemática, a saber  pelo seu numero; o numero de termos da mesma série. Dão-nos , à conhecer do mesmo modo, o numero de processos lógicos que o método matemático, e o das ciências superiores, nos fazem utilizar nesses estudos, para reduzir hipóteses sucessivamente mais complicadas , outras mais simples, até aquelas, onde se elevam as mais  difíceis na Síntese  Moral.

 

A ciência suprema ou arte Excelsa da Educação, como tem dupla Base ( em relação a Doutrina e quanto ao Método) em matemática ou lógica, que esta primeiramente inspira e imprime as concepções resultantes de nossos sentimentos, da ordem verdadeiramente imutável e fatal, no caso em que as suas Leis Naturais, se aplicando a todas as séries, logo se impõe, aos que alem disso vivem, como sendo as mais simples.

 

A medida que se complicam progressivamente  através eterna constância  dos acontecimentos; mais ainda nos ditam dignamente estas Leis Naturais, nesses estudos; desde a matemática até a Moral, onde eles tem o mesmo alcance concreto; porque assim conhecidas, definem bem o Destino, e até mesmo, com as que nos são desconhecidas , constitui no seu conjunto, a Ordem Universal; já que umas e outras  à tudo dominam.

 

Na infinita extensão do Gran Meio ( Ciência do Espaço), todos os Sóis , com os seus planetas ; no nosso, e provavelmente em muitos outros, as afinidades entre as existências da natureza  morta e da natureza viva; nos astros inabitados, os períodos de tempo , dos seus movimentos , em redor dos centros , para os quais gravitam; no limitado estado da Terra , as condições de existência  e desenvolvimento  da Sociedade, cuja evolução  tende  também para o nosso contínuo aperfeiçoamento.

 

Quando tais Leis eram de todo ignoradas, determinando  por seus  efeitos  inesperados, aquilo que chamamos de acaso, a Educação Individual, unicamente prática, se tornou sobretudo, física ou corpórea, afim de garantir aos homens , a resistência e o poder indispensável, as lutas contra as agruras, ou obstáculos, que então mais do que hoje, lhes opunha o nosso Mundo, cada vez mais benévolo, para os que lhe sucederam nos labores , tendente à bem conhece-lo com Previdência , com cautela.

 

Uma tal situação persistiu por durante muitos séculos, e só foi melhorar, durante a evolução grega; com as primeiras descobertas cientificas, por Thales de Mileto e Pitágoras. Foi neste momento que a cultura estética, que espontaneamente precedera  a das ciências, idealizou , baseada nesta,  as maravilhosas obras , cujo rigor de imitação as tornou clássicas; e as duas deram para sempre à  Grécia  Antiga, honra de haver sido, ao mesmo tempo, o glorioso berço das Belas Artes e da Filosofia.

 

    Logo que a sua tão brilhante civilização, tendia se eclipsar, isto é, se apagar, a conquista romana amparou-a, e de tal sorte , que a pesar da invasão dos bárbaros , não haviam desaparecidos do Ocidente , os princípios fundamentais, e os ensinamentos instituídos , quando os Árabes  ocuparam a Espanha; donde os transportaram ao Oriente, para de lá só voltarem depois de cultivados , num ambiente mais propício.

 

Lutando os Ocidentais contra as  hordas barbaras, isto é, bandos de indisciplinados,  alguns séculos antes da invasão dos sarracenos , foi por estas instituições  que,  sob a influencia  do catolicismo, eles conseguiram, vencidos , civilizar os vencedores , adoçando-lhes  os costumes, até mesmo atingirem a emancipação feminina, sob a tutela do feudalismo, na Idade Média.

 

A expansão das liberdades políticas nos séculos posteriores, principalmente a partir d e 1789, sobretudo depois dos conhecimentos científicos , adquiridos nos 4 últimos séculos, e da descoberta do restante do nosso planeta, no interior a este, e as conquistas planetárias, permitiu-se que se propagasse por toda parte, esses resultados da evolução da Grécia da Antiga e da Civilização de Roma, também pagã, e de origem católica feudal, que enfim, até o vai se criando gradativamente o Dogma Positivo, para servirá  de base, ao Regimen Normal, que o futuro nos promete Industrialmente  verdadeiro e de fato Pacífico.                                                  

            Quando ainda este dogmatismo, não se havia constituído, a infância de nossa espécie, o praticamente supriu pelo empirismo, que com este, assegurou aos Homens a supremacia sobre os outros , repelindo os animais perniciosos e ferozes, e domesticando os mais úteis, sob o impulso do fetichismo; ao começo espontaneamente concreto, e depois  quando astrolático, um tanto abstrato.

 

            Uma tal época foi sucedida pela do politeísmo, que imaginando submeter aos seus múltiplos deuses, as diversas categorias de fenômenos abstraídos dos seres, iniciou por este modo, com o método analítico, a instrução científica dos nossos antepassados, exercitando-os na lógica das imagens.

 

            Em seguida, vem o monoteísmo, concentrando todas as divindades num único Deus,  se incumbindo ainda de simplificar, logicamente, nossa atividade teórica, reduzindo as imagens à simples sinais, chegando mesmo, sob o da  Cruz, a conhecer no Ocidente a unificação dos conhecimentos humanos , que assim ficaram sob a égide da religião, embora esta tentativa, em grande parte  se malograsse, por não estar constituída ainda toda  a Série Científica.

 

            Foi o Positivismo, oriundo da cultura científica dos gregos, prosseguida pela escola  dos enciclopedistas( a de Hume, a de d’Alembert, Diderot, Condorcet....Fontinelle) e finalmente foi sistematizada por Augusto Comte, que teve o mérito de achar-lhe os  dois últimos termos; fundando a Dinâmica Sociológica e instituindo a Moral  Positiva, como sendo o mais eminente de todos  termos. Induzindo espontaneamente  em matemática para aprender a deduzir com tal estudo; induzindo sistematicamente na Astronomia, na Física  e na Química, afim de se habilitar às induções transcendentes, que  a comparação biológica  e a filiação sociológica, por sua vez ai desdobram; a inteligência humana ou espirito humano, teve enfim condições de se elevar da análise objetiva à  síntese subjetiva, construindo cientificamente a Moral; que assim transcendente se deduz; mais por inspiração lógica dos sentimentos, do que pelas suas outras, que a esta servem de base, com as imagens  e os sinais respectivos.

 

             Observando o alvo, de todas  as outras ciências, veio a Moral ou Ciência da Humanidade = Biologia, Sociologia e a Moral propriamente dita;  presidi-las , bem como as artes técnicas – tecnologias- melhor esclarecem as atividades práticas; e harmoniza as artes estéticas, de modo a  dignamente solenizarem, os mais profundos sentimentos da “Alma” Humana, no seu culto coletivo ao Gran Ser, isto é, a  Família, a Pátria e a Humanidade.

 

 Assim, quando em seu conjunto professadas, a Lógica ou a Ciência do Espaço =  Matemática e a Física ( Natureza) ou Ciência da Terra = Astronomia, Física Propriamente dita e a Química ; concorrem as duas para esse Culto, que a Ciência da Humanidade, em fim consagra, aos nossos maiores. Esta, a Moral ou Ciência da Humanidade, rege ao mesmo tempo, às aplicações das duas outras, pelo que também, surgi por excelência,  como  Arte; a que se chamou-se de  Psicologia. Estamos aqui  abordando a Moral Teórica Positiva, composta de sete teoremas, cujas as bases são fundadas nas observações do comportamento humano, em uma série histórica.

 

A Moral ou Ciência da Humanidade, com efeito , praticamente  tem por objetivo, unificar  os três elementos da “Alma “ individual , tendo em vista presidir no mesmo Templo, o culto coletivo, que por intermédio da Família, pode em todas as Pátrias, consagrar  os pensamentos e atos de seus meritórios ou prestimosos filhos em prol da Humanidade.

 

            Assim, ao se subordinar  o egoísmo ao Altruísmo, a análise à Síntese, e o progresso à Ordem, resumindo os três enunciados; moral, teórico e prático, que geralmente exprimem esta UNIDADE ( Doutrina); verifica-se imediatamente que nela  se inclui, como corolário, isto é, que dela se deduz e se demonstra, o Problema da EDUCAÇÃO.

 

            A EDUCAÇÃO, indispensável à cada um de nós; e ao mesmo tempo  Ela estando, com a solução Moral,  se destaca, das outras duas, vindo à presidir estas outras duas: a intelectual e a prática; e impõe, à todos nós, as três, seguintes condições gerais:

 

 

1)     Buscar  na Pureza dos Sentimentos, isto é, na compressão dos sete sentimentos egoístas, o princípio regulador  dos nossos  constantes esforços, não somente materiais como mentais, afim de tornar  os atos humanos, com resultantes mais altruístas; e por conseguinte, contínuos e solidários; subordinar a personalidade à Sociabilidade.

 

2)     Jamais tomar-se outras bases para estes, a não ser os nossos relativos conhecimentos, sobre a ordem universal;

 

3)     Em todas as circunstancias, devemos aceitar  resignadamente, o que esta Ordem nos Impõe, como imutável e fatal, porém, aproveitando-a, naquilo  que oferece de favorável à intervenção  de nossa atividade. Dogma Positivo – As 15 Leis Universais, comuns às 7 ciências  básicas com as suas respetivas Leis Naturais e suas correspondes tecnologias.

 

 

Assim sendo , concluímos já antecipadamente, que  a questão é Doutrinária, isto é, é Religiosa, quando se pensa em resolver por este  modo científico, a questão do Ensino Educativo ( não é do Ensino Instrutivo).

 

Todas as soluções, já se evidenciaram pela Doutrina Positivista, que possui Culto, Dogma e Regimen , porque esta  Doutrina ou Religião Universal ou Positivista, inspirada pelo Bem Comum, considera que vivemos por e para outrem; que é o mais belo objetivo da Moralidade; em todos os tempos consagrados pelo Culto aos Mortos – Veneração Subjetiva, que nos deixa subjetivamente viver em outrem, de acordo com o privilégio característico da espécie humana ;

 

                          Vulgariza os conhecimentos da Ordem Universal, por intermédio do Dogma Científico;

 

                          Aceita o que desta Ordem nos coloca como imutável e fatal, no entanto se empenha em melhorá-la  pelo Regimen, onde aconselha agirmos, adotando por princípio, os sentimentos puros, para que as sínteses dos pensamentos humanos, nos oriente, na direção Altruísta, das três qualidades pratica – caráter, prudência e a perseverança.

 

Ainda pode ser Utópico, mas jamais será quimérico, é questão de tempo.

 

Eis, por que as Disciplinas e Normas apropriadas à EDUCACAO Científica ou Positiva, dos nossos Sentimentos e do Nosso Caráter, só podem ser instituídas no Seio da Família. (4)

 

            É com efeito, que na Família, não temos dúvida, é onde se manifestam os primeiros embriões , das puras e ternos sentimentos; a principio com o apego – amor entre iguais – irmãos – no mais alto grau ; em seguida com a Veneração, amor ao superior – aos avós, aos pais, aos parentes mais próximos, e depois  com a Bondade, amor ao inferior  - as crianças.

 

            Ninguém tem dúvida, ao ter nascido  em uma Família bem estruturada Moralmente, é a melhor época da vida, hoje em dia, quando estamos de baixo da   guarda Moral de nossa Mãe.

 

            Hoje em dia, ainda se acha nos pais, principalmente nas Mães, a origem destes sentimentos generosos.

 

            E somente à eles, incumbe encaminhar-nos na Educação Moral positiva, sem o que , não podem ser bem sucedidos , no seu apostolado, aqueles que se encumbem , da nossa instrução teórica e nem os seus auxiliares  étnicos na Prática ( ás 7 ciências e as suas respectivas tecnologias).

 

            Creche, não tem Amor da Mãe ; é Negócio !

 

            Recebemos, do Lar Doméstico, os primeiros graus da Sociabilidade, verdadeiramente fundamentais; pois são os que mais influem , sobre toda a nossa existência.

 

            Nenhuma outra autoridade pode portanto, substituir a paterna, durante o inicio da Educação de cada Indivíduo; no entanto hoje em dia, temos que começar a educar os Pais, principalmente as Mães, na Educação Positiva, para uma melhoria do Bem Estar Social, que conflita violentamente com a linha filosófica do capitalismo Industrial democrático, que subordina a sociabilidade à personalidade, o altruísmo subordinado ao egoísmo; gerando o caos e a retrogradação. Desta forma caminhado para um estado de entropia social zero, onde , os ditos grandes potências, sofrerão uma implosão, criando um buraco social negro, arrastando os demais povos, não contaminados por este desenvolvimento turbo-capitalista, se auto destruindo, se não modificarem o seu modo de sentir, pensar e agir. 

 

            Por isso que internação, e semi internatos – tipo creche de criança, pelo menos antes da  adolescência, pode acarretar graves conseqüências ; que poderiam ser evitadas em nome dos princípios normativos da Razão (inteligência) e da Moral (sentimentos e caráter)

 

            Mas não esqueçamos, que a Razão sem a Moral ,não poderia autoriza-los , pois aquela sem esta, não sabe guiar-nos na Educação Prática – Nas atividades tecnológicas.

 

            Entre os três aspectos da Natureza Humana – “Alma”- Sentimentos/ Inteligência/ Caráter ; só há no Intelectual  a missão de ministrar aos outros dois, a harmonia das suas funcoes.

 

            A Inteligência (Espirito), tem no Sentimento (Coração) , um simples Ministro, isto é, um simples Conselheiro, no entanto não deve à ela  se escravizar; mas na verdade que está influenciando a inteligência nesta hora, são os sentimentos egoístas. Gerando raciocínios egoísta.

 

            Este artigo foi escrito, em Paris, por M. de Almeida Cavalcanti em 11 de Novembro de 1918 – 7 de Frederico 128 . Logo ao final da Primeira Grande Guerra; onde o autor alega que é tão grave , a infração deste conceito Moral, que foi julgado , um dos fatores  da fratricida luta , que tantos milhões de vidas tem ceifado, naqueles dias.  Mal sabia ele , que poucos anos depois em 1939 à 1945, outra  Grande Guerra Mundial, veio tomar ao palco de nosso mundo, onde milhões de vidas a mais foram destruídas. Registra o autor, que em 1918, ao se assinar o armistício, quando terminou a mais terrível das guerras, ele faz um apelo , para que se procure fazer uma Educação Moral, e que esta se torne efetiva por toda parte, e assegure aos homens , para sempre a Paz Universal.

 

PARIS, 11 de Novembro de 1918 – M. de Almeida Cavalcanti

 

É evidente que não foi escutado, mais uma vez , o egoísmo prevaleceu sobre o altruísmo, no entanto passamos, pela Segunda Guerra Mundial, pela Guerra Fria, e hoje pela Guerra Econômica da Globalização; e não aprendemos ainda , que o caminho é outro, para a sobresistência da espécie Homo sapiens, que os economistas e os psicólogos de hoje, querem nos levar para Homo economicus, e se por acaso não, tomarmos medidas de Educação adequada, iremos parar  em Animalis homo, em vez de Homo Altruisticus; com toda esta evolução tecnológica e cientifica que estamos deslumbrando. 

 

Mas hoje em dia com a INTERNET, o Positivismo, tem uma chance, de colocar os seus pontos de vista científicos, para o Bem da Humanidade; é o que estou fazendo neste momento, com base na Fé, pelos  dogmas científicos; com a Esperança, pelo raciocinar Cientifico, pelo Amor à Outrem, e pelo Culto,   .

 

           

 (4)Qualquer medida, que à este respeito, for adotada em nossa época –1918, o mesmo se aplica também agora - 1999, será forçada e prematura, porque a harmonia humana, só  resultará, em uma Unidade definitiva, na sua grande maioria, quando ocorrer uma única Unidade Global de Doutrinação, isto é, Religiosa, com a predominância do Altruísmo.

 

     Impõem-se neste momento, em 1918, e continua sendo necessário ser imposto - 1999, uma solução qualquer que seja, para minimizar os conflitos gerados pelos sentimentos egoístas dos Homens, principalmente dos homens, pois muito poucas Mulheres ainda não aprenderam as coisas erradas do comportamento dos homens. Na aquela época, em 1918, mesmo provisória,   dizia , Cavalcanti, nos parece que em geral, seria suficiente as seguintes  condições:

 

     Isto tudo, proposto aqui,  ocorreu antes do Tratado de Versalhes – 28 de junho de 1919, e da criação da Liga das Nações – 10 de janeiro de 1920.

 

1)      As três grandes subdivisões do Planeta Humano, se fariam representar  num Congresso Internacional pelas 5 nações , mais cultas  e tão fortes , que podem por em pratica, as suas decisões: agora , a Europa, pela França, a Ásia pelo Japão, e a América pelos Estados Unidos, assim como a África pela Itália, e as Ilhas Ociânicas pela Gran Bretanha, uma vez que estas duas partes da Terra, ainda não possuem estado algum assas poderoso, para torna efetivas as resoluções de seus órgãos, dos demais núcleos das futuras  sociocracias, que por certo crescerão em numero, perante a legítima necessidade pratica, de se subdividirem as nacionalidades muito vastas.

 

2)      Feita assim esta aliança política, a Sociedade das Nações, seria possível resolver pacificamente todas as questões, que viessem perturbar a Ordem Social.

 

3)      A fim de que ocorre-se o vinculo das fusões das Religiões, Ocidentais e Orientais, seria proposto, que esta Sociedade das Nações fosse instalada em Constantinopla, considerada cidade livre, para mais tarde  servir de sede, entre o Oriente e o Ocidente, com vista, de lá ser  emanado a Chefia do Poder Espiritual do MundoUma Corte Internacional de Justiça Moral.

 

4)      Logo que funcionasse o seu Tribunal – da Corte Internacional de Justiça Moral, , para que respeitassem as sentenças que ela decretasse, ela teria uma Esquadra Internacional, cujos materiais seriam fornecidos pelas 5 nações dirigentes, e o pessoal, por todas as outras, -{ Algo semelhante poderia ser realizado pela ONU de hoje, 1999} - em proporção a totalidade dos habitantes de cada País.

 

5)      Havendo determinado o espaço à causa geral, os mais distintos tripulantes da frota, permaneceriam durante um ano no estrangeiro, só à  expensas das respectivas pátrias, o que promoveria a vantagem  de premiá-los, aproximando assim, os proletários de todas estas Nações.

 

6)      Estas Nações aliadas sem nenhuma restrição, os seus Poderes Temporais ditariam a PAZ, até quando o Poder espiritual, comum a todas, houvesse preparado  a espontânea aceitação dos princípios Altruístas. Vide Conselho Moral da OUN – Proposto por - P. A . Lacaz

 

7)      As Nações habituando-se a ficar de acordo, em todos os litígios, reduziriam pouca a pouco  suas forças militares; os vasos ou naves indispensáveis à guarda aduaneira das costas; e a as terrestres, para os pontos de fronteiras e o policiamento interior.

 

8)      As forças militares, para serviços internos, de cada um dos Estados, seriam no máximo, 1% (um %), da totalidade dos seus homens válidos.

 

 

FIM

 

Bananal - SP - Brasil

 

 - Bichat de 210 / Dezembro de 1999 -

 

P.A . Lacaz / Positivista

 

 

PS. Os Positivistas sempre propuseram, Sugestões Científicas, Pacíficas, Industriais e Altruísticas, para resolver os problemas, aqui no Planeta Terra, visando o Bem Estar Social e não o bem estar pessoal, que impera hoje em dia.

 

 

 

 

 

 

 

ANEXO I

 

Teoria  Positiva  da   ABSTRAÇÃO

 

ABS =  Para Fora   ( Prefixo )                                                                                          TRAHO, axi, actum, ere = Puxar , Arrastar, Sacar com força. (Verbo Latino )

 

I) INTRODUÇÃO :O oooo

 

      1) Considerações  gerais Sobre  o Aspecto Relativo e subjetivo das Noções positivas

 

            Ao estudar-se a Teoria Positiva da Abstração, uma idéia fundamental precisa estar

sempre presente ao leitor, pois sem ela, o conteúdo destas páginas não será tão bem

assimilado.

 

Esta idéia fundamental, é a da  plena relatividade  e  subjetividade que  o Positivismo        estabelece para  expressões tais como: objeto, corpo , coisa, ser, entidade, elemento, substância, estrutura, fenômeno, acontecimento, processo, evento, fato, propriedade, atributo, componente, essência, peculiaridade, característica, idiossincrasia , etc.

               

Mas o  que quer dizer exatamente a  plena relatividade e subjetividade  destas

 expressões ?

 

                Em primeiro lugar queremos dizer  que  consideramos cada uma destas diversas

 expressões, acima relacionadas, como plenamente conversíveis ; ou  seja,  podemos tanto

 considerar um Ser  como um conjunto de fenômenos, quanto considerar vários fenômenos

 como representando as manifestações de um dado Ser .

 

                Em segundo lugar , queremos dizer que  a escolha de uma ou de outra  destas duas

formas de considerar a realidade, varia em relação  a cada questão que temos em vista

solucionar, com os mesmos dados que dispomos.

 

                Enfim, queremos dizer que  a incidência específica de cada escolha particular, em

detrimento da outra alternativa, provém do aspecto humano, que entra em jogo na resolução

positiva do problema, onde estas expressões figurarem.

 

                Tomemos um exemplo: Nós  Somos  Seres   diferentes e separados  do Planeta Terra?

 

                Respondendo, diremos: se levarmos em conta  que podemos nos mover livremente em Sua superfície;  se,  para a natureza do  nosso problema específico, torna-se relevante a circunstância da nossa evolução pessoal poder dar-se  com certa independência, das  transformações que se passam em pontos longínquos do Planeta;  se considerarmos ainda  o fato do homem poder sobrevoar em Sua camada gasosa e de inclusive, já ter  visitado outro astro; então, para esta questão, podemos postular que os  homens sejam  Seres diferentes e separados do Planeta Terra.

 

                Mas tal perspectiva, não é positivamente desejável para a totalidade dos problemas que a vida nos apresenta.  Com efeito, existem questões cuja  solução positiva é encontrável com mais facilidade ( ou mesmo só pode ser encontrada), se adotarmos  a idéia de que o homem  é uno com  seu Planeta;  e que os destinos humanos estão indissoluvelmente ligados aos destinos do Globo.

                Aliás, diga-se de passagem, a própria palavra Humano, veio, em última analise, representar esta forma de considerar a  realidade, citada no parágrafo anterior; visto como HUMUS, não é outra coisa senão TERRA.

               

                Para não falarmos das duas bombas atômicas ; se um outro astro, por exemplo, estiver na rota de colisão com   nosso Planeta, de nada adiantará considerar-se  que o homem pode  saltar ou voar. Ele será  atingido,  em virtude do planeta ter sido atingido.

                Compreenda bem :  não se trata de uma destas perspectivas ser, em si mesma,  mais  ou ser menos verdadeira; nem retratar mais ou retratar menos fielmente a realidade exterior que a outra; apenas cada qual está  mais  especialmente adaptada a esta ou `aquela questão, segundo as nossas exigências subjetivas de  análise ou de  síntese*. Mas as duas são igualmente verdadeiras ao seu modo, e desde que não  consideremos  mais a pretendida forma  com que cada uma  poderia descrever melhor, e de modo absoluto a  realidade.

               

                A única diferença que nos cabe licitamente considerar, é a do grau de eficiência com que o problema proposto pode ser resolvido positivamente com o uso  de uma ou de outra  destas  duas perspectivas; como  nossa subjetividade  precisa optar por uma das duas ; uma será considerada preferencialmente para todos os fins, Afetivos, Intelectuais e Práticos, da Humanidade,   mais desejável que a outra, em relação `aquela questão particular;  eis como o Positivismo estabelece a posição geral de uma questão qualquer.

 

                Muitos outros exemplos análogos poderiam ainda ilustrar o que entendemos como  a plena relatividade e subjetividade dos conceitos enumerados  no primeiro parágrafo deste texto, mas o caso que oferecemos, bem meditado,  conduzirá facilmente a reconhecer a plena conversibilidade  de todos  estes conceitos.

 

                Um aspeto desta plena conversibilidade dos conceitos acima enumerados, é a  substituição  da mentalidade de Causa-e-Efeito pela mentalidade relacional, no que concerne à  Ciência propriamente dita. Tudo quanto a inteligência pode obter  como resultado de suas  operações interiores  é a  constatação repetida de  relações  de sucessão  e de semelhança cuja consideração de que são constantes,  nos levam à formulação abstrata das Leis Naturais que, por sua vez,   correspondem  a uma descrição generalizada dos diversos modos  de manifestação do  Mundo e do Homem.

               

        Em outras  palavras o que a Inteligência obtém por mais que haja, é sempre o “COMO ?”  e nunca  o  pretendido “POR  QUE ?” dos acontecimentos. Tal modificação na  forma  geral de  compreender o Mundo e o Homem é normalmente lenta, e    é obtida convenientemente, por intermédio de associações progressivas com as idéias que mais fácil e espontaneamente o indivíduo já conseguiu  positivar, ao menos no que concerne ao seu relativismo fundamental.

               

Exemplo :  Não cabe perguntar  por que um corpo cai; constatamos que ele cai; e a  verificação repetida  deste fato, dá-nos uma segurança íntima  tal, que nos sentimos confiantes  ao afirmar que  no futuro os  corpos continuarão  apresentando  esta  mesma característica. Desde os mais arrojados e inéditos empreendimentos  até aos mais simples e cotidianos  dos nosso atos, repousam sempre sobre a crença na  existência  de uma fixidez elementar dos acontecimentos. Esta fixidez é o que no Positivismo se chama o Fatalidade Suprema acrescido das Sete Ciências Básicas ou Destino.

       

                Nós não devemos afirmar que os corpos caem  por causa da gravidade; por causa da lei da gravidade; ou  por causa da força da  gravidade: as idéias de gravidade, de lei da gravidade e de força da gravidade,  consistem na descrição generalizada da própria queda dos corpos.  Dizer que  um corpo cai  por causa da força da gravidade etc, é a mesma coisa que dizer que um corpo cai por causa de que  cai; isto não chega a estar “errado,” pelo menos não  no sentido usual  em que se considera que algo seja  logicamente contraditório; tais afirmações apenas  não acrescentam nada à  inteligência  sobre o comportamento dos corpos em questão: não é a queda  que faz o corpo cair. O corpo não cai porque tem peso ou massa, não é o peso ou massa que fazem os corpos caírem. É devido às observações seguidas  dos corpos em queda, que nós formulamos subjetivamente  as idéias de Lei da gravidade, Força da Gravidade, Energia Cinética, Massa , Peso etc,; se forem usados para descrever o Mundo, são conceitos positivos, mas tornam-se metafísicos se forem usados para explicar por que o Mundo manifesta  tais atributos.

 

                A ilusão do espírito metafísico reside, pelo contrário, na suposição  de que estaríamos  conhecendo algo de novo, ao recebermos a “informação”   de que  “o corpo cai por causa da força da gravidade”.

 

                Os conceitos sobre o Mundo  e sobre o Homem , não são metafísicos  em si mesmos ; é o nosso modo de raciocinar sobre eles que os  poderá tornar  não só  metafísicos, como  teológicos  ou positivos. Um único e mesmo dado  novo, que fosse simultaneamente apresentado  a três indivíduos,  cada um dos quais  raciocinando segundo  um destes  três modos  de compreensão do Mundo e do Homem, seria convertido, por um,  numa  concepção teológica;  por outro,  numa concepção metafísica, e pelo terceiro , numa  concepção positiva; em outras palavras,  o primeiro explicaria tal fato como o efeito  da vontade  Divina isto é, de  Deus;  o segundo , consideraria  este mesmo fato, como um efeito  de forças , fluidos, energias etc; enfim, o terceiro consideraria somente o fato e apenas o fato;  num  esforço  único de  conhecer a Lei Natural  que lhe é peculiar, e , onde  tal fato poderia ser melhor enquadrado na Escala Enciclopédica( Matemática, Astronomia, Física, Química, Biologia, Sociologia Positiva e a Moral Positiva) .

 

                O  Positivismo não se propõe a explicar os fatos : sabemos que  o que a inteligência faz, e as conclusões  a que ela chega  são apenas  o elaborado  reflexo subjetivo  destes mesmos fatos;  dizer que as concepções  que formulamos  sobre os fatos, serviriam para os explicar,  é  mais ou menos, como dizer que a imagem que o espelho reflete serviria para explicar o fenômeno que  a sua superfície reflete.

 

                Não se trata,  como  muitos mal-curados metafísicos ( Stuart Mill, Littré, Wirouboff, etc ) disseram :  que esta causa, ou esta essência  tenham sido por  Augusto Comte descartadas  de suas   considerações   filosóficas  por estarem além da nossa compreensão e acima de nossas forças; raciocinar assim  seria ainda raciocinar em termos  de causa , efeito e essência.

 

                A questão não é que nós não saibamos, propriamente  o que as coisas são , e quais são as suas causas; trata-se a possibilidade  de um modo de raciocinar no qual  simplesmente  não se precisa servir  de tais conceitos, senão  de um modo  que lhe é  todo peculiar,  e com um  outro objetivo , que não é o de explicar o Mundo e o Homem.  A sensação que se obtém  ao nos libertarmos  da metafísica  e entrarmos  em  plena posse  do estado Positivo não  é a sensação de  ignorância ,  como  se  tivéssemos que renunciar a um  conhecimento  novo , porém inacessível ; o que percebemos é que  no modo de raciocinar absoluto, quer  teológico quer metafísico, as questões apresentadas  em termos  de causa, efeito e essência não nos acrescentam nada  à nossa inteligência  em matéria de novos conhecimentos, sobre o Mundo ou sobre o Homem.

 

                É com esta percepção que se pode abandonar verdadeiramente a metafísica, e não, continuando a raciocinar  em termos de causa, efeito e essência,  apenas  suspirando de resignação  por se imaginar  que  um  suposto conhecimento  estaria  eternamente  além do nosso alcance.

 

                Não se pode compreender bem  este arrazoado  senão  na medida  em que nós já o  houvermos  vivido em um mínimo grau;   e todos nós  já passamos  por esta experiência ,  pela simples razão de que  antes de  termos recebido  a metafísica, e a  teologia dos adultos, nós  já raciocinávamos  sobre o mundo e sobre o homem, segundo uma perspectiva que é,  no fundo,  a mais próxima do  estado final do entendimento.

 

                Assim, é de grande auxílio em nosso trabalho  contínuo e progressivo  de positivação, evocarmos  as  recordações  desta época de nossas vidas ,  onde  inauguramos  nossas primeiras tentativas  de compreensão da realidade,  tentativas estas aliás,  realizadas  de um modo  incomparável  com qualquer outra fase de nossa evolução  individual.

 

                Não há dúvida  de que estas evocações da infância  não devem absorver o conjunto  da nossa atividade prática:  a Filosofia Positiva nos convida  a viver para outrém, não  para  ontem. Tais exercícios só devem fazer parte de nossa vida  na qualidade de um meio com o qual  nós nos haveremos de aperfeiçoar  mais e mais; e não podemos esquecer  nunca que  o grau de aperfeiçoamento é aquilatado  precisamente  pela maior disponibilidade  de vivermos  para outrém.

 

 

                Um outro fato digno de nota  que verificamos quando  passamos do estado metafísico ao positivo, é a imensa compreensão e  admiração pelos  esforços, que nos foram legados  pelos demais filósofos. Por menos que possamos  comungar  intelectualmente  com as suas opiniões, a comunhão  afetiva  com o seus esforços  torna   mais intima  a nossa ligação com eles, do que se  deles  nos tornássemos  os seus  mais  ortodoxos adeptos .

 

                 (*) Vale dizer (como adiante veremos), segundo a preponderância da atividade do  órgão cerebral  da contemplação abstrata ou do órgão cerebral da  contemplação concreta.

 

                Uma vez que se tenha compreendido  profundamente que  as respostas  causais (os porquês ) não acrescentam nada  em matéria de  novos conhecimentos dos corpos,  sendo apenas  uma forma de caracterizar o seu próprio modo de ser expontâneo  tal como a  observação já nos  havia diretamente  revelado. O espírito geral de nossa filosofia contudo, é o de sempre conservar  melhorando; assim , esta transformação  nos hábitos de raciocinar não deve corresponder `a universal excomunhão da palavra porque do nosso vocabulário; uma vez que  isto constitua  o nosso modo  habitual de raciocinar, tornamo-nos  então, e só então, aptos para iniciar o reaproveitamento  doravante subjetivo  do porque; aplicando-o fetichicamente como representando a vontade peculiares aos corpos quaisquer: com efeito,  um modo mais elegante , mais maduro de  dizer que  “o corpo cai, por causa de que cai”  é dizer que  o corpo cai  porque quer cair. 

               

                Esta  modificação do entendimento humano não se limita a exemplos de natureza física; ela  é extensiva  a todos os  degraus da escada  enciclopédica - desde a Matemática até a Moral Positiva.

               

                Quando dizemos que tudo é relativo, e que este é o único princípio absoluto, não estamos com isto querendo dizer que  tudo possa ser  indistintamente certo ou errado ; relativismo não é sinônimo de ambigüidade ou de indefinição; dizer que tudo é relativo  também não é dizer que tudo é possível.                         Tudo quanto queremos dizer com isto, é que  os acontecimentos estão relacionados  uns com os outros e todos conosco. Em outras palavras, dizemos que  como tudo está relacionado com tudo, esta proposição torna-se a  única que  não esta relacionada a nada; pois se  estivesse  relacionada  com algo , o  “ tudo” de que ela trata já não seria tudo mas  apenas parte de um todo. Relativo é, portanto,  sinônimo de  relacional .

 

                O processo de relativizar quaisquer dos nossos conceitos recebeu extraordinário desenvolvimento primeiramente com  Copernico , astrônomo polonês, e depois, com  Galileu, astrônomo italiano, fundador da física e continuador das idéias de Copernico, contra as de Ptolomeu, estas ultimas usadas pelos doutores da Igreja, que faziam da Terra o centro do Universo .

 

                Com  efeito,  a compreensão de que,  na questão do  movimento, tudo consiste  em  estabelecer  um referencial considerado fixo, e manter  este  referencial, ao longo de toda a descrição do movimento correspondente, foi o que marcou nitidamente  a separação, que em breve se tornou  progressiva do  espirito teológico, em relação ao espirito positivo, então  emergente.

 

                É muito comum ouvir-se que Galileu disse: “ Não é a  Terra  mas sim  o Sol  o centro do sistema planetário” ; decorrendo  desta sua proposição  toda a  antipatia  do Clero  Católico de sua época. Mas,  a questão foi alem disto, na realidade bem mais profunda: não se tratou  tanto de um novo fato que  viesse chocar  algum item do  Dogma  Católico, muito embora o tivesse feito; o que Galileu realmente induziu, instituindo desta forma um novo modo de raciocinar, abrindo uma nova dimensão para o entendimento humano foi que,   tanto faz  tomar o Sol, a Terra , ou qualquer outro ponto do  Universo, como constituindo um referencial de fixidez, os resultados da descrição dos movimentos destes corpos,  serão sempre  equivalentes, uns aos outros, contanto que  não se mude, para cada caso considerado, o referencial  que  inicialmente se adotou.

 

                A  escolha propriamente dita, do referencial, é puramente subjetiva, visto que como qualquer uma  destas escolhas é capas de descrever a realidade  do movimento dos astros  com  o mesmo grau de coerência interna, regidas pelas mesmas leis da astronomia. O que o Clero percebeu com profunda e lúcida clarividência, foram  as mais remotas conseqüências deste novo modo de raciocínio , aplicado  diretamente  sobre  a Divindade, visto como a  relativização do movimento,  conduz  necessariamente  a substituição da noção de causa e efeito pela noção de relação ( Lei Natural), em tudo quanto esta  primeira noção dependa  do movimento.

 

                Se Deus, que é a própria  personificação do absoluto fosse considerado   relativo, torna-se-ia  ipso facto contraditório em si mesmo, e , deste modo, o dogma  teológico  se  ruiria, a começar por sua  própria base,  desmoronando todo o seu edifício sem excetuar  os seus próprios princípios morais , que , mais longínquos e mais frágeis  ficariam  mais diretamente expostos aos  sofismas de um  egoísmo cada  vez mais refratário à qualquer disciplina. Isto  aconteceu, e cada vez mais vem acontecendo na  pratica.   Esfarelando-se  desta forma , com o tempo a teologia, produzindo mais  e mais  destes  farelos  que são as diversas  seitas protestantes.

 

                Uma outra característica do espirito positivo, é a compreensão de que  toda definição  é no fundo  tautológica (uma repetição em outros termos daquilo mesmo que  queríamos definir), de modo que  tudo quanto  conhecemos são as nossas experiências subjetivas e que nenhuma palavra é efetivamente  capaz de substituir; conquanto  sirva-nos para  evocá-las a nós mesmos e no ato da comunicação . A demonstração  deste princípio é na realidade bem simples : Basta-nos considerar  um Dicionário :uma palavra  é sempre definida (quando não  diretamente  pela experiência sensível ) por meio de outras palavras ;  ora,  o número de  palavras  com que a Humanidade  se serve  para se comunicar embora seja  crescente,  é necessariamente finito; como de resto todas as suas produções. Assim  o resultado final de uma definição qualquer,  será sempre  uma proposição  na forma de um derradeiro dualismo, expresso como o que se  segue : a   é  b .

 

                               Sendo o  a representado pela palavra que queríamos  definir, e o b,  representado por todas as demais palavras do conjunto de todos os dicionários, de todos os tempos e lugares

 

                               Como  não há nada  além de a e b, tanto faz definir a como b  e b como a estaremos sempre dizendo apenas que  a é a e b é b.

 

                               E como definir é dizer o que uma coisa é ; e dizer o que uma coisa é, para os metafísicos pelo menos, significa  supostamente  conhecer a essência  de  que  o Ser  é  constituído; segue-se que  todas as   tentativas de estabelecer um conhecimento  essencial , não é capaz de  nos informar sobre  nada de  novo, a respeito dos corpos; por mais que  façamos, só podemos nos "informar" , que um Ser é o que  é, isto é, ele mesmo ; como alias, já "sabíamos" .

               

                Pelo reconhecimento geral da validade deste raciocínio , fica então  estabelecido no  domínio das nossas quaisquer  definições, um profundo espírito de  relativismo, transformando o caráter  geral das definições, de Objetivas  em Subjetivas , tornando-as de  essenciais em   relacionais.

 

                As nossa definições, por mais bem  elaboradas que possam ser,  apenas  nos serão capazes de dar  o conhecimento das relações  que unem  o Homem  ao Mundo e o Mundo ao Homem ; elas não explicam os acontecimentos, apenas o descrevem tal como são para nós. 

 

                               Vejamos agora ,como se dá operação da conversão de um a outro destes dois modos de raciocinar:

                                Em primeiro lugar , esta conversão é  tudo menos  instantânea: certas noções  tornam-se, conforme a  natureza  de cada indivíduo, mais  ou  menos facilmente  transformáveis; havendo necessidade vital, sobretudo para nós que fomos educados no absoluto,  de um contínuo exercício de aplicação  dos princípios acima descritos às nossa noções quaisquer, com um particular esmero  principalmente quanto  àquelas que  mais diretamente se ligam  ao nosso egoísmo, que são, não só as mais difíceis de  relativizar, como ainda  as que mais  oferecem obstáculos à relativização das nossas  outras noções.

 

                               Em segundo lugar,  o pleno advento da  não-causalidade e da não-essencialidade  é, por assim dizer,  preparado  por uma  consideração  de caráter  transitório. Tal consideração transitória possui a característica de,  ao mesmo tempo em que  não chega a  eliminar a noção de causa, efeito e essência, prepara  o conjunto da nossa subjetividade (Sentimento, Inteligência  e Caráter), para esta mutação evolutiva, através da vida prática. Trata-se agora pois, de uma consideração de ordem essencialmente prática , assim como as considerações ilustradas pelos exemplos anteriores de Galileu e do Dicionário,  foram  de um caráter mais diretamente intelectual . O espirito prático  encontra-se em permanente necessidade de  deter suas especulações,  mesmo quando justas, sempre que este acréscimo  ameaça tornar-se ocioso, não correspondendo de fato a nenhum incremento  sensível  de eficiência  em suas operações. Assim,  as idéias de causalidade e de essencialidade são, pelo espírito prático, detidas, contidas espontaneamente , para que  a resposta  de um  por  que não  implique  na prática , em  restabelecer-se a questão mediante  um novo por  que, acarretando   Dúvidas em cima de dúvidas. O mesmo tipo de raciocínio aplica-se à   pergunta -  O que é ? - correspondente à essencialidade. Estas considerações de ordem prática  não chegam, bem entendido, a  transformar plenamente  a forma de raciocinar teológica e metafísica,  na forma de raciocinar  positiva , mas são como que a antecâmara da positividade;  elas possuem a vantagem  de  oferecer um esboço de consciência e de  disciplina, aplicáveis desde já mesmo para aqueles cuja a inteligência ainda se  encontra  mergulhada no  absoluto. Esta consciência e esta disciplina  são   oriundas  da aceitação da finitude  necessária das nossas concepções e sua meditação  continua impõe  em  breve uma  grande  questão teórica,  cuja  plena resolução  nós sentimos que , vai  sendo gradativamente  adquirida, somente na medida em que   algumas de nossas noções  já começaram a mobilizar-se rumo a  sua  transmutação final.

 

                Em terceiro  lugar, vem as considerações  de  caráter  diretamente afetivo, revelando-nos agora a ligação  que existe entre as noções absolutas  de causa,  efeito  e  essência,  aos instintos  egoístas; bem como a  ligação  íntima  das noções relativas de não-causalidade e de  não-essencialidade com os instintos altruístas.     

 

                Até o advento do Positivismo Sistemático, tais questões vinham  sendo abordadas sob a influência direta  da mentalidade e da sentimentalidade absoluta ( teológico-metafísica), que fazia-nos  crer na possibilidade de um conhecimento do mundo exterior independente das peculiaridades afetivas , intelectuais e práticas da nossa própria natureza; ou ainda mesmo, na crença de que tais  peculiaridades seriam  os  instrumentos por excelência de revelação  da realidade.  Buscava-se assim um conhecimento da realidade  tal como ela é ; ao  invés  de um conhecimento da realidade tal como ela é para nós .Mas também é preciso não esquecer que este relativismo embrionário  sempre foi mais ou menos pressentido, faltando apenas  a coordenação explícita e generalizada destas sábias intuições  expontâneas.

 

                As filosofias anteriores ao Positivismo, tendiam, por assim dizer, a isolar os conceitos que enumeramos no primeiro parágrafo, e cuja  conversibilidade só Augusto Comte instituiu de modo completo ;  não é pois errado dizer  que  os únicos livros onde pode ser  encontrada a ciência em seu estado plenamente Positivo, são as suas obras; em todas as demais  haveremos de nos deparar, aqui e ali, com componentes  metafísicos mais ou menos  presentes e intensos.

 

                Embora  à primeira vista estas considerações  pareçam tornar mais nebulosos os nossos dilemas morais, as nossas  questões teóricas,  e as nossas  resoluções práticas;  uma análise mais minuciosa percebe logo suas imensas vantagens de todo gênero :

 

                Em primeiro lugar, este  pleno  relativismo  evidência  diretamente  o papel necessário que as  emoções humanas desempenham não só na resolução de nossos problemas  quaisquer, como na sua própria formulação; minimizando assim os graves riscos a que, de outra forma, ficaríamos expostos na medida em que passássemos a imaginar que  a inteligência, sozinha, sem a influência afetiva, pudesse  dar conta de todos os seus problemas.

 

                 Uma vez que  se torna  cabal esta participação afetiva, o próximo passo, que logo  se segue, sob pena de um profundo desarranjo do conjunto de  nossa subjetividade,  é a descoberta da  natureza das afeições que, uma vez preponderadas, melhor prestam-se `a clarificação e resolução das nossas questões.  Vemos então, que o Amor  é sempre a chave mestra para a obtenção destas respostas; e que  a própria idéia  de que  a inteligência  funciona isolada não foi nunca senão no fundo, um sofisma  inspirado,  sustentado e desenvolvido diretamente pelos sentimentos egoístas.

        Exemplo : “ Amigos, amigos;  negócios `a parte”  ; “Eu sou um profissionalllll !, deixei o sentimento em casa” .

 

                Em segundo lugar, a inteligência mesma,  torna-se diretamente estimulada, pois abrindo mão do  conhecimento absoluto, ela  reconhece o seu próprio modo de operação devotando coincidentemente   todas as suas forças `a  resolução do que corresponde  de fato à missão  subjetiva de seu trabalho expontâneo .

 

                Enfim, o Caráter, que  talvez pudesse  ressentir-se dessa interposição filosófica tão questionante da realidade, solicitando desta  forma uma   sobreexcitação  da prudência, ( com conseqüente  implemento de perplexidade) recebe,  pelo contrario, do relativismo e do subjetivismo positivo, um poderoso impulso; graças `a  profunda comunhão que o homem passa a adquirir com tudo que  o cerca : se o conhecimento não é senão a  relação  recíproca estabelecida entre o mundo e eu ; então, quanto mais intensa e vasta  puder tornar-se  esta relação, maiores serão  as possibilidades efetivas de conhecê-lo  e consequentemente mais fácil e  sistemática poderá  tornar-se  a minha  Ação.

 

       

        Eis como Augusto Comte sintetiza tudo quanto viemos  expondo nesta introdução :

 

 

                               “ Subordinar o Progresso `a  Ordem,  a Análise `a Síntese,  e o Egoísmo ao Altruísmo; tais são  os três  enunciados, prático, teórico, e moral, do problema humano, cuja solução deve constituir uma unidade completa e estável , respectivamente própria aos três elementos  de nossa natureza. Estes três modos distintos  de pôr uma mesma questão, não são somente  conexos,  mas equivalentes,  visto a dependência mútua  entre a atividade, a inteligência e o sentimento. Apesar de  sua coincidência necessária, o último enunciado superpassa  os dois outros,  como sendo o único relativo `a fonte direta da comum solução. Pois, a Ordem pressupõe o Amor, e a Síntese  não pode resultar senão  da Simpatia: a unidade teórica  e a unidade prática são, pois, impossíveis sem a unidade moral; assim , a religião é tão superior à  filosofia quanto à  política. O problema humano pode  finalmente se reduzir a constituir a harmonia afetiva, desenvolvendo o altruísmo e comprimindo o egoísmo:  desde então,  o aperfeiçoamento se subordina  `a Conservação ( Ordem)  e o Espírito de Detalhe ( Analítico)  ao Gênio de Conjunto (Sintético) ” . Augusto Comte - Síntese Subjetiva - pag 1. 

 

 

 

        2) Conceitos Fundamentais.

 

        O SER CONCRETO  OU CORPO CONCRETO É O RESULTADO DE UM ARTIFICIO LÓGICO,  POR MEIO DO QUAL SIMPLIFICAM-SE AS OPERAÇÕES INTELECTUAIS, INCLUINDO  AS  OPERAÇÕES DE LINGUAGENS(CÓDIGO) DAS COMUNICAÇÕES TRANSMITIDAS,                     DECORRENTES DAS RESULTANTES DESTAS  OPERAÇÕES INTELECTUAIS.

 

Primeiramente deparamo-nos com as Sensações ; tudo quanto  a inteligência ( entendimento) precisar considerar, por qualquer razão, como  além destas sensações; este incremento  necessitará ser compreendido pela inteligência, como uma  elaboração  de nossa subjetividade; considerando a existência Objetiva de uma Realidade Exterior, como um postulado teórico( fundamento teórico), plenamente válido e certo, mas ainda assim, um simples postulado teórico;  que se  destina a auxiliar  as nossas  elaborações  Afetivas, Intelectuais e  Práticas.

         Do contrário, recairemos ou  no Materialismo (1), isto é, no excesso de Objetivismo ;ou, então,  caímos  no excesso de Subjetividade quer seja no  Solipsismo do Tipo   Górgias (2) , quer ainda nas Filosofias  do Bispo George  Berkeley e de seus discípulos (3).

 

                                               (1)O Materialismo - É uma pretendida Síntese Objetiva, que tomando por ponto de partida a noção  de Ser, ao Invés  da  de Sensações, tende a substancializar de modo absoluto os Atributos, considerando-os, sob  forma Concreta, como Seres ou Corpos Concretos.

                              

- O pensamento é uma  coisa que está dentro do cérebro

                               - A vida  é uma  coisa que esta dentro do Organismo

                               - A energia é uma  coisa  que esta  dentro dos  Corpos

 

        Em síntese, podemos dizer que o Materialismo é uma das expressões filosóficas do         coisismo , isto é, da tendência de considerar preferencialmente os atributos  como Seres Concretos , supondo que esta  tendência corresponda de fato a uma apreciação           mais  correta, mais  autêntica, mais genuína e mais  verdadeira da realidade exterior.

 

Fato digno de nota é que o Espiritualismo é um tipo refinado de Materialismo , ha                visto como a alma , como entidade espiritual , queiram ou não os que nela crêem , é         sempre vista como um tipo de corpo; pelo simples fato de ser concebida como um Ser.

                                              

(2) O Solipsismo do  Tipo GÓRGIASGORGIAS: Górgias, viveu a aproximadamente ? 6 Séculos     aC , na Grécia ,tomou por ponto de partida  as Sensações ; ele   não  efetuou contudo, a             inferência  necessária, por  meio da qual , passamos a representar Sensações, como  provenientes de um Ser  Hipotético, sempre quando isto nos for  positivamente  mais conveniente; assim sendo, Górgias considerava que todo o Mundo era uma imensa alucinação dele - a Alucinação de  Górgias. Pois tudo que é dado  saber com segurança existir  de fato, são as Sensações.

 

(3) Filosofia do Bispo George  Berkeley  e seus Discípulos ; Segundo o Bispo Berkely, que viveu  no Século XVIII, a Matéria  é um dos conceitos mais danosos  ao Homem, pois afasta-o de Deus;  com tal pensamento, procurou construir  uma  filosofia, na qual a noção de Matéria fosse dispensável à existência  Humana  e  à  compreensão dos acontecimentos. Postulou que a matéria não existe, sendo o que chamamos de   Mundo Exterior  é apenas  uma ilusão, produzida  diretamente por Deus, em cada   alma, de modo que os únicos Seres  de fato  existentes, são Deus , as Almas dos Homens e os Anjos (bons e maus)

               

 

Estas  duas Filosofias (2 e 3) estão,  num  certo sentido , mais próximas da perspectiva

Positiva, pois partem como nós positivistas da Noção de Sensação, como  Elemento

 fundamental da Construção Filosófica . Considerados do        ponto de vista  da coerência

 interna, cada uma destas duas Filosofias (2 e 3) oferece  respostas plausíveis e não

 contraditórias consigo mesmas. 

                                              

A escolha  da Síntese  Positiva (Síntese Subjetiva ou Subjetivismo Positivo) em             lugar

destas duas últimas (2 e 3), é uma prova  muito importante  e elucidativa  de como o AMOR  é  um elemento de                 caráter decisório, para a resolução de uma questão aparentemente tão  desvinculada de qualquer implicação emocional.

 

Com efeito, se os inconvenientes  intelectuais  tornam-se facilmente superáveis em cada um destes dois casos (2 e 3), os inconvenientes morais positivos que tais doutrinas encerram, foram de tal modo flagrantes, que jamais estas filosofias obtiveram  um número expressivo de adeptos, tendo sempre que contar com uma ferrenha  Oposição Universal.

       

Com relação à Górgias, os inconvenientes Morais de seus pensamentos  residem  sobretudo no fato  de que , se    EU  Existo, e tudo o que  me cerca  não passa de minha alucinação pessoal, ficará sempre         ao critério  dos meus caprichos, modificar  tais alucinações , ao meu bel prazer, com a certeza,  de que não estarei  de fato destruindo nada. ( Lógica Intelectual OK , mas Lógica  Moral  Negativa) - Isto está          bem de perto  do que  conhecemos hoje, como  o  brain-storming  Neo-Liberalista”.

 

Com relação ao Bispo Berkeley, os inconvenientes  acima citados, no caso de Górgias, valem também para sua   filosofia; acrescidos ainda de que  Deus , que é  considerado por todos  os teólogos a Verdade Suprema, apareceria ai , como o Supremo Mentiroso, uma  vez  que levou  todas as pessoas, a crer  na existência  objetiva  de um  Mundo Exterior  Ilusório.

 

        Quanto ao Materialismo, em suas diversas  modalidades ( do materialismo Matemático até  o materialismo Sociológico *) - Verificamos um  inconveniente seríssimo, que é a presunção  de que um  elemento absoluto da  realidade exterior , independentemente das relações   que esta realidade  estabeleça  para com o sujeito possa  servir como  meio geral  de explicação do mundo e do homem;  um outro inconveniente estritamente  relacionado a  este, é a  noção  de que  a  unidade Humana, se estabeleceria  por intermédio  de  um conceito  Objetivo ou seja  relativo ao mundo exterior  :  A Matéria . A conseqüência disto ,é que  o Homem  se torna ,  além dos justos limites, subordinado `a Matéria**. A Unidade Humana , pelo contrário,  é obtida por  intermédio  do predomínio da Idéia de Humanidade que,  uma vez estabelecida, permite formar, no devido grau,  o laço que une  cada  pessoa  humana `a Terra e ao Espaço***

 

                Embora o  Materialismo não seja  necessariamente concebido com esta finalidade egoística, torna-se ele muitas vezes a Doutrina que fornece o respaldo para que estes  instintos Egoístas,  sobretudo de posse ,  realizem um verdadeiro Culto Egoístico  `a  Matéria  -  como o  Culto  Egoístico, por exemplo ao Dinheiro e aos bens materiais ( Capitalismo ).

 

                Cumpre lembrar que o  Culto `a Matéria  persiste na  Síntese Subjetiva, mas  com enfoque Altruísta, sob a  noção de Culto ao  Gran Fetiche - a Terra - que  é a  base da qual emana o  Império Biocrático e também do Culto aos astros,  animais e plantas .  Haeckel ao ler as obras de Augusto Comte , criou a palavra  Ecologia, tão em moda hoje em dia. Faltando-nos apenas   hoje, procurar atingir o que se poderia  chamar de Ecolatria (Culto)  e de Ecocracia (Regímen) ,componentes implícitos  da   Sociolatria  e  da Sociocracia, respectivamente.

       

        (*) por exemplo o Marxismo é um  Materialismo Sociológico; (**) o pensamento dos economistas constitui, via de regra, a expressão  desta tendência , mesmo quando chegam a entrever  o aspecto afetivo das sociedades.  (***) Vide na pagina ... explicação para este termo.                                                       

                Pelo que vimos, devemos considerar plenamente lícita e  desejável sob todos os aspectos, a inferência  por meio da qual passa-se a  considerar as  Sensações  como  manifestações  de um Ser Hipotético, sempre que pressentirmos que esta consideração nos traga maior  facilidade em  resolver positivamente nossas questões ; e nunca nos esquecendo  da natureza  subjetiva desta Operação. Só quando se tenha  estabelecido firmemente em nosso interior tal relativismo e subjetivismo, é que  podemos   passar a compreender o Mundo e o Homem  sob  o ponto de vista  Positivo.

                Esta é uma das razões  pelas  quais  a Doutrina Positivista é denominada  Síntese Subjetiva

                Ser Concreto ou Ser Real  ou Corpo Concreto ou Corpo Real,  é  uma Suposição,  (  o que se acredita ser uma realidade objetiva) ou  Inferência (raciocínio, ou operação Cerebral elementar e expontânea), que o Encéfalo  formula através das Sensações, baseadas nos oitos  Sentidos ( Paladar, Olfato, Tato, Audição, Visão, Musculação, Calorição e Eletrição) , interferindo na  Inteligência, que vai freqüentemente elaborando conforme a sua  experiência ou vivência ; e ao mesmo tempo vai coordenando as Sensações  e Grupos de Sensações , progressivamente registradas, formando a Idéia ou Concepção, oriundas das Imagens ou Informações  Objetivas do Exterior.

                Os Seres ou Corpos Concretos ou Reais e seus conjuntos de  Acontecimentos ou  Atributos ( ou propriedades, ou características , ou  especificações e os fenômenos etc.), que os caracterizam, nos levam  naturalmente,  num estudo sistemático a  separá-los.

                Este estudo das Propriedades  dos Seres Concretos   ou Corpos Concretos, no Aspecto Estático ou no Aspecto Dinâmico, nas condições especificas ou generalizadas, é que nos leva a formar  o que se denomina  Abstração.  Assim  a coordenação  destes Acontecimentos ou Atributos,  independente dos Seres, isto é,  já separados das suas  sedes respectivas , constitui o Funcionamento Operacional  da  Abstração .

                O Conjunto dos Seres Concretos ou Corpos Concretos, formam o Mundo . O Conjunto das 18 funções do Cérebro -(Psíquico ou Moral ) forma a  Alma do  Homem, que em conjunto com o Soma (corpo) , forma o Homem.

                Generalizando  a Instituição Mecânica  onde a Estática  representa  o equilíbrio -  a existência - e a Dinâmica representa o movimento; podemos conceber  a mesma idéia  de equilíbrio  e de movimento   extensiva a todo  o domínio enciclopédico. Estático quer dizer , na concepção Positiva, o arranjo, a estrutura,  a sistematização de elementos coexistentes, independente de qualquer  idéia de movimento. Na apreciação Estática de uma classe qualquer de atributo, conhecemos apenas  a ordem , a maneira pela qual o atributo é observado, independente  do seu deslocamento espaço-temporal.                                                                                                                    

                O Estudo  Sistemático  da Abstração compreende Duas Partes, como pode ser visto no quadro II - Estudo  Sistemático da  Abstração.               

                              

A Primeira  Parte(A)  é a da Anatomia e Estrutura, ou  Aspecto Estático da Abstração, onde estudamos  a localização dos Órgãos ou Funções e  suas interligações - Órgãos dos Sentidos, Nervos, Gânglios Cerebrais, Cérebro , Cerebelo e o Soma. Como a localização destes  Órgãos não é perfeitamente  visível, dependemos de estudos mais profundos de natureza subjetiva para a elaboração da Teoria Cerebral. 

O Positivismo utilizou-se de  Métodos  Subjetivos , baseados  na lógica  e nas informações colhidas principalmente da sociologia, associadas  `as informações  da anatomia. Hoje em dia os cientistas  estão muito preocupados  e dando somente muita atenção à constantes fatos soltos, colecionados pelas observações empíricas. Embora estas observações estejam de fato progressivamente submetidas `a  condições precisas de investigação laboratorial e mesmo tendam  já a um certo grau de coordenação lógica, carecem ainda de uma  suficiente interpretação filosófica, capaz de as  ligar ao conjunto do  edifício enciclopédico.

               

A Segunda Parte(B) é  a  Parte Fisiológica ou Aspecto Dinâmico da Abstração, isto é :   o Estudo do Funcionamento Subjetivo dos  Órgãos por intermédio da manifestação de suas correspondentes  Funções.   

                                               Esta  Segunda  Parte está  dividida em duas Secções :

A Primeira Secção (A), indica o Funcionamento Operacional da Abstração, isto é, a Dinâmica  Operacional da Abstração.                                                             

A Segunda Secção (B), apresenta o Funcionamento do Desenvolvimento, isto é, o Aspecto Dinâmico Evolutivo da Abstração Humana.

               

Vamos nos deter  em  maiores  detalhes na Segunda Parte(B) , e vamos deixar para o final  a Primeira Parte (A).                                                                                                                                                                                                                 

# Segunda Parte(B) -Primeira Secção(A) - Dinâmica Operacional da  Abstração

               

                A  Dinâmica   Operacional   da  Abstração  se  processa diretamente em  três Órgãos  Distintos: -    Na  Inteligência (1) (Contemplação, Meditação e Expressão), onde se registra a Imagem ; onde surgem as Idéias, que redundam no Pensamento;    que   influenciado  pelos  Sentimentos (2) ( Egoístas e Altruístas)  e regulado pelo Caráter (3) ( Coragem, Prudência e Firmeza), define a resultante  da Ação ou Execução, que é, codificado pelo Órgão da Inteligência chamado  Expressão, que transmite ao exterior o seu  estado Interior  de Sentimento, Pensamento e  Projetos.               

                Abstrair  é  efetuar uma  Operação  Cerebral de separação das propriedades  de cada Ser Concreto ou Corpo Concreto; e de  reunião  destas propriedades  às  propriedades  semelhantes de outros Seres, ou Corpos Concretos  fazendo de cada uma destas propriedades, um novo Ser  ou Corpo à  parte,  que chamamos de Corpos ou Seres  Fictícios ou Abstratos ou ainda  de Fantasmas( alguns filósofos  chamam de  Existência),e que isoladamente se estuda.  A palavra fictícia , significa aqui, algo útil , que teve origem  em uma fonte de trabalho do cérebro. Devendo ser  Real ou  Utópica e não quimérica.

                Esta Operação de Abstrair  é a condição fundamental para que possamos efetuar  qualquer estudo teórico  ou prático de Procura ou Busca ou Pesquisa, para podermos descobrir as Leis Naturais  que colecionadas  pelas sucessões  e semelhanças dos atributos tratados, vão, passo a passo, construindo o edifício científico correspondente. Eis como entendemos as Ciências .

                Quando se estuda  a Política Positiva de Augusto Comte - a palavra doutrina, não expressa só a Doutrina Positiva ( Culto, Dogma e Regimen),  mas também  um elemento do binômio, que ela forma com a  palavra Método. Nesta última significação a  palavra doutrina corresponde `as Leis Naturais que compõem  as Ciências. O  Método é a  modalidade de raciocínio, pela qual se pode chegar `a conclusão destas  Leis Naturais. A  Aplicação do Método a um Atributo cuja  Lei  se deseja conhecer, é dito Pesquisa ,ou Busca, ou  Procura.

                Estas  Propriedades ou atributos, podem ser consideradas como as diversas  manifestações  dos Seres ou Corpos Concretos ; e, nesta significação, são os Seres ou Corpos Concretos em ação,   também conhecido como Fenômeno, isto é , provocados nestes Seres ou Corpos Concretos, devido aos seus atributos.

                Neste trabalho tivemos  o cuidado de adaptar nossas expressões `a  linguagem corrente, de modo  a não oferecer palavras  com uma significação diferente das usuais que o leitor  está espontaneamente   acostumado a usar . É assim que preferimos  não utilizar as expressões fenômeno e atributo, como sinônimos, muito embora  o aspecto relativo da Filosofia Positiva  permita-nos faze-lo sempre que desejável, como ficou demonstrado logo no inicio deste trabalho. Nos textos  escritos por Augusto Comte encontramos  esta identificação.

Estas  Sensações  Abstraídas  podem ser generalizadas  e expressas na linguagem por :

                 Adjetivos : que dão qualidades ao Ser -- quente, bruto, amoroso, redondo etc.

                 Substantivos : palavra usada para determinar cada Ser-  livro, computador etc.

                Adjetivos Circunloquiais : que associam o adjetivo ao substantivo - Piriforme- de forma de pêra    etc.      

Tudo  que  é relativo ao  Mundo Interior do Homem, isto é, ao Sujeito  que percebe o Mundo, chama-se   Subjetivo.

Tudo que é relativo ao Mundo Exterior  do  Homem, isto é, ao Objeto que é perceptível pelo Homem, chama-se    Objetivo.   

A Abstração, de um modo geral, começa espontaneamente; mas só muito mais tarde, é que se torna  sistemática .

A primeira  indução da espécie humana, consiste em representar  no cérebro, em caracteres gerais, de uma só vez,  todo  o espetáculo exterior, naquele instante.

                A  Operação de Abstração  é instituída como uma  necessidade de nossa inteligência, para poder estabelecer  as relações  de semelhança entre os atributos de vários Seres Concretos  e a relação de  sucessão destes  atributos  que se  ligam  entre si  pelas Leis Naturais.                                                              

                Assim :

                Especulações   Concretas  se referem aos  Seres  ou Corpos (Concretos).

Especulações Abstratas se referem aos Atributos , ou propriedades ou características     destes Seres  que se supõe como artificio lógico, existindo exteriormente.

                Desta distinção  resulta a instituição  dos domínios  da Filosofia Primeira, que trata  das Leis Naturais, comuns a todas as  Classes de atributos, da Filosofia segunda  ou Ciência Positiva , que compreende as Leis  Abstratas  a cada categoria de Atributo, e a Filosofia  Terceira, que abrange as aplicações práticas , isto é , Aplicações Tecnológicas. 

                Uma  ciência concreta ( isto é, uma ciência correspondente à coleção das Leis Naturais referentes a cada objeto particular) é impossível. Vemos que a complexidade  e as formas especiais  das relações correspondentes existentes  em cada  Corpo Concreto,  revela-nos Atributos  que  os  distinguem de todos os demais Corpos do Universo. A propósito,  uma Idéia qualquer  não é dita  abstrata ou concreta em  si mesma,, mas, em  comparação com uma  outra Idéia implícita ou explícita, que tenha sido tomada  como uma espécie de  critério subjetivo de aferição, para o problema específico que a inteligência  está tentando resolver ; também, analogamente, temos  que, na Música , uma nota  só é designada bemol ou sustenido de acordo com as  circunstâncias peculiares  de cada   partitura em particular.                                                                                                         

                É impossível  a sistematização  completa, na realização de quaisquer dos nossos  atos mesmo  nos domínios  mais simples.

                Só a   ciência abstrata é plenamente  sistematizavel, pois que , enquanto  a apreciação concreta  é sempre  especial ou específica, a  apreciação abstrata, permite inteira  generalização.

                Todos os elementos  que colaboram para nos revelar um Ser Concreto; todos os atributos que uma existência nos apresenta,  estão sempre  sujeitos  `as  Leis  Naturais, que são  comuns  a todos os Seres Concretos , em que se encontram  esse  acontecimento ou propriedade ou atributo.

                O conjunto das  Leis Naturais destes acontecimentos ou atributos ou propriedades,  que nos são conhecidas , constitui a Ordem Natural.

                A generalidade das  Leis Abstratas  nos permite as previsões  seguras, o que não  se verifica  nos estudos concretos.   

                As  Leis Concretas  puramente empíricas  que por ventura pudessem ser  obtidas, tomando como base as considerações  diretas  de assuntos  concretos,  só seriam verificáveis, para cada caso examinado e mesmo assim , com sérias limitações , visto como, a cada instante, o Ser  Concreto  se altera.

               

Por maiores esforços que fizesse  nossa Inteligência, a procurar as diversidades dos casos  concretos,  não só  na existência considerada como também  nas circunstâncias externas com elas correlacionadas, obrigaria, em cada caso , a várias  ou diversas  deduções, o que tornaria totalmente impossível qualquer previsão.    

                Sendo a inteligência a função cerebral de nosso esclarecimento, para  permitir a ação, ela deve necessariamente  realizar previsões, o que exige como fundamento especial, o estabelecimento de  relações  gerais. Essa  generalização obriga sempre  a  abstração  dos Seres Concretos nos seus diversos atributos, para que estes sejam coordenados  sistematicamente, a fim de constituírem  os elementos necessários  ao estabelecimento  Indutivo  ou  Dedutivo das Leis  Naturais.

                Devemos considerar  como relativa a própria sistematização abstrata, em vista de afastar outros atributos, que influem  diretamente nos casos  concretos, sobre o  atributo estudado.

                Primeiramente as Sensações e  em seguida as Imagens  dos Seres Concretos é que  constituem  sempre  a fonte  originária  onde  vamos buscar  todos os elementos para as nossas construções abstratas. Na realização destas construções, temos de abstrair, desprezando  muitas vezes elementos de influência real na propriedade ou atributo considerado .

                Quando estudamos , por exemplo , as leis físicas da queda dos corpos, da dilatação; as leis  químicas,  da composição e da composição, etc. desprezamos sempre atributos cujas restrições  se tornam indispensáveis na apreciação  do caso  concreto que se está investigando.

                Eis como a plena generalização nos afasta da realidade. O domínio da Filosofia Terceira  consiste  no conjunto  de conhecimentos concretos, em restituir `aquela realidade, por meio de regras empíricas  ou coeficientes práticos destinados  `a  conciliação  entre  Abstrato  e o Concreto, de acordo  com o principio positivo da Síntese Subjetiva de Augusto Comte :  “ Para completar as Leis  são necessárias as Vontades”.

                   As Leis artificiais instituídas pelo  Homem para coordenar  as relações  de sua vida individual e social, devem sempre, e tanto quanto possível, refletir  as Leis Naturais do domínio  biológico, sociológico e moral.          

                   Os Economistas  encontram  nos Sistemas Sociais Adoentados pelo  predomínio do Egoísmo, a manifestação da  pretendida  “Lei da Oferta e da Procura”, que mostra ou descreve um aspecto do Estado Patológico correspondente. Embora este aspecto do estado patológico possa  ser plasmado  em termos abstratos,  inclusive utilizando-se     de recursos matemáticos, não é considerada tal expressão geral uma Lei Natural Positiva; inerente à natureza própria  deste Sistema Social, e inextirpável deste ;  aplicável à pratica da tecnologia  Sociológica  Positiva, pois não  expressa as condições do Estado Normal. Mas ,  a Sociologia Positiva  pode servir-se destas “ leis  da Economia” ou , como seria mais acertado dizer, destes subprodutos de manifestações patológicas como indicações Sintomáticas  do grau  de perturbação  Egoística, presente  no Agrupamento Social considerado. A  mesma lei pode se tornar Positiva , na medida em que  o comportamento humano se torne mais Altruísta, alterando desta forma as suas variáveis, para que o resultado da utilização desta lei  traga benefícios morais `a sociedade, no seu todo, e possa representar doravante a indicação  de um estado de convalescença do Sistema  Social.

                 A  conhecida lei da Oferta e da Procura , não é uma Lei Natural ; não expressa uma fatalidade inerente  ao Modo de ser dos Sistemas Sociais; mas ela é uma ferramenta  criada pelo homem e que pode ser Positivamente utilizada como um indicador de sintomas  de desequilíbrio social. Se existisse a preponderância do Altruísmo no grau em que a Filosofia Positiva  propõe e estimula, esta lei , bem como os seus fenômenos correspondentes, desapareceriam.

            Do mesmo modo,  embora  a diferença fundamental entre o estado geral de saúde  e de  doença seja uma diferença de grau, valendo tanto para um, como para outro destes casos, as mesmas Leis da  Vitalidade, notam-se alguns fenômenos  acessórios  cuja a presença só é encontravel na doença; de modo que uma vez esta extinta,  extingue o fenômeno à ela  associado.

                As Leis Naturais  ou  Relações  Abstratas , quer sejam  Indutivas  ou de Semelhança, quer  sejam  Dedutivas ou de Sucessão, constituem,  as bases  de todas  as nossas  previsões , e são  as únicas   que comportam  a nossa  Organização Intelectual. As limitações  de  nossa Inteligência, não nos permitem resolver  diretamente  os casos concretos e, por meio  destes casos concretos, realizar previsões, que possam  facilitar  nossa Ação . 

                Temos por isso, que nos limitar a previsões gerais, baseadas  no conhecimento abstrato, e depois procurar a conciliação, em cada  caso concreto, com as circunstâncias especiais que o envolvem.

                A construção das teorias, a determinação  da  constância  ou freqüência no meio da variedade , para a indução e a dedução  das Leis  respectivas, exige  como base  ou fundamento, o trabalho intelectual  de coordenação  dos  atributos independentes dos Seres Concretos, isto é,  a Operação ou Trabalho de  Abstração.  

                 Aspectos Dinâmico Operacional  e Evolutivo da Abstração.

                Verificada  a necessidade  da Abstração,  passemos  ao exame  direto  da maneira pela qual  é realizada essa  Operação  Intelectual, bem como a sua Evolução, no que tange ao Desenvolvimento Humano.                                                                                                                                                                   

                A Dinâmica tanto Operacional (Moral ou Individual, efetuada no  Cérebro do                   Homem), quanto a Dinâmica  Evolutiva ( Sociologia  efetuada no  Cérebro da                               Humanidade), devem ser  consideradas  como uma sucessão  gradual de  Aspectos                          estáticos.                                                                                                                           

O Progresso  das condições  anatômicas e estruturais, do Aspecto Estático  dos órgãos dos sentidos, dos nervos, dos gânglios, do Encéfalo e do Soma, repercutiu sobre a capacidade { QA, QI e QC ( Quociente de Afetividade ; Quociente de  Inteligência ; Quociente de Caráter)} e a competência  em seus diversos graus deintensidade.

                No caso do Funcionamento da Dinâmica  Operacional de Abstração, o Aspecto Estático  representa  a unidade de                 Estrutura de Acontecimentos ( ou atributos, ou propriedades , ou características...)  quaisquer  ; e  o aspecto Dinâmico Operacional, nos fornece o desenvolvimento desta  Estrutura, isto é,  uma pluralidade de estados sucessivamente modificados.                           

                No caso da apreciação  da Dinâmica Operacional  da   Abstração, esta nos mostra a inteligência preparando os materiais necessários  para o trabalho abstrato, decompondo os Seres Concretos, combinando e coordenando  os acontecimentos ou atributos ou propriedades semelhantes, sempre sobre o mesmo aspecto  estrutural. 

                A  Apreciação Dinâmica  da  Operação de  Abstração  nos apresenta as diversas etapas  sucessivas que adquire o trabalho intelectual de Abstração, variando  com as alterações que sofre o Conjunto  Geral das Idéias ou Concepções Humanas, individuais ou coletivas que tem as suas origens  no Órgão da Contemplação Concreta ; com o maior grau de desenvolvimento  da capacidade de abstrair, que vai aos poucos, sendo alcançado pela nossa Inteligência.

         Para realizar, por exemplo, um raciocínio indutivo, o mais simples  da  geometria, necessitamos  proceder a um trabalho de Abstração, a fim de separar, por exemplo  a forma,  tornando-a independente de todos os outros acontecimentos ou atributos que acompanham o Ser Concreto. Na Realidade Exterior não encontramos Esferas e sim              Corpos Esféricos.  Para estudarmos  as Leis Naturais Gerais  da forma geométrica em questão, precisamos  abstrair, separando,  nos Seres Concretos considerados,  a forma esférica, e supondo inexistentes  a cor,  o peso,  e as demais propriedades físicas, químicas ou de qualquer outra  natureza, existentes nos Seres Concretos Observados.    

         Do mesmo modo , o Funcionamento da Dinâmica  Evolutiva  da Sociedade Humana  se processa  por um caminho  análogo.

                A passagem  da Inteligência  Humana pelos  diversos estados sucessivos de Fetichismo Expontâneo, Fetichismo Astrolátrico, Teologia Politeísta, Teologia Monoteísta, Metafísica Teológica, Metafísica Científica e Ciência Positiva, deveu-se também  a volução  que ocorreu  no Aspecto Estático, de cada órgão , moral ( Cérebro etc)  e o  Soma , durante estes milhões de anos que a nossa espécie vive aqui  no Gran Fetiche, transmitidos hereditariamente `a cada nova geração.

 

 

 II) TEORIA DINÂMICA OPERACIONAL DA                                               ABSTRAÇÃO

  1)  A Classificação Subjetiva dos Seres - Em  Ser Concreto e Ser  Abstrato

                O trabalho  Intelectual de  Abstração ou  Operação de Abstração, como já foi dito, se baseia na Operação  de separação dos Seres Concretos, dos   atributos que se deseja estudar,  para   coordena-los  com os  atributos  semelhantes,  retirados  de outros Seres Concretos.

                Devemos pois, para Abstrair, tomar previamente conhecimento dos Seres Concretos. E é por meio dos atributos ou propriedades que apresentam estes Seres Concretos, (cuja  percepção  está ao nosso alcance), que deles  temos uma Imagem, reproduzindo-os no nosso  encéfalo.                 

                As  concepções ou idéias, interiores do nosso cérebro,  que, com base nas Imagens dos Seres Exteriores ou  Concretos,  forma parte da nossa inteligência, no órgão da Contemplação  Concreta e da Contemplação Abstrata, constituem os elementos fundamentais  de toda  a nossa  Abstração.  O Complemento da Inteligência,  será feito pelos os Órgãos  da Meditação (Indutiva e Dedutiva ) e da Expressão.(Mímica, Oral e Escrita).

2) O Trabalho de Abstração ou Operação de  Abstração

                É  a Operação ou Trabalho  de Abstração puramente Subjetiva, realizada com a utilização   dos Seres  Concretos, reconstituídos   no Cérebro, de acordo com as Sensações ( ou dados sensoriais), que nos são fornecidas pelos  oitos Sentidos.

                Para compreendermos corretamente  o funcionamento do Cérebro, ao realizarmos  a Operação de Abstração, devemos em primeiro lugar, distinguir  3  Grupos de Funções : do Coração  ou do Sentimento ;  Intelectual ou da Inteligência ; e do Caráter , isto é, da Ação ou Atividade. .

                As  funções Intelectuais ou da Inteligência,  dividem-se  em funções  de :

                               Concepção (Idéia)  e  de   Expressão              

                               As Funções de Concepção  são de duas Natureza: Contemplativas e Meditativas

                                               Contemplativas , que realizam as operações passivas ou preparatórias em                                           toda a construção intelectual e as Meditativas  , que constituem  a parte                                                ativa  da realização da Inteligência

                                               A Contemplação, tem por destino preparar convenientemente as                                                           Concepções ou Idéias, a fim de que a Meditação possa utiliza-las.

                                               De duas  espécies é a  Contemplação : Concreta e Abstrata

                                               A Contemplação Concreta, está ligada diretamente ao Exterior,                                                              por intermédio do Aparelho Sensorial. Os nossos sentidos são                                                              analíticos. Cada um transmite do exterior, para o nosso Encéfalo,                                                              uma das diversas qualidades  ou acontecimentos , que o Ser                                                                  Concreto  apresenta e,  com esses elementos , a Contemplação                                                              Concreta  reconstitui subjetivamente  a Imagem de tal Ser                                                                            Concreto , da forma  como nós o percebemos  no Exterior.       

                                               A Contemplação Abstrata, está ligada diretamente à                                                                 Contemplação Concreta, pois  é ela que capta  a Imagem e retira                                                          dela os atributos,  formando  a Idéia; sistematiza este atributo ,                                                              para que sirva de alimento  `a Operação de Meditação;  que pode                                                         ser Indutiva e Dedutiva.

   3) Colaboração da  Inteligência ( Principalmente  da Contemplação Abstrata),na        Operação  de Abstrair.

                Este exame sintético que acabamos de fazer  do Trabalho ou Operação Intelectual da Abstração , mostra-nos que toda a inteligência, colabora para a sua realização, cabendo, entretanto, ao Aparelho Contemplativo ( Órgão da Contemplação Concreta e da Abstrata) , a parte mais importante ou principal, quer no preparo das Imagens e das Idéias ou Concepções  Concretas dos Seres, quer na Coordenação Abstrata dos seus  Atributos na Contemplação Abstrata.

                A Inteligência é  caracterizada por essa coordenação Contemplativa, inicialmente sintética e depois essencialmente  analítica, onde se formam  as idéias  de cada  atributo.  Tais idéias  servem de alimento  ou de base  para o  Aparelho da Meditação, inicialmente  indutiva e finalmente dedutiva;  Aparelho este  onde  se formam  os diversos pensamentos (Aparelho é a reunião de dois ou mais órgãos, cujas funções gerais sejam análogas)  . Assim percebemos claramente  que na Contemplação Abstrata está especialmente concentrado o trabalho da  abstração, mas a nossa Inteligência não pode abstrair  sem preparar as Imagens  dos seres concretos  isto é, sem os estímulos das  necessidades de  Meditação. 

                A Contemplação Concreta  colabora  para a  Abstração, preparando as Imagens em que  tal Operação se baseia. O  Apoio  da  Meditação  e da Expressão  faz-se necessário como estímulo,  pois nossa inteligência  não iria abstrair,  se tal trabalho não consistisse,  por sua vez ,  no fundamento da Meditação.                                                             

                O desenvolvimento da Meditação, tanto a Indutiva como a Dedutiva, necessita sucessivamente de novas Idéias ou novas Concepções, principalmente Abstratas, que são solicitadas  `a contemplação. A Meditação amplia  e complementa  o  Trabalho ou  a Operação de  Abstração.

                A Meditação perturbada, como por exemplo em um caso patológico, permanente ou transitório, reagiria  imediatamente  sobre  o trabalho da Contemplação, que sofreria, por sua vez,  uma perturbação da mesma natureza.

               

                O  Órgão Cerebral  da Expressão  é aquele  que fornece  aos animais  o meio deles          transmitirem  ao exterior  o seu   estado interior : de sentimento, pensamento              e projetos.

               

                Este  meio deles transmitirem,  ao exterior  o seu estado interior, depende também da         abstração e consequentemente reage sobre ela,  estimulando-a. O objetivo  da  Expressão  é          traduzir  o resultado de  nossas construções intelectuais e , portanto,  depende normalmente  de todas as                Operações da Inteligência; (excetuados apenas os casos anormais de pura  coordenação                de palavras).

 

                Constituindo a Abstração, uma das Operações Fundamentais da Inteligência, é  evidente a            correlação que existe entre ela e a Expressão. Está, pois , a Abstração,  iniciada ,quando ocorre  a Contemplação Abstrata, ligada a todo o conjunto  da Inteligência, e desse conjunto,  vai       depender sua  realização operacional.

               

A Inteligência  forma  um Sistema  onde  seus diversos  Órgãos  colaboram em conjunto, para uma mesma finalidade.

                              

                Assim não se pode separar  uma função  do conjunto das outras; há sempre entre  elas  uma plena interdependência.

                4) O Sentimento e a Ação,  na Operação  de Abstração .

                Da mesma  forma  que  os componentes do Aparelho da Inteligência  ou Aparelho Intelectual, constituem  um Sistema, podemos afirmar que entre  os Órgãos da Inteligência,  os do Sentimento e os  da Atividade ou  Ação   existe completa correlação.

                Em todo trabalho ou operação Encefálica é sempre o Sentimento  que propõe  as questões que,  estudadas e esclarecidas pela inteligência, passam a ser,  quando aprovadas por esta última, executadas  pela  Ação  ou  Caráter ou  Atividade .

                A Operação  Intelectual  não pode , pois  em caso algum, ser realizada independentemente  do Coração ou Sentimento. O Sentimento,  Egoísta ou Altruísta, exerce permanente influência, para provocar e manter o trabalho  intelectual,  das funções Afetivas e Intelectuais : que visam sempre a prática de determinado ato, uma vez que as Ações constituem o destino de toda nossa  Operação ou Trabalho Encefálico.

                Além da Influência do Sentimento, é  necessário ainda considerar-se  a influência das  3  funções Práticas  ou do Caráter, que são : a  Coragem, a  Prudência e a Firmeza , que em toda e qualquer espécie de  Trabalho ou Operação Intelectual, entram para  impulsionar, conter e manter. Desta forma podemos dizer,  em resumo, que o  Trabalho ou Operação de Abstração, realizado por nossa Inteligência, preparado pela Contemplação Abstrata, necessita da colaboração Geral da Inteligência  e das contribuições Afetivas ou de Sentimentos e do Caráter , que reage  sobre o restante do aparelho Encefálico . (Não podemos esquecer ainda do Soma, como elemento facilitador ou dificultador indireto da Operação da Abstração).

5)  ATRIBUTOS OU  PROPRIEDADES ; IDÉIAS OU  CONCEPÇÕES

                                                 LEIS ABSTRATAS.

O Trabalho  ou  Operação Intelectual  de Abstração apresenta Três  Resultantes ; os Atributos, as Idéias e as Leis Abstratas.  O  Principal  Destino  de  toda  Operação Intelectual é o estabelecimento  das  Leis Teóricas, que disciplinam nossa Inteligência e regulamentam nossas  Atividade ou Ações.

                Para chegar ao conhecimento da Lei Abstrata,  temos  necessariamente  que passar por  uma  série de  etapas preparatórias.  A maior parte da  preparação   desta  Operação Intelectual, se deve  a Contemplação, ao passo que  a Coordenação definitiva  dos acontecimentos  é realizada  pela Meditação.

                A primeira  fase da Abstração é  aquela em que  a  Contemplação  Abstrata, utilizando a Imagem do Ser Concreto, preparada pela Contemplação Concreta, decompõe esta Imagem, separando os diversos atributos  ou propriedades  abstratas. Sobre este atributos assim obtidos, a Meditação exerce agora a sua  atividade, coordenando-os para estabelecer  as Leis Naturais  ou Relações  Abstratas. Como resultado intermediário do primeiro trabalho ou operação  de coordenação, combina os  atributos  , formando as IDÉIAS ou as Concepções  e os TIPOS ABSTRATOS ( ou IMAGENS SUBJETIVAS CRIADAS PELO ENCÉFALO ), sobre os quais   melhor se desenvolve  nosso Raciocínio.

Assim , observamos por conseqüência,  três fases, bem definidas  no Trabalho de Abstração :

                1) A primeira, quando a  Contemplação  Abstrata separa os  atributos ;

                2) A Segunda, quando institui as Idéias  e os Tipos  Abstratos.

                3) A Terceira,  quando a Meditação Coordena e estabelece as Leis Naturais.                                     

6) O Atributo ou Propriedade Abstrata

                Durante  toda a fase de alimentação  cerebral, isto é, no  período em que são transmitidas ao nosso cérebro as  informações objetivas, por meio sensorial, informações estas que geram as Imagens , que vão servir de base `a nossa concepção ou idéia  intelectual, durante a recomposição interior  dos Seres Concretos para  a Construção  de  Idéias  (pela Contemplação Abstrata); toda a  combinação de  Imagens  se faz de  modo puramente concreto, inteiramente ligado e subordinado `a realidade objetiva, tal  como a percebemos. Formam-se assim as Imagens Concretas dos Seres.

                A Contemplação Abstrata realiza a seguir o primeiro trabalho ou operação  de abstração, quando separa , na Imagem do Ser Concreto, seus diversos acontecimentos ou atributos ou propriedades,  pondo em evidência  aquele atributo ou propriedade em que mais nós estamos  interessados .

                               Exemplo:  Se desejarmos estudar a forma geométrica de uma figura,   para tomar                                conhecimento de determinada relação ou lei, o  nosso trabalho preparatório de                  abstração consiste em separar,  nas Imagens dos Seres fornecidos pela Contemplação                      Concreta, esta Imagem que nós desejamos nos atentar, isto é, neste caso com a                                forma, afastando subjetivamente  todos os outros atributos , por meio dos quais                              conhecemos o Ser  Concreto.

                               Abstrairmos portanto   o peso, a cor  e  todas as propriedades  ou atributos físicos e                        químicos, etc. , que o Ser Concreto   possa apresentar,  para examinarmos  apenas  a                       sua Forma . A Forma,  assim separada do Ser Concreto , constitui a propriedade ou                    atributo Abstrato.

                               Os atributos ou Propriedades Abstratas  são construções Subjetivas, retiradas portanto,                                da  existência  Objetiva, por meio de nossa Inteligência. Quando por exemplo,                              concebemos o peso dos corpos , estamos realizando  um trabalho de abstração,                       separando  dos corpos ou                Seres Concretos ; essa  propriedade peso, que isolada, não                      existe na realidade exterior ; o que observamos  objetivamente são corpos pesados,                           podendo entretanto, a nossa  inteligência conceber  o  peso em separado das outras                              propriedades  que o Ser Concreto   possui.                                 

7)    IDÉIAS ABSTRATAS  e  TIPOS ABSTRATOS.

                Da comparação das propriedades  ou atributos abstratos, originários de vários Seres ou Corpos concretos, resulta  a  Concepção Subjetiva da Idéia, que formamos   sobre este atributo ; é  a Idéia Abstrata  ou Concepção Abstrata, a qual por  sua vez , conduz a Inteligência  `a  construção  dos TIPOS  ABSTRATOS, pois a Concepção Concreta, ou Concepção Objetiva da Idéia ou da Imagem  é aquela fase onde os atributos ainda estão unidos aos Seres Concretos correspondentes.

                A Operação  de decomposição dos Seres  Concretos, para  exame  de suas propriedades ou atributos abstratos,  é exercido normalmente  com muita intensidade pelo Encéfalo Humano,  que obtém uma série de propriedades ou atributos semelhantes , retirados  de outros Seres Concretos diversos,  para coordenar e induzir ou deduzir as relações  existentes  entre estas propriedades.        

                               Por exemplo:   A forma esférica  abstraída de um Ser Concreto, depois de outro e  de                         muitos outros Seres Concretos  esféricos, nos conduz `a  Concepção  de uma Idéia mais                      Geral : a da esfera, independente de novo  exame  de corpos  esféricos. Formamos deste                               modo em  nossa inteligência, uma nova espécie  de Imagem Abstrata, em grau mais                          adiantado que a anterior, mas sem que  tenhamos ainda  induzido ou deduzido as Leis                     deste Atributo  ou desta  Propriedade. É a Idéia Abstrata.

                A nossa inteligência armazena, então,  uma nova Série de Imagens, de maior grau de abstração      e mais complexas, isto é, as Idéias Abstratas, como o peso, o calor, o triângulo, a esfera, a            vida, etc., que não estão ligadas diretamente a nenhum ser exterior, mas que resultam                da           observação  de muitos Seres Concretos, onde  predominava, constantemente, um             determinado Atributo.

                A Idéia Abstrata  constitui uma  fase  intermediária entre  a simples  decomposição dos Seres        Concretos, pela Contemplação , e a consideração   dos atributos  abstratos, para se obter  as          Relações ou Leis Naturais , pela  Meditação .

                Esta fase intermediária  apresenta   uma nova modalidade, mais adiantada, mais complexa  e            mais subjetiva , que é representada  pelo Tipo Abstrato.

                Por meio das Idéias Abstratas que formamos sobre os atributos  que constituem os Seres               Concretos, podemos agora, combinando estas Idéias  Abstratas, reconstituir abstratamente  o         SER, obtendo assim o TIPO ABSTRATO .

 

               

                Com todas as Idéias Abstratas que criamos sobre os diversos atributos ou propriedades e com o conhecimento, que percebemos, por exemplo,  do Homem, reconstruímos, em  nossa inteligência , a imagem do homem, formando assim  o correspondente  Tipo Abstrato . Temos assim no nosso encéfalo a Idéia do que  seja um Homem; idéia que apresenta todos os caracteres  gerais, geométricos, físicos, biológicos, morais, etc.  do Homem , e que  no entanto não está ligada a nenhuma  existência  real e particular de determinado Homem, nem apresenta  as características simples  das Idéias Abstratas. É uma Idéia Composta, na   qual são abstratamente  reunidos  todos os atributos ou propriedades  que caracterizam o ser Humano. Do mesmo modo, as Idéias  que formamos  dos animais, das  árvores, etc. , nos levam  `a  construção dos tipos abstratos. O cavalo, o cão , a árvore, que  imaginamos,  e que  permitem reconhecer  esses seres quando  se nos apresentam, na realidade objetiva,  são Tipos Abstratos, que  não estão ligados diretamente  a nenhum cavalo, cão  ou árvore de existência concreta.

                Tendo sido os  Atributos,  as Idéias Abstratas e os Tipos Abstratos  , adquiridos pela Inteligência, esta pode agora  realizar a  coordenação  definitiva  das propriedades  ou atributos,  induzindo e deduzindo as Leis Naturais, pela Meditação.

8) A Expressão Científica  de uma Relação Abstrata ou Lei Natural.

                A comparação  de atributos semelhantes retirados por abstração ( pela contemplação concreta e abstrata) de  grande  número de seres concretos, conduz nossa Meditação Indutiva a verificar  o que  existe de  comum no meio da variedade observada. Ao aproximarmos desta maneira os  atributos , é estabelecida, como preliminar , a Relação Abstrata. Esta, uma vez reconhecida , serve diretamente  para a instituição da Lei Natural, que é a constância  no meio da variedade ou a expressão científica  da  relação abstrata.

As Leis Naturais são obtidas por duas modalidades de raciocínio : Indutivo e Dedutivo.

                A Meditação Indutiva, primeiramente compara  as diversas Imagens Abstratas , aproximando-as entre si e procurando  o que é de mais comum na variedade, para estabelecer  as  relações  abstratas, e por meio  destas  as Leis Indutivas ou de Semelhança. ( ou Leis Básicas Indutivas ).

                Em seguida, a Meditação  Dedutiva sistematiza as Leis Indutivas, coordenando-as, isto é, extraindo as conseqüências das Leis de Semelhança, que são  as Leis Dedutivas ou de Sucessão.

Da  combinação  das Leis Básicas Indutivas  e  de suas Conseqüentes Leis Dedutivas, resulta  a construção  e Expressão final das Teorias  Abstratas,  referentes `as varias Classes  de Atributos, desde os mais simples, da Matemática, até os mais complexos  da Moral Positiva.

9) Duplo destino das Leis Abstratas ou Leis Naturais.

                As Leis Abstratas ou Leis Naturais  são destinadas  a disciplinar  nossa inteligência  e a regular a nossa  Ação ou Atividade. As Teorias Abstratas, construídas pela nossa  Inteligência , preenchem , pois, dupla  necessidade da Espécie  Humana :  Uma de Ordem Moral Positiva e outra de Natureza Prática.

                A de Ordem Moral Positiva  emana  da Unidade ( Integridade e Comunhão) , que deve ser instituída , para realizar a Harmonia Interior  das funções encefálicas e a convergência exterior  de todos os Seres Humanos. A disciplina  de nossa inteligência, pela subordinação  da Análise `a Síntese, resulta diretamente  da Instituição Abstrata da escala de acontecimentos e da  Convergência das diversas categorias de Atributos, para  o conhecimento e o aperfeiçoamento da existência Humana, coletiva e individual.

                A de Natureza Prática  é a conseqüência  da  instituição  das Leis Abstratas, é  a que regula as nossas Ações ou nossas Atividades. Os conhecimentos abstratos são sob esse aspecto, encarados como  os  esclarecimentos de que necessita nossa  inteligência, para guiar nossas Atividades, na Modificação do Mundo e do Homem, e na submissão ao que os atributos apresentam  de imodificável.

                Realiza-se este duplo destino das Leis Abstratas instituindo-se a Filosofia Primeira, a Filosofia Segunda e a Filosofia  Terceira, que serão vistas a seguir.

 

II) TEORIA  DINÂMICA EVOLUTIVA DA  ABSTRAÇÃO

1)  O Desenvolvimento Intelectual em relação `a Capacidade de Abstrair.

                A Operação ou Trabalho Encefálico da Abstração é variável,  em grau e em intensidade, conforme o maior  ou menor  desenvolvimento  intelectual, do indivíduo ou da coletividade social.

                Ao percorrermos as várias fases da evolução  coletiva da espécie humana veremos que a capacidade de abstrair se apresenta cada vez mais  desenvolvida. Também verificaremos que, nas diversas idades dos  indivíduos, há um gradual aumento  da intensidade com que pode  executar a abstração.

                No homem primitivo e  na criança,  o raciocínio concreto é preponderante observador, somente  começando a  esboçar-se  a  operação de abstração da inteligência, depois de grande preparo, e de um acúmulo de Imagens em quantidade suficiente, para permitir um exercício mais completo das funções intelectuais ( Contemplação, Meditação e Expressão)

                Para bem apreciarmos  o desenvolvimento da Abstração, na civilização humana, vamos acompanhá-la, resumidamente, nas suas principais fases de evolução.

                Durante a fase  fetichista da Evolução Humana , verifica-se o desenvolvimento da observação e, portanto, da função intelectual da contemplação concreta. Inaugura-se nesta fase a Lógica dos Sentimentos.

                O Surto Gradual da Inteligência Humana, ligado naturalmente `as outras duas partes  de nossa Alma ( Sentimento e Atividade), teve necessariamente de  se processar  segundo  a ordem  em que as funções intelectuais  se  apresentam normalmente. Assim começou a predominar o desenvolvimento, em primeiro lugar o da contemplação, para em seguida acompanhar este processo ocorrendo a Meditação. Não poderia a Meditação prosseguir sem que,  preliminarmente, se  adiantassem as funções preparatórias  de seu trabalho ou operação, isto é,  as de Contemplação. Recebendo as  impressões concretas  fornecidas pelo mundo exterior, o homem primitivo, sem possuir ainda as reservas interiores de Imagens e Idéias abstratas, para realizar  comparações, teve forçosamente que raciocinar baseado nessas Imagens Concretas. Raciocínio este, ainda muito rudimentar e ligado `as necessidades   imediatas exigindo entretanto, um aprimoramento sensorial e  conseqüente desenvolvimento do tino de observação, a fim de ir, aos  poucos, constituindo reservas de  Imagens e Idéias.

               

A  fase fetichista da evolução humana, caracteriza-se  pela instituição de uma  síntese , de uma unidade completa religiosa,  baseada na atribuição do  realizar-se todos os atributos, como  a expressão das vontades  próprias dos Seres  respectivos, concebidos estes  como dotados dos mesmos atributos Morais, Intelectuais e Práticos que nós Seres Humanos.

                Assim, o Fetichismo   é  a Doutrina da  Lógica dos Sentimentos, que inaugura  e acompanha  a evolução humana, não só durante a fase primitiva do  fetichismo espontâneo, mais ainda durante  toda a fase astrolátrica, quando começa a esboçar-se mais intensamente o trabalho de abstração. Retirar a vontade dos seres  para  atribui-las   a outros seres  mais afastados, os astros, exige um grande progresso  intelectual e um começo  acentuado de  sistematização abstrata

                A Lógica dos Sentimentos, é o recurso operacional por meio do qual o Conjunto das 18 funções cerebrais  ( Sentimento ; Inteligência e Ação)  procura coordenar os fatos,  tendo em vista o estabelecimento de uma síntese  harmoniosa sob o ponto de vista da preponderância  de tais ou quais  sentimentos; de maneira a fazer perceber  em nossos pensamentos as implicações  quaisquer de ordem moral, que eles implicitamente encerram. 

2)  A   Abstração  no Politeísmo e a  Lógica das  Imagens.

               

O Politeísmo desenvolve  especialmente, em nossa Inteligência, a Contemplação Abstrata e funda  a Lógica  da Imagens .

 

                Lógica da Imagens é o recurso operacional, por meio do qual o conjunto das 18 funções cerebrais  ( Sentimento ; Inteligência e Ação) busca auxilio nas imagens subjetivas, aplicando tais imagens a conceitos que de outro modo careceriam de  representação,  como um recurso  para clarificar  a resolução  de um problema pendente.

                A passagem da  Astrolatria  para o  Politeísmo traz  modificação radical para as concepções humanas, começando-se a síntese a basear-se  em vontades  exteriores  cada vez mais abstratas . A instituição dos Deuses, como centro da unidade Moral, Intelectual e Prática da espécie humana, exige o desenvolvimento da contemplação abstrata que passa a preponderar sobre  as contemplações concretas, modificando completamente   todo o aspecto geral  do trabalho intelectual. Essa transição da síntese,  de objetiva para subjetiva, somente se poderia realizar com o trabalho ou operação da Contemplação, agora muito mais aprimorado  ou adiantado,  onde as  Imagens não só se formam pela contemplação concreta e abstrata , como também são coordenadas  pela meditação indutiva e dedutiva , com vista a  constituição  dos múltiplos tutores fictícios, que guiaram a evolução humana durante  as antigas teocracias  e nas brilhantes  civilizações grega e romana,  fases estas extensas e de grande esplendor.

                Como conseqüência do surto que adquire a contemplação abstrata e da transformação do sistema de raciocinar , apreciamos nesta fase a instituição  da Lógica das  Imagens. Com este segundo meio lógico, que vem se reunir  ao primeiro, da fase  fetichista,  a Inteligência Humana  adquire pelo desenvolvimento, o esboço da Lógica dos Sinais, que  se completa  na fase  monoteista, dando `a inteligência  todos os recursos , para que a evolução grega  possa preencher  seu papel  histórico, de preparar nossas forças  mentais , sob os três aspectos - Estético ou da Arte, Filosófico e Cientifico.

                Lógica dos Sinais  é  o recurso Operacional, por meio do qual o conjunto das 18 funções cerebrais     ( Sentimento ; Inteligência e Ação) facilita a resolução de suas questões,  com a  formulação e o  emprego de símbolos, que possam evocar os seres ou as situações  nelas envolvidas, sem no entanto confundir-se com a representação direta  dos mesmos.

                A confusão recíproca da  Imagem com o Sinal é uma característica Marcante do Espírito metafísico . Um exemplo deste tipo de mal entendido são as chamadas “ondas  cerebrais” ; tal concepção  proveio de  se considerar como uma Imagem os registros gráficos  fornecidos pelo eletroencefalógrafo.  

3) O Monoteísmo e a Meditação.

                Com o Monoteísmo, há o surto  da Meditação, principalmente Dedutiva , que complementa  a Lógica, com a instituição  do terceiro  recurso lógico constituído pelos Sinais.

                A Contemplação devidamente preparada em seus dois aspectos, concreto e abstrato, permite, na fase monoteica, o progresso especial da meditação indutiva e  dedutiva, bem como  a formação definitiva da  lógica dos Sinais. É nesta fase que a  Inteligência Humana  adquire  pleno  desenvolvimento lógico, de modo a poder na civilização moderna, construir todo o edifício enciclopédico.

                Se observarmos a maneira  pela qual  se constitui a Síntese em cada  uma  das fases preparatórias da evolução humana, vemos   a coerência intelectual, formar-se  em torno  de entes  cada vez mais abstratos,`a medida que  percorremos  a série constituída, primeiro pelos  fetiches terrestres,  depois,  sucessivamente pelos astros, pelos deuses do politeísmo, pelos deuses das várias formas monoteístas, e finalmente  pelas entidades  metafísicas , primeiro  ligadas a um  aspecto teológico e, depois, cada  vez mais  abstratas e finalmente ligadas ao aspécto científico.

4)  A  Abstração  na Doutrina Positivista

                A Abstração  somente se torna  completa  no Estado de  Positividade dos nossos  sentimentos,  pensamentos e ações ,isto é; quando  os Três  Elementos Lógicos, o Sentimento, a Imagem e os Sinais,  se combinam.

                Durante  a Evolução Preparatória, o grau crescente  de Abstração que adquire a entidade coordenadora da unidade religiosa,  atinge  o seu  máximo de intensidade ao passar a espécie humana, do estado  teológico para o metafísico.

                No estado metafísico, a explicação de todos  os fenômenos é feita  atribuindo-se sua  realização à entidades puramente abstratas, criadas pelo cérebro humano, para  provisoriamente suprirem a falta  de conhecimentos das Leis Naturais , ainda  não descobertas. À medida  que as relações  cientifícas  são instituídas, vão desaparecendo as  correspondentes  entidades  Abstratas.  A Abstração, na idade metafísica, não é sistematizada,  apesar do  grau de intensidade que  ela atinge. Ao contrario, se torna mais confusa  que nas épocas anteriores.

                Mais negativo que qualquer outro, mais demolidor das instituições  do passado, do que  construtor de novas estruturas, a Doutrina Metafísica é,  por isso mesmo, transitória, devendo ser  logo  substituída pela  Doutrina Positiva.

                O Estado Positivo, combinando melhor os três meios lógicos, Sentimentos,  Imagens e Sinais, vem estabelecer as  Leis Abstratas, que regem  os Seres pelos acontecimentos.

                A Abstração é no estado Positivo, não só plenamente  desenvolvida  como diretamente utilizada para a Indução das Ciências.  Ocorre coordenação harmônica  entre as  funções  da Contemplação Concreta e a Contemplação Abstrata  e  o entrelace  com a Meditação  indutiva e dedutiva,  donde resulta  a gradual instituição dos princípios  científicos, que  regem  as  existências  do Exterior e as existências do Homem.   

 

5) A Lógica Positiva.

                A  Lógica Positiva  é definida  como  colaboração  normal dos sentimentos, das imagens e dos sinais, para  nos inspirar concepções  que convém `as nossas  necessidades  morais,     intelectuais e físicas”. Essa definição normal de lógica é dada por Augusto Comte na Introdução da  Síntese Subjetiva.-  pag. 25   

                É a Lógica Positiva  a   única  completa, pois além de reunir os três  elementos  lógicos, Sentimentos, Imagem e Sinais, combina e coordena  esses elementos , para aplicar  ao raciocínio de forma conveniente `as nossas  necessidades , não só intelectuais, mas também morais e práticas. Inaugura portanto, a Doutrina Positiva, a plenitude  de nossas  disponibilidades intelectuais, reunindo e congregando os diversos meios,  separadamente preparados, pelo conjunto do passado humano.

 

A inteira madureza de  nossas concepções  intelectuais é  atingida no estado positivo, depois de passar pela  longa  Série preparatória de  Sistemas Intelectuais, mais ou menos incompletas,  das diversas  formas  fetichistas,  teológicas e metafísicas.

                A Lógica Positiva é sistematizada para regular o conjunto da  existência humana

                As concepções são elaboradas pela inteligência, sob o impulso do Sentimento e assistido pelo     Caráter. 

                O método afetivo prevalece assim  sobre  os outros dois , em virtude dos  sentimentos  constituírem ao mesmo tempo  a fonte  e o destino dos pensamentos e dos atos. Queiram ou não os Cientistas ou os Reis

                Os três meios Lógicos - Sentimento, Imagem e Sinal - correspondem, pois, aos três elementos fundamentais de nossa  constituição cerebral- o Coração ou Sentimento,   a Inteligência ou Espirito e  o Caráter  ou Atividade  ou Ação. De acordo com  o Trabalho Cerebral , as Imagens Lógicas( Idéia)  e  os Sinais  devem  ser apreciados  como  auxiliares  dos Sentimentos  na  elaboração  dos Pensamentos. A Harmonia Lógica  inaugurada pelo  Doutrina Positiva, faz colaborar a força  dos Sentimentos  com  a nitidez  das Imagens e a Precisão dos Sinais. Adquirem na Doutrina Positiva, os três  meios lógicos, completo desenvolvimento e sistematização, de  modo que o trabalho intelectual é realizado em toda  a sua plenitude e dignidade.

                Sob a influência  e a preponderância  sistemática do coração ( Sentimento), a Lógica Positiva adquire não só um grau elevado de dignidade, como também, uma  constituição verdadeiramente Poética.

A Sistematização  filosófica  vem ,  aliar-se  `a melhor disposição  Estética ou Artística, isto é , a união de todos os  Aspectos  da Subjetividade Humana, que até então   vinham sendo considerados como opostos.

IV)    SEDE   DA   ABSTRAÇÃO

1) A Instituição Religiosa do  Espaço .                                                                                                                                                                                                                                                                                                  A  noção de Espaço é obtida como um subproduto das nossas  Sensações, não sendo diretamente  revelado por nenhuma  delas, em  outras palavras, o Espaço é  uma criação subjetiva destinada a facilitar  a Coordenação e  a Expressão das  Nossas Idéias e Pensamentos. Todas as questões  que a nossa Alma  se depara,  e que  envolvem o conceito de Espaço, podem ser transformadas, em questões  onde são apenas  consideradas as Variações,  das  diferentes  Sensações, sem  a necessidade de se recorrer a este conceito de Espaço, apenas a linguagem torna-se desnecessariamente  mais complexa,  prolixa e antipática.

                Assim, vemos pela comparação de um e de outro modo de considerar a questão, o quanto o  Espaço Simplifica a forma  de se estabelecer as questões, onde  sejam  necessárias as Sucessões das Sensações. O Espaço  que nos referimos  é um Espaço Subjetivo dentro de cada cérebro . O Espaço mais uma  vez é uma construção Subjetiva que o Ser Humano formula; que pode hoje em dia comparado com o s softwares do tipo DOS ou em linhas, gerais como o conjunto de programas, que podem ser ou não ativados, pelo cérebro.

                Para dar sede aos resultados  do trabalho Subjetivo de Abstração, em qualquer grau , concebemos, também  Subjetivamente, o ESPAÇO.

                 A fundação  da geometria na antigüidade, exigiu como uma necessidade  da Inteligência  Humana, a Instituição do Espaço. As formas geométricas , apreciadas independentemente  dos Seres Concretos, onde se apresentam, deviam ser colocadas em meios apropriados, por um trabalho subjetivo. Então , por este motivo teve a espécie humana, necessidade de realizar  um  meio subjetivo , onde as Idéias das  formas estudadas  fossem armazenadas ou colocadas ou arquivadas.

                A apreciação Positiva do Espaço, dá a este meio  por extensão, utilizada de como sede   das abstrações  referentes  aos  atributos  e fenômenos  físico e químicos. Aplicado também  aos estudos dos fenômenos  vitais , é o Espaço  suscetível de  comportar , todas as  Idéias  da Biologia, colaborando para  a apreciação das Leis  Anatômicas (referentes `as formas e disposições dos diversos órgãos) e Taxonômicas (Referentes `a Classificação das várias formas de organismos vivos). 

                A antiga instituição matemática do Espaço estende-se, portanto,  pela Doutrina Positiva, `a todas as concepções da Escala Abstrata até  Biologia Estática ( Anatomia e  Taxonomia) , tornando-se Inútil  apenas  `as  concepções Dinâmicas da Biologia ( Fisiologia)  e aos  Estudos de Sociologia Positiva e Moral Positiva, onde  há necessidade  de  dar  aos  atributos uma  Sede Real . “ Aplicada dinamicamente, esta instituição torna-se estéril e viciosa. Pois  funções vitais, tanto vegetativas quanto animais, exigem sedes Reais, sem que seu estudo, possa utilizar os  fantasmas emanados do  meio Subjetivo” ( Augusto Comte-Sintese Subjetiva, pag 22).

2) As  Hipóteses   Provisórias.

                Antes  da Instituição  Positiva  do Espaço, desde a antigüidade,  várias tentativas  teológicas e metafísicas foram feitas  para localizar os  atributos ou propriedades sem sede.

                Utilizado durante  a longa fase  de elaboração preparatória da Humanidade, o Espaço adquire sistematização definitiva na Doutrina Positiva.

                Esboçado na mais alta antigüidade, foi consagrado no Oriente, onde  influências especiais conduziram a civilização chinesa à institui-lo, embora com um caráter concreto, algo fora do cérebro.  O culto do Céu pelos Chineses, representa a primeira forma  de  instituição do Espaço.

                A hipótese vaga do éter universal, instituído pela  metafísica, é  também no Ocidente,  um preambulo ao Espaço.

                O Oriente  e o Ocidente,  com criações  provisórias, de natureza abstrata `as quais eram porem, atribuídas  existências objetivas, colaboraram para a formação do Espaço, esse elemento essencial `a sistematização positiva de todos os  Atributos Abstratos.

8)         O  Espaço,   a Terra e a  Humanidade.

                Todas as concepções  humanas , tudo o que a nossa inteligência pode compreender e assimilar, apreciando sob o Aspecto Relativo, Subjetivo e Positivo, está resumido nas Três  Existências - O Espaço , A  Terra e a  Humanidade.

                O Espaço - é o  meio onde  localizamos  os acontecimentos  Abstratos, é  a Sede Universal dos Seres Abstratos sem sede ; é a construção fundamental  de nossa inteligência, para realização  de seu trabalho abstrato. A existência puramente  Subjetiva do Espaço, evidencia bem o seu destino lógico  e sua origem  ao mesmo tempo   estética ou artística e científica.

                A Terra compreende  o conjunto  do meio objetivo  em que vivemos, a sede  de nossas ações. Compõe-se , com seu duplo envoltório  líquido e gasoso, como centro subjetivo que é do Sistema Solar, e os  Astros que  sobre ela  influem diretamente.

                A Humanidade , é finalmente, formada  pelo conjunto de Seres Humanos passados, futuros  e presentes . Nesse conjunto estão  compreendidos apenas  os seres  verdadeiramente  convergentes .

                Esta trindade  formada pela  Humanidade,  a Terra e o Espaço ,  sintetizando  tudo o que é  positivamente apreciável  pela inteligência humana, constitui o verdadeiro guia  de nossas  concepções morais ,intelectuais e práticas.          

                Compreendendo a Teoria  da Natureza Humana, esses  três elementos  representam, respectivamente  o Sentimento , a Inteligência  e a Atividade.

                O  Primeiro Ser a  Humanidade é o  mais próprio para representar o sentimento, porque o coração é o elemento preponderante,  pelo impulso que dá a todos Pensamentos, como também a todas as  Ações.               Assim podemos dizer que  a Humanidade, melhor  representa  o Sentimento, por que no Ser Humano, convergem os Sentimentos, pensamentos e atos, podendo assim  o primeiro adquirir plena  eficácia e representação.

                O Segundo, a Terra, corresponde  em  nossa natureza, `a atividade,  que  representa o  meio  Objetivo, onde  se realizam as nossas Ações, além  de constituir o reservatório universal de todas as nossas provisões materiais.

                O Terceiro Ser,  o  Espaço, é o elemento que melhor corresponde  `a  Inteligência,  como sede  Subjetiva  de todas as Abstrações.  

9) A Concepção ou Idéia do Espaço.

                O Espaço deve ser idealizado e concebido, como privado  de inteligência  e de atividade, porém dotado de sentimento, que é  laço Universal  de todos os Seres Objetivos e Subjetivos; além disso, o Espaço deve ser concebido com a cor branca, sinal universal da Paz.

                A Humanidade  é dos três  elementos  fundamentais de que estamos  tratando, aquele que  sintetiza a existência, isto é, o único  dotado simultaneamente dos três atributos da Alma Humana - Sentimento, Inteligência e Ação .

                 A Terra  é dotada  de dois atributos somente - Sentimento e Ação, faltando a Inteligência.                          

                Quanto ao Espaço , de existência  puramente Subjetiva,  criação interior  de nossa inteligência, tem que ser concebido sem atividade, nem inteligência,  pois quaisquer destes dois elementos,  que viéssemos atribuir-lhe  viria perturbar  complemente nossas concepções Abstratas  pela modificações que espontaneamente  tenderia a introduzir nessas concepções. Nenhum inconveniente entretanto, resulta de lhe atribuirmos o Sentimento.

                Idealizado o Espaço, como elemento também dotado de sentimento, o laço afetivo torna-se  a União Simpática e Natural de todos os Seres, tanto Objetivos como Subjetivos,  apreciados ou concebidos pelo  Cérebro do Homem. 

                Este estudo da Abstração é de importância crucial para  a compreensão da Doutrina Positiva, ele representa  a  antecâmara  da Filosofia Primeira , que corresponde  `as  15 Leis  Naturais Universais ou Fatalidade  Suprema;  representada sinteticamente  também pelo Espaço ou Gran Meio. Somente a Filosofia  que trata  das Leis Naturais dos  Atributos, é que forma a Ciência Positiva.

A Filosofia que estuda a finalidades praticas ; leis dos seres concretos (  gráfico de uma perda de carga de cada  bomba , por exemplo), está  excluído do campo teórico - subjetivo ou científico, e faz parte do domínio técnico ou aplicação tecnológica.  

 

ANEXO II

 

(A) : PARTE ANATÔMICA E ESTRUTURAL -ASPECTO ESTÁTICO  DA ABSTRAÇÃO-               ÓRGÃOS DA ABSTRAÇÃO                   

A palavra Alma representa no sentido em que a empregaremos aqui, o conjunto das 18 funções do cérebro, ou melhor do encéfalo.                                                                                                                                                                                    

                Livre de qualquer  misticismo esta preciosa expressão  Alma, corresponde aos fenômenos mais eminentes  da natureza Encefálica. Se a vida , como se afirma desde Hipócrates é constituída por um  consensus, já que  no organismo  tudo colabora,  tudo contribui e  tudo consente,  esta harmonia interior  deve residir, principalmente,  no aparelho encefálico, que é o seu regulador supremo.                                                                                                                                                                                                       O estudo Positivo das funções do encéfalo, derivou  diretamente de uma série de trabalhos anatômicos relativos ao encéfalo, instituídos desde  a Escola de Alexandria, por Hierófilo e Erasístrato e, desde o XVI século, por  Andreas Vesálius, um sábio-anatomista-biologo, e seus continuadores, Bartholomeu Eustáquio, Fallópio, etc ; em segundo lugar, a atenção dos filósofos e dos  naturalistas , para  o problema  concernente às faculdades morais, intelectuais e práticas  do Homem e dos  outros  Animais.                                                                                                                                                                   

                Destacam-se nesta linha de meditações os filósofos da escola de  David Hume ( Século XVIII), cujas concepções lançaram as primeiras suspeitas da  Inateidade dos Instintos Simpáticos, isto é, de seu aspecto inerente à nossa natureza animal, sob o fato que o Homem  e os outros  Animais , nascem com o instinto  que os levam à viver para outros.                                                                                                                                                                                                                     Como  Naturalista,  Jorge Leroy ( Século XVIII)  refutando o que ainda existia  de  automatismo nas concepções de Descartes, relativas aos animais, afirmou  mediante  uma série de engenhosas observações que nestes existia  não só inteligência como também sentimentos  desinteressados.                                                                                                                                                                        Firmado nesta dupla  preparação e não esquecendo os apanhados empíricos  que a sabedoria popular acumulou a respeito; um pensador germânico, Franz Joseph Gall (1825) abordou de  um modo positivo, o problema  das faculdades  encefálicas, criticando vigorosamente o espírito metafísico, senhor até então , de um tal domínio especulativo.                                                                                                                                                                                                               Os trabalhos  fisiológicos até então, elaborados, definiam o Encéfalo como um órgão único, cujas  funções  se ligavam  diretamente  à sensibilidade e à  motricidade.

                A Inteligência que sucede às Sensações  era  por completo entregue à  metafísica  reinante  como  faculdade humana por excelência.

 

                Quanto  as  funções afetivas estas eram em grande parte  localizadas nas vísceras , segundo uma velha tradição;  e espíritos, já bem avançados, como de Pierre Jean Georges  Cabanis  e mesmo  Xavier Bichat,(cuja  morte  prematura não o permitiu  meditar sobre tal assunto), ainda assim acreditavam; O Fígado era a sede da Ira - o que na verdade era o encéfalo que no estado emocional de Ira, afetava o fígado e por conseguinte   a própria digestão :  no entanto, hoje sabemos , que há uma intima ligação entre os nossos estados emocionais e a operacionalidade  das Vísceras, cuja a interface  é feita pelos nervos e conhecida  como Sistema  Nervoso Autônomo, que é afetado pelos Sentimentos

                Quanto ao método,  este  se baseava  na observação interna a qual estreitava, por demais,  o campo das especulações, por isso que só se podia aplicar ao estudo do homem adulto, sem eficácia, como diz o Médico Broussais, com  relação às idades,  nem aos estados patológicos e  ainda menos,  como observa  Augusto Comte, poderia  estender-se aos  outros animais, os quais,  como as crianças e os loucos,  nunca nos  dariam conta  do  resultado destas  observações.

                Gall baseou sua construção em dois princípios filosóficos: 1) que são inatas as diversas disposições fundamentais, afetivas, intelectuais e práticas ; 2) Que são múltiplas as faculdades  essencialmente distintas, radicalmente independentes, umas das outras, embora  a concretização dos atos correspondentes   exija   ordinariamente, a sua colaboração  mais ou menos complexa. 

                Considerada Anatomicamente esta concepção fisiológica do Encéfalo, corresponde à sua  repartição num número de órgãos parciais, simétricos, como os órgãos da vida  do Soma, os quais,  embora  contíguos, e mais  semelhantes uns com os outros, do que os órgãos  de qualquer outro sistema; sendo por conseguinte, mais simpáticos,  e mesmo  mais  sinérgicos,  são porém essencialmente distintos e independentes uns dos outros,  assim como,  com relação aos gânglios,  respectivamente  relacionados  aos diferentes sentidos externos.

                O Encéfalo é pois um aparelho em vez de um órgão único ;  Gall , portanto  reconheceu  a menos de 175 anos, o direito de cidadania na fisiologia ao Sentimento do lado da Inteligência.

                Em oposição a uma unidade absoluta do  “ Eu”  metafísico, ele verificou  a multiplicidade da natureza humana   e animal,  a qual é assim  solicitada em diferentes sentidos,  por afeições distintas, cujo equilíbrio se torna penoso quando qualquer delas  não prepondera o suficiente.

                Gall, foi o  inspirador de todos os trabalhos científicos sobre o Encéfalo, que se sucederam aos seus,  e embora   esquecido na melhor  de suas produções ( pois foi, e é  tido apenas  por um  cranioscopista) , toda a doutrina  das  localizações Encefálicas, se inspirou em seus  geniais  trabalhos.

                Embora Gall , muito se adiantasse  como profundo pesquisador e  conhecedor da anatomia do Encéfalo ( Flourens um grande anatomista da época, admirava-se ao vê-lo dissecar este órgão) ,  foi Gall principalmente  um  fisiologista.

                Instituindo ao seu modo o Encéfalo,  como   sede das faculdades , não há dúvida que ele já estabelecia  hipóteses positivas,  verificáveis;  eram  relações  entre órgãos e funções  que ele estabelecia, independentemente  de  quaisquer considerações   sobre  a existência  de  um ser imaterial - Alma- que   fosse o responsável direto e último, da manifestação  destas funções psíquicas, como supunham e supõem os Espiritualistas.

                Os fisiologistas contemporâneos de Gall, tentaram determinar a sede da inteligência , pelo método objetivo, experimental, mas este, não é o processo lógico que mais convém a tal  domínio especulativo.    

                Muito restrito é  o seu uso,  no que  diz respeito aos fenômenos  mais eminentes da vida , como são os acontecimentos Encefálicos.

                Instituíam-se experimentos em que se  mutilavam Encéfalos de animais  superiores,  aves por exemplo, subtraindo-lhes  porções, e deste modo, procuravam ligar  os  sintomas  decorrente de tão graves lesões, como a inaptidão para a marcha, para o vôo,  à função  da parte  que havia sido removida.

                Diante, destes experimentos em que se tratava, com fragrante menosprezo à integridade orgânica, precisamente no mais  harmonioso dos   aparelhos, dizia Gall (Século XVIII -XIX): “ Quando se lêem as experiência dos nossos fisiologistas, sobre o cérebro,  parece que todo o sistema nervoso,  mormente  o Cérebro e o Cerebelo, são concebidos por eles,  como formados  de  fragmentos de cera aplicados uns contra os outros” . E,  após sensata crítica,  estabelecia Gall os seguintes  princípios : “ É  efetivamente impossível impedir a  influência recíproca das diversas partes do sistema nervoso, e  isolar as  irritações, as mutilações, obtendo  resultados distintos e específicos. É uma pretensão absurda , querer aplicar às faculdades Morais e Intelectuais do Homem, os resultados vagos  arbitrários  e  inconstantes,  tanto quanto estão  mal observados  nos  galos , nas galinhas, nos pombos, nos coelhos etc” . 

                A pesar da justa autoridade de Gall, e de suas vistas de tão elevado alcance filosófico,  prosseguiram  os fisiologistas, em tentar determinar as sedes  das faculdades mentais e demais funções Encefálicas,  por meio de experiências objetivas . Aos cortes e mutilações  sucederam as aplicações de correntes elétricas , mormente com  os trabalhos de  Fritche e de Hirtzig  na Alemanha e Ferrer na Inglaterra.(Século XIX)

                As discordância  e as contradições  entre os operadores-anatomistas  não cessaram de proclamar  a veracidade das conclusões de Gall. Referindo-se  às  vivissecções  efetuadas no Encéfalo,  chegou o médico Positivista D. Bridges a proclamá-las tão inúteis,  como a  inspeção das entranhas das vítimas, pelos Augúrios romanos - ou Sacerdotes  Adivinhos; As Pitonisas - feiticeiras que  previnham o futuro ; na Grécia,   os Oráculos, que adivinhavam o futuro.

                A  Sede da Inteligência no Lobo  Frontal, como  concebeu Gall e corroborado por Augusto Comte emancipa assim, de qualquer  entidade ontológica - a Alma - bem como a faculdade da Expressão; esta também  localizada no Lobo Frontal,  como uma função encefálica única - a exceção  da discordância,  quanto  à sua  localização-  constitui um legado de Gall .

                Devemos porem assinalar que em face  das decepções  do método experimental, uma reação se despertou em prol da observação patológica como fonte de esclarecimentos  para a  fisiologia encefálica . Existem, com  efeito,  vantagens   em semelhante processo nos estudos biológicos , uma vez que as moléstias  são  verdadeiras experiências expontâneas, no entanto  hoje temos  modernas técnicas  de neuro-imagens; tomografia  computadorizada por ressonância  nuclear magnética  e  tomografia computadorizada  , por emissão de   pósitrons.

               

Lançando as Bases  Positivas do problema Moral do Homem e dos outros Animais ,não lhe deu todavia,  o pensador germânico,  a solução completa.

                O Filósofo que por lhe haver apanhado o alcance dos trabalhos,  salvo-o do esquecimento , recomendando-o à  mais remota  posteridade, foi  Augusto Comte ; Broussais, por este estimulado, terminou a sua gloriosa carreira acolhendo a Frenologia ou doutrina de Gall.

                Cumpre-nos agora mostrar  os  aperfeiçoamentos que o fundador  do Positivismo imprimiu na Obra de Gall ; exporemos num apanhado sucinto a Teoria das Localizações  dos Órgãos Encefálicos segundo Augusto Comte.

                Como já vimos, Gall  inaugurou a Doutrina Encefálica  Positiva, mediante a  distinção entre  o Sentimento e a Inteligência, proclamando ainda a seu modo a preponderância  do Sentimento sobre a Inteligência. Sobrepujando assim  as diversas aberrações teóricas  que neutralizavam a sabedoria popular.

                Apesar disto foi defeituosa  a sua distribuição, dessas  faculdades  elementares; e, classificando-as, ele as multiplicou arbitrariamente.  Mas  as faltas mais notáveis de Gall,  referente as funções da inteligência, onde sua análise se  tornou empírica e incoerente.

                Reagindo contra as concepções  metafísicas de  Condillac, quanto à preponderância dos sentidos,  Gall transportou aos  órgãos cerebrais, atribuição dos gânglios, da visão e do órgão auditivo,  como, por exemplo,  o talento especial para  a  pintura, a musica etc. 

                Gall isolou o Encéfalo do  Soma, esquecendo as  suas mutuas interdependências, a pesar do trabalho de Cabanis, que melhor compreendeu a verdadeira integridade vital.

                A existência individual, em seus acanhados limites,  não podia  oferecer espaço suficiente, para uma completa meditação  sobre o problema moral e intelectual. Foi preciso portanto, que o  construtor da doutrina cerebral, tivesse concebido em suas meditações , o espetáculo histórico,  contemplando, deste modo, em seus grandes resultados coletivos, os atributos mais nobres do Homem. Assim, não se pode obter da observação  pessoal,  mais do que  a verificação de leis descobertas através da   evolução social. Mas uma tão preciosa  confirmação, só poderia ser bem estabelecida em relação aos animais, nos quais as disposições inatas  estão bastante isoladas  das  modificações adquiridas.

                Dotados  das mesmas faculdades que o homem,  quaisquer que sejam as diferenças de grau, servem os demais animais de ponto de partida,  pois  se a apreciação humana complicada pelas influências sociológicas, nos dá funções elementares, que não se encontram nos animais  ditos superiores. Devemos por isto, crer que  se tornaram como irredutíveis, funções  verdadeiramente compostas. Combinam-se deste modo  em Augusto Comte  os dois aspectos, o Biológico e o Sociológico, para formar o Moral.

                Quanto a parte Biológica, o princípio da construção  da Teoria Cerebral de Augusto Comte, consiste  em sua  instituição  subjetiva, isto é, na subordinação sistemática  da anatomia à fisiologia.

                Já os fisiologistas  conhecem  o valor deste processo;  é assim que se  distinguem os  nervos sensitivos ( ou aferentes) dos nervos motores ( ou eferentes) , bem como os diversos modos  de perceber a sensação, contidos no  feixe nervoso da  tactilidade. Anatomicamente falando,  estes diferentes nervos são de uma  natureza homogênea. As determinações dos órgãos cerebrais, devem  constituir, portanto, um complemento  e resultado das práticas de observações  fisiológicas.

                Determinar semelhantes órgãos pelo método experimental, órgãos morais e  intelectuais é inexeqüível. Poder-se-ia fazê-lo mediante o Método Patológico,  fundando deste modo uma Teoria Cerebral ou Encefálica, que  possivelmente poderão ser  reforçadas  por  práticas hipnóticas .

                O Método Patológico ordinariamente utilizado referindo-se às diversas afecções somáticas,  consiste  em  inferir  as  funções  de um órgão , comparando sucessivamente  um organismo são, com outro organismo doentio,  naquele  órgão que se deseja conhecer a função correspondente.

                Com o mesmo tipo de raciocínio  inferido pelo Método Patológico aplicado ao Soma, procurou-se  aplicar a mesma sistemática ao Encéfalo . O Grau de dificuldade surgiu em virtude  de não se possuir  os padrões  de saúde , afetiva, intelectual e prática, determinados  com suficiente precisão, conquanto o conjunto das religiões,  jamais houvesse esquecido de apresentar, verdadeiros  modelos  de  virtude , sabedoria e abnegação. Além disso, ficou faltando, considerar as influências negativas e positivas  que os órgãos do Encéfalo podem exercer sobre o Soma;  Saúde ou Doenças  Orgânicas , hoje em dia  irreversíveis   e que no futuro  sob a  orientação da medicina psicossomática, se abrirão para o Homem; os “milagres”  da sobrevivência  quase eterna,  pelo domínio do Soma ou Corpo pelo Encéfalo; e pelo domínio do Encéfalo pela Humanidade, regido pelo Amor e esclarecido pelo Conhecimento Cientifico das Leis Positivas , que regem o Mundo  e o Homem, em sua existência e desenvolvimento Altruístico.

                  Em função desta dificuldade, o grande gênio Augusto Comte, necessitou haver primeiro concebido a filiação histórica, isto é,  o método da sociologia -para projetar no futuro  o ideal de um Ser Humano ( Homem e Mulher) e de uma sociedade, plenamente  sadios do ponto de vista afetivo, intelectual e prático, para servir como  modelo subjetivo para as  comparações  com os diversos  casos  objetivos  individuais e coletivos.

                Esta  questão foi solucionada  com a grande ajuda  de Clotilde De Vaux , uma mulher terna e pura , inteligente e ativa , que  mostrou a excelência do sexo afetivo permitindo a Augusto Comte superar todos os preconceitos do seu tempo e  conceber com  nitidez  o Ideal  Feminino  e não feminista ; Simultaneamente  os próprios progressos  que  esta  Musa determinou no conjunto do psiquismo do Mestre Augusto Comte ,permiti-o por seu turno  idealizar  com mais  nitidez  o Homem  Mentalmente  e Moralmente  Sadio, para servir de Padrão  Abstrato, para as comparações com os diversos  indivíduos.

                Esta união veio ainda consubstanciar um capitulo da Moral Positiva, que se refere a  um assunto de importância vital  para a sobrevivência  unitária e social  da nossa espécie ;  ou seja,  harmonização recíproca do Homem com a Mulher, pela utilização  sistemática   da complementaridade natural que existe   no conjunto dos seus atributos  psíquicos- afetivos , intelectuais  e práticos - com base na lei de Aristóteles- Príncipe dos Filósofos : “ Separação dos Ofícios e Convergência dos Esforços”.

                Continuando: o método patológico é realmente  uma fonte de averiguações,  mas sem que  possa o  observador  dispensar uma ação filosófica que o guie . Em assunto complexo  como é o da Alma , sem uma Teoria Positiva do Cérebro Normal, criada por Augusto Comte,  a qual não dispensa  a observação social, os dados importantes passam desapercebidos, assim como fatores meramente  circunstanciais são tidos na conta de indispensáveis. Não se  daria mesmo uma  noção exata da loucura. A observação servira para modificar, até certo ponto , as hipóteses,  as quais  devem ser instituídas  sempre as mais  simples ,  estéticas  e simpáticas  de acordo com os dado  adquiridos.

                A determinação dos órgãos cerebrais ou melhor do Encefálicos, Morais (Sentimentos) , Intelectuais (Espirito) e Práticos (Caráter),   realiza-se  em duas operações: 1)  a sua  enumeração e 2) a sua disposição. Uma e outra operação  dependem por sua vez de : a) Uma perfeita observação  nas faculdades elementares do encéfalo:  Morais ou Sentimentais, Intelectuais e Práticas; de modo que, cada uma delas, sendo irredutível, corresponda à uma sede estática, isto é, um pedaço do Encéfalo;  b) uma classificação destas mesmas faculdades, visto como a  disposição dos órgãos tanto Biológicos, como os órgãos de Abstração ou Psíquico, se deve conformar  com as  verdadeiras relações  das funções correspondentes,  afim de permitir a  harmonia geral do encéfalo.

                Quanto ao volume e a  forma de cada órgão, Augusto Comte  considerou uma  questão secundaria, em sua elaboração, o que dependerá do   Método Objetivo,  anatômico  ou direto a ser posteriormente  instituído, que até hoje ainda bairam dúvidas.

.               Augusto Comte manteve , consolidando e desenvolvendo a distinção anunciada por Gall, entre o coração (sentimento) e o espírito (Inteligência), isto é , entre o  Sentimento  e a Inteligência, consagrando  a preeminência  do primeiro com uma verdade  aforada  à ciência moderna, para localizar estes dois atributos gerais , procedeu o filósofo `a hipótese mais simples, que o caso podia comportar. Assim,  colocando o problema encefálico em seu ponto inicial, já se conhecia  os dois aparelhos externos, com os quais o encéfalo se comunica, o aparelho sensitivo ( órgãos do Sentidos) e o aparelho motor ( o conjunto dos músculos), estes dois últimos , hoje em dia, conhecidos como Grandes Vias Aferentes  e Grandes Vias  Eferentes , respectivamente.

                Ora são os órgãos intelectuais ou da Inteligência, os que  entretém relações diretas com os sentidos,  cujas as funções externas  eles concentram  e complementam ; nestas condições , fica a massa encefálica, dividida  em duas grandes porções, uma frontal, correspondente a Inteligência  e outra  posterior (baixa, média e alta), correspondente aos  Sentimentos ( Coração) .

                A palavra Simpático (Simpatia e Afeição) sofre uma divisão entre o Sentimento propriamente dito e o Caráter,  porque,  ao passo que o primeiro designa o impulso , a palavra caráter isolada  representa o conjunto das qualidades  de execução,  qualidades práticas , das quais dependem os resultados efetivos mesmo no encéfalo dos pensadores -Cientista, filósofos ,escritores , músicos etc.

                Cedendo à  justa   autoridade de Gall, Augusto Comte  acolheu, em sua filosofia, uma distinção entre  Sentimento e Pendor, nos quais o filosofo acabou reconhecendo apenas a  expressão de dois modos alternativos de toda  força positiva,  principalmente vital  e sobretudo animal. Cada função afetiva , portanto, representa um pendor, isto é, uma inclinação ou tendência ou propensão , quando se torna ativa;  e um  Sentimento, quando se torna passiva.

                Quanto ao termo Instinto, este, em sua verdadeira acepção exprime todo o impulso,  expontâneo para uma determinada direção; e tanto constitui  uma função em qualquer animal como  especificamente no homem. Mas tal termo , é mais usado para representar  os pendores mais grosseiros e mais enérgicos  da natureza animal, como o pendor nutritivo ou o  sexual.  Ainda há quem use a palavra Instinto para exprimir as tendência para os atos, nos demais animais à exceção do homem; como se fossem impulsos mecânicos, distinguindo-os assim das ações do homem. Isto porém  representa resquícios do  automatismo de Descartes, o qual  já não se pode mais admitir depois de  inúmeras e judiciosas observações de Jorge Leroy, as quais  já nos referimos (Cartas sobre os Animais)  e de outros que o sucederam.

                O pendor mais grosseiro e mais geral   na escala dos seres  zoológicos é o nutritivo. Os pendores                 mais nobres surgem à medida que se  sobe na escala zoológica,  sendo mais raros  o número de             seres  a que estes   pertencem.

                Anatomicamente o encéfalo representa uma expansão da medula, ele se desenvolve de traz para adiante. Na serie  vertebrada, as partes superiores  e anteriores rudimentares no peixe,            desenvolvem-se até os mamíferos mais eminentes.

                Determinando as sedes para os dois grupos de tendências  egoístas e altruístas,  a Teoria Positiva  dá a  extremidade  anterior da região afetiva `a  sociabilidade ( Occipital Alto) - na parte  traseira, da parte mais anterior  do Lobo Posterior ou do Lobo Occipital - Região da Moleira da Criança. Para uma massa mais considerável, a  Personalidade, reservando-se as porções  mais posteriores, isto é, ( Lobo  Occipital baixo e médio) aos instintos mais grosseiros (nutritivo, sexual, materno, destruidor, construtor, orgulho e vaidade).

                Deste modo, parte-se  anatômica ou estaticamente  falando, debaixo para cima, isto é , da parte  posterior  e inferior do encéfalo - occipital baixo, para sua porção  ântero-superior (occipital alto); do mais grosseiro egoísmo, (que confina com o corpo ou soma, pela medula),  para o supremo altruísmo,(que limita com a   região da  mentalidade ou intelectual).

                Semelhante disposição estática consolida a harmonia entre os dois  grandes atributos - A Inteligência e o Amor( Apego, Veneração e Bondade - O  Altruísmo).

                Com efeito, mais do que o egoísmo, é o altruísmo apto para dirigir  e estimular  a inteligência.

                Sobre este texto podemos citar  Augusto Comte :

                “ Ele ( O Altruísmo) fornece-lhe (à inteligência) um campo mais vasto,  um fim mais difícil,  e           mesmo uma participação mais indispensável. Sob este último aspecto, sobretudo,  não se sente           bastante que o  egoísmo  não tem  necessidade de nenhuma inteligência,  para apreciar  o objeto        de sua afeição, mas  somente para descobrir os meios  de satisfazê-la. O Altruísmo pelo   contrário,  exige além disso, uma assistência mental,  afim de conhecer o Ser exterior, para qual         ele tende sempre. A existência social não faz senão  desenvolver ainda mais  esta solidariedade     natural, em virtude da maior dificuldade  em compreender o objeto coletivo da  Simpatia. Mas        já a vida doméstica  manifesta a sua  necessidade constante,  em todas as espécies  bem      organizadas.” Política Positiva - Tomo I - Pag 694.

 

                Assentada   a base da Vida Moral no dualismo assinalado, egoísmo e altruísmo, uma operação intermediária  transforma-o numa progressão ternária, interpondo entre  o egoísmo propriamente dito e o altruísmo ( Apego , Veneração e Bondade),  uma ordem  de Sentimentos de  caráter  duplo , pessoais  quanto a origem e fins,  e sociais quanto aos meios , pois a satisfação a que dão lugar depende dos laços entre cada indivíduo e os seus  semelhantes.

 

                A sede dos instintos Egoístas  de Transição ( Instinto de Aperfeiçoamento + O Instinto de Ambição) ficam sendo uma,  a qual deve  ocupar partes progressivamente mais  altas do Lobo Occipital.

                Consideremos cada um dos três grupos, Moral, Intelectual e Prático das funções psíquicas ou abstratas do Encéfalo.

                As funções psíquicas  ou abstratas referentes  ao interesse direto, que constitui o egoísmo fundamental, dividem-se em duas ordens de instintos, da conservação  e de aperfeiçoamento.

                Os primeiros, que são os mais enérgicos e mais universais, comportam igualmente  uma distinção, segundo se referem à  conservação do indivíduo ou   da espécie.  O primeiro - conservação do Indivíduo, é mais geral;  o segundo - conservação da Espécie, revela-se nos seres onde  sexos são separados ; o primeiro é chamado  instinto nutritivo, devido `a sua principal atribuição,  devendo-se não esquecer que ele está ligado a tudo que se refira , direta ou indiretamente à  conservação material do indivíduo.

                Gall eximiu o instinto nutritivo, de uma sede especial no Encéfalo. Haja visto como nos animais destituídos de encéfalo, como por exemplo os protozoários, verifica-se a manifestação   do instinto Nutritivo. Mas ,se a mais ínfima animalidade,  pela falta completa de diferenciação, comporta a  ausência de sede especial,  para o mais  fundamental dos instintos - o Nutritivo, a determinação de tal localização,  é tanto mais imprescindível, quanto o animal cresce em dignidade, isto é, quanto mais  ele se aproxima do Ser Humano,  a qual  solicita pendores mais variados, cujos os diferentes impulsos desviariam o Ser, dos cuidados da  conservação,  se um órgão particular, para o instinto Nutritivo  não lhe proporciona-se  uma  garantia  preponderante.

Comecemos agora  a enumeração dos órgãos dos instintos Egoístas ou Pessoais, isto é :

                O Instinto nutritivo se localiza assim, na parte  cerebral  mais inferior, e mais próxima possível        do aparelho motor e das vísceras vegetativas.

                O Órgão  destinado ao instinto nutritivo é o cerebelo onde estão as funções  Motoras  do equilíbrio entrelaçadas com os dos Movimentos; Movimentos estes os Voluntários, em sua parte mediana, ficando as porções laterais dedicadas à sede  do instinto sexual ou reprodutor, ao instinto de conservação individual, onde Augusto Comte denominou nutritivo em virtude de seu principal atributo. Mas convém notar e não esquecer nunca  os outros atributos deste instinto; é ele por exemplo, que nos impele a tudo quanto pode  assegurar a conservação da nossa existência; assim , é o instinto nutritivo, que suscita todos os movimentos que asseguram os nossos equilíbrios, ele é ainda o que nos submete às vezes a dores,  a grandes sofrimentos  para  salvação da nossa vida. É o instinto  verdadeiramente universal na escala zoológica,  existindo até nos tipos mais rudimentares. Mas,  a conservação da espécie,  além do instinto sexual,  compreende o instinto materno, o qual, prende o animal aos produtos e aos filhos; primeiro destes instintos, isto é,  o sexual,  é mais enérgico e  mais geral, pois  se verifica  nos animais de  sexos já separados,  sem que ainda se  revele  nenhuma solicitude da parte dos progenitores  para com os filhos.

                Assim,  a localização conservadora  forma a progressão ternária :  Instinto Nutritivo,  Instinto Reprodutor e Instinto Materno. Estaticamente sucedem-se as três sedes:  Parte Média do Cerebelo, ( Órgão Impar) ; seus Lados ( Órgão Par);  Porção Médio Posterior do Cérebro Inferior( Órgão Impar), respectivamente.

                Comparados os dois instintos  da Conservação da Espécie, ou seja, o instinto sexual e o materno; verifica-se que um, o sexual,  é mais  grosseiro, prepondera  no sexo masculino; e o outro, o materno, é mais nobre, e prepondera  no sexo feminino.

                Seguem-se aos dois  citados  instintos dos  Aperfeiçoamentos, um por destruição e o outro por  construção .

                Ao passo que os instintos da conservação  se referem à  vida  vegetativa ou de nutrição, estes concernem à vida animal ou vida de relação; mais elevados,  embora ainda colaborem como satisfações  pessoais      .

Os instintos do Aperfeiçoamento são dois, Instinto Destruidor ou Militar; e o Construtor ou Industrial.

                Os dois termos Militar e Industrial traduzem as duas tendências na espécie humana em que, de fato, eles atingem seu termo supremo;  o primeiro, o Instinto Militar pela conquista permanente, preparando a Paz; e o segundo, o Instinto Construidor, preparando a  Indústria coletiva.

                Quanto ao papel dos dois pendores do  aperfeiçoamento, um impele a destruir os obstáculos;  o outro,  a construir os meios; o primeiro,  mais indispensável, mais fácil,  mais universal, que o segundo. Este  porém existe, em todos os animais em que  os  instintos de conservação, mormente o materno, exige trabalhos especiais, donde emanam as tendências construtoras dos animais,  sobre a influencia da maternidade ; como as aves, que preparam os ninhos, etc.

                A sede do instinto construtor,  reside ao lado do órgão materno, devido às relações  dinâmicas  entre dois pendores, o instinto construtor e materno ( órgão par);  a sede do instinto  destruidor, acima do órgão materno ( Órgão Impar) ; as tendências intermediárias , de caráter ambíguo,  compreende os dois pendores- o Orgulho , isto é, a necessidade de domínio ;  a Vaidade  isto é,  a  necessidade de Aprovação.

                Ambos dependem em suas satisfações, dos laços sociais, sendo que a Vaidade é sob este aspecto,  superior ao  Orgulho.

                Apreciados , na Espécie  Humana, os dois instintos, Orgulho e Vaidade, eles caracterizam os dois poderes - o Temporal e o Espiritual respectivamente; e o que  comanda e  o que aconselha respectivamente;  um tende ao comando,  ao ascendente pessoal pela força; o outro, pela persuasão ou convencimento, respectivamente.

      As respectivas sedes acham-se colocadas: a do Orgulho ao  lado do Órgão Industrial ( Órgão Par- Instinto Construtor ), o da Vaidade, acima do  mesmo órgão ( Órgão Impar). Termina assim  a região afetiva  fundamental  por um órgão mediano, como aquele que a  começou.

Completa-se assim , a Progressão Estática  fundamental,(Parte  Anatômica e Estrutural  da Abstração - Órgãos da Abstração) a lógica das interfaces  e interdependência , grupando os 7 pendores pessoais, comuns a quase todos os animais superiores,  de acordo com as atividades ou funções.

                Passemos agora aos Sentimentos que nobremente determinam a vida Moral; os Altruístas.

                Menos enérgicos e mais eminentes que são eles, formam uma progressão ascendente; formam pluralidade segundo as determinações de  Gall, disposta em progressão ascendente :

                                                Apego,  Veneração e Bondade.

                Em sua fraqueza  encontram  estes pendores  uma compensação em sua índole eminentemente social; permitem a colaboração, livre de conflitos, em que os seres podem saborear  as mais profundas e agradáveis  emoções.

                O primeiro ( Amizade ou Apego) é mais enérgico,  liga sempre dois seres , a um tempo; é o instinto da igualdade, e é a base da vida doméstica, ligando os cônjuges, os irmãos e os amigos entre eles.

        A Veneração aplica-se aos superiores; aos pais, aos mestres , aos antepassados, aos Grandes Vultos da Humanidade. E a todos os fenômenos que estão fora de nossa  intervenção.- Poder da Terra, dos Astros, as órbitas dos astros, o nascer  e o pôr do sol;  as erupções, os degêlos, as tempestades,  as tormentas etc.

                O caráter essencial da Veneração é o da  submissão voluntária ; animais há, como o  cão eminentemente dotados  deste  sentimento.

                A Veneração  estabelece transição  para a  Bondade, ou o amor universal,  esboçada pela teologia na caridade cristã . A bondade prende-nos aos inferiores; sua destinação é geral,  enquanto que a dos dois  primeiros é especial.

                De acordo com Augusto Comte :

                “ Seu caráter ( da bondade) consiste, com efeito, em uma destinação coletiva qualquer que seja a sua extensão. Desde o amor da tribo ou da povoação, até o mais vasto patriotismo, e mesmo até a  simpatia para com todos os seres  assimiláveis,  o sentimento não muda de natureza;  ele se enfraquece  e enobrece, segundo, a lei , comum de minha série  afetiva” - Política Positiva Tomo I - Pag 703.

                Retificada pelo filósofo Augusto Comte, algumas opiniões de Gall quanto à  localização dos três instintos Altruístas, acha-se  esta   do seguinte modo determinada : a da  Bondade, na mais elevada porção mediana do cérebro occipital; a da veneração imediatamente atras da Bondade. O Apego,  porém, reside  em órgãos pares  aos lados  do órgão da veneração. O Apego,  inclinado de ante para traz,  vem ligar-se, em baixo , ao órgão da Vaidade, mantendo assim  a continuidade total da vida afetiva.

Termina deste modo  a região afetiva do Encéfalo por um órgão par, Apego e dois impares(veneração e bondade)

               

Passamos a apreciar as funções concernentes à inteligência:

                Distingue-se duas funções mentais:   Uma relativa à  Concepção  e  a  Expressão . Existe uma grande conecção entre as duas, como o provam  certos termos;  a palavra lógica  oriunda de um  termo grego , quer dizer palavra, e aplica-se ao raciocínio. A pesar de ligadas, as duas funções  da concepção e da  expressão, permanecem independentes, como o provam os casos de moléstias, que exaltam uma ,  deprimindo outra ; e o desenvolvimento da linguagem,  durante a infância o qual precede  o  desenvolvimento do raciocínio.

                Augusto Comte  portanto adota a opinião de Gall, que elegeu um órgão especial para a Linguagem, não só no homem como em todos os animais  superiores.

                Quando as relações animais são ainda embrionárias;  a simplicidade orgânica, não permite  mais que dois órgãos : um para cada função, a expressão e a  concepção. Desde que o  cérebro se desenvolve ,  que as relações animais se ampliam, com o surto do  instinto materno, pode-se dizer que o  aparelho intelectual se complica, pela divisão da  faculdade  de concepção,  enquanto que a da  expressão, permanece simples.

                A Concepção divide-se  em ativa e passiva,  embora harmônicas.

                A primeira qualifica-se de  Contemplação,  a segunda de Meditação.

                Residem  as respectivas sedes  :  a da Contemplação, na parte inferior  do Lobo Frontal ;  e a da     Meditação, na parte superior do mesmo.

                Augusto Comte faz resultar tal determinação anatômica de duas ordens  de considerações subjetivas: há necessidade de aproximar dos órgãos  sensitivos à função cerebral, que é a única que  se liga diretamente as suas  operações ( Contemplação ), e por outro lado, a obrigação de  fazer suceder à  região afetiva, o órgão intelectual que, em virtude dos dados que fornece ao exterior, tem de apreciar  a conveniência final dos impulsos, que emanam dos  diferentes pendores (meditação). Resolve-se assim, o dualismo mental, em uma  serie ternária : a  Contemplação,  a Meditação e a  Expressão.

                A Contemplação e a Meditação sofrem por seu turno,  uma divisão, para que se chegue às  funções verdadeiramente  irredutíveis. Assim, a contemplação  ou  é concreta, referente aos seres, ou abstrata referentes aos atributos.

                À  semelhante divisão , correspondem órgãos também distintos;  o órgão da contemplação concreta está mais ligado às  impressões exteriores, do que o da  contemplação abstrata.

                Menos aproximada dos sentidos, do que a  observação concreta , a sede da observação abstrata, representa um órgão impar, colocado na linha mediana como alias exige  a solidariedade mais intima  de suas duas metades.

                O Órgãos da  Contemplação concreta é par,  do qual  uma das partes ,se acha  acima do  olho correspondente e tendendo para a  orelha vizinha.

                O  Aparelho  da  Meditação compõem-se de dois Órgãos ;

                                                o da Meditação  Indutiva e o da       Meditação  Dedutiva.

      O Órgão Meditação Dedutiva  é impar, e ocupa o meio da parte superior do Lobo Frontal. O Planejar depende sobretudo dele .A sua sede  fica deste modo, em contato com a dos  pendores mais nobres; a ordem contígua  ao AMOR ( é preciso que o  órgão que liga intelectualmente os acontecimentos ( Meditação Dedutiva),  resida perto do instinto que afetivamente ligue  os Seres - (Órgão da Bondade).

                O Órgão da Meditação Indutiva  é par,  e cada metade  está em contato com o  órgão observador - (Contemplação Abstrata) , que lhe fornece  os dados  habituais - Idéias .

                Resta-nos o Órgão da Expressão:  a função deste órgão consiste em  inventar  os sinais  para comunicação  dos sentimentos e dos  projetos .

                No início da escala  zoológica, a linguagem  cifrava-se nos próprios atos, os quais traduziam e traduz  os impulsos , de onde dependem.

                Quando a relações morais dos animais se complicam, a expressão  se torna artificial , formando-se então , pela decomposição   dos gestos e dos sons, os sinais ;  no primeiro caso estes  são  representados pelos  gestos  e pelos movimentos, mais expontâneos, correspondentes às paixões ; no segundos  institui-se  a linguagem verbal.

                A  Teoria  Cerebral dá ,  como sede  da expressão , cada  extremidade  lateral  da região especulativa, ( Lóbulo Frontal- local da Inteligência), estendendo-se  depois,  para as frontes,  ficando  , assim  eqüidistante  do olho e do ouvido, seus principais auxiliares ; e por outro  lado,  fica esta sede  contígua à região  ativa do cérebro- Caráter,  da qual esta região  contém um laço   imediato com  o conjunto  do aparelho  - o conjunto dos  três (coragem, prudência e firmeza).

                Vejamos agora  a aptidão prática  ou as funções do caráter.

Todo Ser ativo, diz Augusto Comte , deve  ser dotado  de coragem , para  empreender ; de prudência para executar ; e de firmeza para realizar.

                As sedes destes atos  devem confundir-se com a região afetiva e com a especulativa , do que        depende  a eficácia  de sua atividade, igualmente útil a vontade e ao conselho.

Para a Firmeza  ou Perseverança , fica  destinado um órgão médio , já assinalado por  Gall, atrás da  Veneração  e na frete  da sede  atribuída por Augusto Comte  à Vaidade.

                Aos lados  (órgão par)  reside a Prudência , inclinada para adiante , até a região intelectual, e         cruzando, no início com o órgão do Apego, que pende em sentido inverso.

                O órgão da Coragem fica colocado  ao lado do órgão impar da Vaidade. Os três órgãos da              atividade ou caráter,  acham-se colocados  na mesma ordem , segundo o crescimento em          dignidade, e o decréscimo em generalidade; dispondo-se os órgãos, da coragem  para a     perseverança , de traz para adiante  e de baixo para cima.

                               Apresentamos, no quadro I, o esquema  cerebral,  não algo  que se ache  nas obras de Augusto Comte; ao contrário , segundo o próprio,  a sua  Teoria Cerebral  não comporta , nenhuma representação gráfica, pois a forma  e a grandeza  de cada sede ficam ai  indeterminadas (Vide Política Positiva - tomo I ; pag. 730).

                Em vez de  escrever as funções cerebrais  num quadro esquemático, indicamos aqui sobre um desenho de um cérebro, segundo a ordem estabelecida pelo  Filósofo, sem a mínima pretensão de localizar, os órgãos com precisão ; a precisão fica somente apontadas segundo as suas mútuas  relações.  

                Em função da evolução da ciência  aos dias de hoje , vamos neste momento trazer algumas novidades , apenas como mera colaboração intelectual, para   mostrar   aos leitores , que Augusto Comte , não foi contestado  em suas proposições positivas, mesmo com avanço da ciência ao nível  de hoje.

                O cérebro humano  e o seu processo operacional , ou melhor dizendo , seu Processo Mental,  tem sido para nós, o mesmo que o mistério  em torno  da Existência do Planeta Terra , no que diz respeito as dúvidas  sobre o Universo.

                Embora o cérebro, tenha  permanecido  muito mais distante , que a questão da “terra incógnita”  , no conhecimento  humano, no entanto  recentes progressos  nas ciências  Biológicas , particularmente na Biologia Celular , tem trazido  um incremento  aos entendimentos  ou compreensão do que  acontece com o Cérebro - local este, constituído  de mais de 30 bilhões  de células  altamente sofisticadas e  especializadas.

                As estruturas primitivas, envolve na seqüência  que comanda as Células Humanas , como se fosse   interessado  com as funções  reguladoras   do corpo , tais como  a respirações ,  a circulação do sangue e o  sono. Estes centros  são  hoje  bem conhecidos as suas localizações,  na  medula e na coluna vertebral.

               

                Nas folhas seguintes  , de numero 46 e 47, apresentamos uma visão sintética de todos os órgãos, componentes do Encéfalo Humano, com bases  nos Critérios Anatômicos(A) e  com base na Segmentação ou Metameria (B), respectivamente.

 

 

                Após esta visão Estática, vamos analisar o Aspecto Dinâmico da Abstração , passando primeiramente por duas paginas  sobre indicações anatômicas do Encéfalo.

 

A) Parte Anatômica e Estrutural - Aspecto Estático Biológico 

                                 --  Órgãos Biológicos --

    Divisão do Sistema Nervoso  Com Base em Critérios  Anatômicos.

            I) Sistema Nervoso Central

                  1) Encéfalo                    

                   1.1 Cérebro

                            1.1.1 Telencéfalo

                                                               1.1.1.1 - Lobo Frontal - ou Anterior ou Dianteiro

                                               1.1.1.2 -Lobo Temporal - Lateral Próximo do Frontal*        

                                               1.1.1.3- Lobo Parietal -Lateral Próximo do Occipital*                                                         1.1.1.4 -Lobo Occipital - ou Posterior ou Traseiro                

                                               1.1.1.5 -Lobo Central ( Ínsula) - Dentro do Cérebro

                                               1.1.1.6 - Face Medial                        *No texto do Livro

                                               1.1.1.6.1 - Corpo Caloso                      usamos a expressão                                                                1.1.1.6.2 - Fórnix                                                   Parietal, para incluir

                                                                              1.1.1.6.3 - Sépto Pelúcido                    o Lobo temporal e o                                                                              1.1.1.7  - Córtex                                   Parietal propriamente.                                            1.1.1.8 - Massa Branca                   

                                               1.1.1.9 - Hipocampo

                                               1.1.1.10 - Ventrículo

                                               1.1.2 - Diencéfalo  

                                                        1.1.2.1 - Tálamo

                                               1.1.2.2 - Hipotálamo

                                               1.1.2.3 - Eptálamo

                                               1.1.2.4 - Subtálamo

                                               1.1.2.5 - Glândula Pineal

                                               1.1.2.6 - Glândula Hipófise

                                               1.1.2.7 - Corpo Mamilar      

                                               1.1.2.8 - Corpo Caloso         

                                               1.1.2.9 - Fornix         

                                               1.1.2.10- Pituitária    

                            1.1.3 - Núcleos da Base e Centro  Medular -

                         1.2 - Tronco Encefálico

                            1.2.1  Mesencéfalo

                                   1.2.2 - Ponte

                                   1.2.3 - Bulbo

                   1.3 - Cerebelo

              2) Medula  Espinhal

             II) Sistema Nervoso Periférico

                   1) Nervos

                        1.1 Espinhais

                               1.2 Cranianos

                  2) Gânglios                                                       

                  3) Terminações  Nervosas                              

 

A) Parte Anatômica e Estrutural - Aspecto     

                    Estático Biológico.

Divisão do Sistema Nervoso  Com Base        na Segmentação  ou Metameria.

                              Ou

                    Conexão com Nervos.

 

1) Sistema Nervoso Segmentar -Pertence ao Sistema Nervoso  Segmentar  todo o                           Sistema  Nervoso Periférico , acrescido  as partes do Sistema                             Nervoso Central  que estão em relação direta  com os                                               Nervos Típicos , ou seja  a Medula Espinhal e  Tronco                                              Encefálico.

 

2) Sistema Nervoso Supra-Segmentar - Pertence ao Sistema Nervoso Supra                                                                            Segmentar o Cérebro e o Cerebelo

 

 

                                               #############################

 

Esta divisão põe em evidência as  semelhanças estruturais e funcionais  existentes   entre a medula  e o tronco encefálico(1) em oposição  ao cérebro e cerebelo(2).

 

·         Assim nos Órgãos do Sistema Nervosos Supra- Segmentar(2), a substancia cinza se localiza por fora da substancia branca , formando uma camada fina  , o Córtex, que reveste toda a superfície do órgão. 

 

·         Nos Órgãos do Sistema  Nervoso Segmentar(1)  , não existe Córtex , e a substancia cinza pode se localizar dentro da branca , como ocorre na medula.

 

·         O Sistema Nervoso Segmentar surgiu na evolução antes do Supra-Segmentar e pode se dizer  funcionalmente  que lhe é subordinado.

 

·         De um modo geral, as comunicações  entre o Sistema Nervoso Supra Segmentar (2)  e os órgãos periféricos  receptores  e efetuadores  se fazem através  do Sistema Nervoso Segmentar(1)

 

Com base nesta divisão , pode-se Classificar os Arcos Reflexos  em :

 

                               Supra-Segmentares - Quando o componente Aferente  se liga ao Eferente, no                                                           Sistema Nervoso  Supra-Segmentar.

 

 

                               Segmentares - Quando o componente  aferente  se liga  ao Eferente , no                                                                                  Sistema Nervoso Segmentar.

 

Os Nervos  Olfatório  e Óptico  se ligam ao Cérebro , mas não são Nervos Típicos.

 

 

 

 

(B) PARTE FISIOLÓGICA - MORAL POSITIVA - ASPECTO DINÂMICO DA ABSTRAÇÃO

 

As Funções Sentimentais ou Afetivas determinam os motivos de ação ; delas emanam os desejos ; são mais expontâneas ; as funções intelectuais são consultivas,  apreciam as conveniências dos desejos, bem como esclarecem o fim exterior,  para os quais tendem os atos, que as funções  práticas efetuam; estas últimas, de fato,  representam a aptidão para realizar as  indicações ou desígnios, assentados ou definidos.

                As Funções Práticas ou de Caráter ou de Ações ficam deste modo mais  ligadas às funções Intelectuais ( de Conselho ou de Espirito). A sua sede deve portanto  ocupar uma zona intermediária entre a do Sentimento e a da Inteligência;  mais aproximada  do, órgão Frontal  do que do  Cerebelo.

                Composta inicialmente de  Coração e de Espírito ( Sentimento e Inteligência), oferece-nos agora a Alma Humana , uma sucessão ternária, Sentimento  propriamente dito, o Caráter e a Inteligência. Do mesmo modo, o dualismo anatômico  inicial, resolve-se  na sucessão normal , uma parte posterior  para o sentimento ; anterior para a inteligência  e média para o caráter.

                Ficam as regiões  Abstratas principais do cérebro ou melhor do Encéfalo, assim harmoniosamente ligadas, por meio de uma  Análise  Metodológica  Subjetiva.

                O que constitui a unidade cerebral ou encefálica é  o Sentimento, Centro Normal de Nossa Vida Moral. Os órgãos, que lhe são destinados,  não se comunicam diretamente com o exterior, permanecendo assim ao  abrigo de seus  estimulantes diretos. A zona Afetiva ou de Sentimento do Encéfalo, se comunicando com as  zonas da Inteligência e do Caráter , recebe de uma  as informações lógicas  de que dependem as suas Emoções, e, à outra  comunica os impulsos, que nascem  de seus Desejos expontâneos,  e é  recitada pelos Atos ou Ações .

                As regiões da inteligência e do caráter mantém relações normais com o exterior, para conhece-lo e modificá-lo , mediante os aparelhos sensitivos e locomotores .

                Como a Atividade, sobrepõem o Apego  e o Entusiasmo, à Inteligência, e estes, o Apego  e o Entusiasmo, estimulam e fertilizam  a Inteligência ou espirito, lubrificando  e iluminando os raciocínios.

                Augusto Comte caracteriza  a harmonia  fundamental da Alma, no seguinte verso, sistemático:

                                               Agir  por Afeição e Pensar para Agir             

                Os atos ou ações  sem um estimulo e um fim afetuoso, são uma desregrada e estéril  atividade.

                O consenso total da vida ou o principio de unidade,  tem o seu regulador supremo no cérebro. Mas durante o sono,  em que a vida Encefálica pode adormecer por completo, desaparecem o consenso  e a continuidade da existência animal ?

                A pergunta corresponde a uma questão rebatida entre os  metafísicos,  sobre  se as  mais elevadas funções da Alma são contínuas  ou intermitentes.

                A solução que oferece a Teoria Positiva do Cérebro , elaborada por Augusto Comte, baseia-se na  conecção  estabelecida por Gall entre a  simetria dos órgãos da animalidade  e a intermitência  de seus respectivos atos; e , por outro lado, na preeminência das  funções afetivas , formando o  centro da unidade e a fonte da  continuidade do Ser ;  não houve uma descontinuidade  de Existência Subjetiva.

                Os órgãos mentais e práticos estão sujeitos a Lei da Intermitência( que será vista mais à frente no texto deste livro),  tanto quanto  os aparelhos externos , com os quais se comunicam, pelas  sensações e pelos  movimentos. Os órgãos afetivos, porém mantém a sua atividade continua, mediante o exercício alternado de suas partes simétricas.( Hemisférios  cerebrais)

                O sono que entorpece as impressões externas e os movimentos, devem entorpecer por igual as faculdades centrais que lhes correspondem, mais as funções morais, para manterem a unidade e a continuidade da Alma velam sempre.

                É preciso ainda  manter a assistência à vida vegetativa,  que está  ligada aos principais  instintos de  conservação.

                Disse Augusto Comte , na Política Positiva- Tomo I - Pag 690.

“ Sob este  duplo título , a região afetiva do cérebro pode funcionar mais no sono do que  durante a  vigília, em virtude do repouso das outras duas. A inércia destas, só raramente permite a manifestação de tais  operações afetivas  que, quase nunca deixam traços  distintos e duráveis. Nos sonhos ou delírios, que comportam  uma tal apreciação, esta fornece o melhor      indício  das inclinações dominantes, então libertadas  de todo o embaraço exterior ” -

O Enredo do Sonho, fornece  indicações  sobre os  Sentimentos preponderantes  do Indivíduo; desta forma, a Teoria Cerebral  criada por Augusto Comte , veio antecipar-se  à      uma das conclusões  centrais  da Psicanálise de Freud.

                Em outras palavras, isto acima  dito por Augusto Comte é a expressão positiva  do que    metafisicamente se entende por inconsciente.

A vida afetiva ou de Sentimento comporta por sua vez,  uma divisão : Personalidade (Egoísta) e  Sociabilidade (Altruísta).

                Uma tal distinção lança a base natural da vida moral, esboçada  em biologia. Ela traduz-se  no        conflito tão celebrado na natureza  humana, entre  o bem e o mal , ou a  Natureza e a Graça do Catolicismo; ou entre o Egoísmo e o  Altruísmo, após sua  consagração Positiva.

                A Personalidade ou o egoísmo é mais enérgico que a Sociabilidade ou Altruísmo, e domina  na existência  individual; o estado social tende a inverter esta ordem individual, desenvolvendo as tendências mais nobres e mais fracas e comprimindo as mais grosseiras e fortes.

                Tanto a personalidade como a  sociabilidade,  os dois aspectos gerais  de nossa existência moral, dividem-se em diferentes tendências elementares,  segundo a regra  taxonômica da dignidade  crescente  e energia  decrescente.

 

A Veneração e a Bondade , que formam as   funções mais complexas de  Sentimentos compostos de  Inveja, Ciúme, Gratidão, etc, nem os impulsos que levam  a certos atos ou ações  complexas, como o furto,  o assassinato etc. Analisando porem estes sentimentos e atos  complexos através do Quadro Sistemático da Alma -  descortinam-se as tendências irredutíveis que lhes formam a  essência. No entanto nestes  sentimentos compostos não  figuram no quadro cerebral de Augusto Comte.

                A Inveja por exemplo , representa o desejo de prejudicar, de destruir o Mérito,  e até a própria vida de nutrem, sob os influxos  de um dos pendores egoístas  exaltado e chocado. Assim , semelhante sentimento nasce da união do instinto  destruidor, com um dos outros, desde o  instinto conservador do indivíduo, e da espécie ( no caso formando então o ciúme) até o  orgulho e a vaidade.

                A Gratidão representa uma  inclinação simpática por alguém que nos  alimentou  o interesse , geralmente o instinto da  conservação . Este  instinto de conservarão excita particularmente a veneração; é com efeito, comum venerar a quem  de qualquer modo,  nos ampara materialmente,  moralmente ou intelectualmente. Relação entre estas  duas tendências constitui o fundo orgânico do pendor dos  folhos  pelos pais. Também o apego e a bondade, podem como a veneração  ser estimulados  pelos pendores  egoístas .

                A Vaidade  excitada desperta o Apego. A Gratidão muitas das vezes só dura  enquanto se mantém o  egoísmo satisfeito ; nas melhores naturezas , porem, apesar da retirada deste  egoísmo, mantém o afeto , entregue ao próprio delicioso exercício. A sabedoria popular costuma aferir  o Mérito Moral, pela gratidão. De fato , quem não é capaz de amar nem sob o estímulo de um egoísmo satisfeito, muito menos  o fará pelo único gozo de amar.

                Sob  outros aspectos , os sentimentos pessoais, muito mais enérgicos  servem de estimulantes ao Altruísmo; como por exemplo o Instinto Reprodutor : Uma união iniciada sob sua influência,  pode acabar consolidada pelo mais desinteressado amor, o qual  continua então  a se manter  à  custa de  seus próprios encantos, vide ; “ Amar e ser Amado, de Pierre Weil ”. O Orgulho,  igualmente,  reage sobre as tendências Simpáticas. Conhece-se grandes estadistas  que galgaram  sempre o poder  pelo desejo de domínio, fazendo dos estímulos pessoais satisfeitos, um  instrumento para a felicidade da Pátria, como também se observa , no entanto, nem sempre isto ocorre. 

                A sabedoria humana por estas disposições de nosso encéfalo, pode transformar até as nossa fraquezas , o nosso próprio egoísmo, em fontes  de aperfeiçoamento. Como escreveu são Francisco de Sales - 1622 - no livro  a Arte de  Aproveitar-se dos Próprios  Defeitos.

                Certos instintos, como o materno, pela suas fáceis reações , principalmente influenciado pelo progresso social, confunde-se muitas vezes, com as  simpatias que despertam. O Instinto materno é muito comumente confundido com  o Altruísmo, que a ele se associa. Mas, a observação zoológica  evidencia a  natureza egoísta  deste pendor, já bem caracterizado em espécies  nas quais  ele  não se subordina à afeições  superiores. Presencia-se isto mesmo em nossa espécie,  dadas certas índoles morais. Está  na mesma condição o instinto sexual, que  sendo intrinsecamente  um pendor egoísta , pode no entanto despertar  o  Apego ou a Bondade.

                Reconhecida a multiplicidade dos instintos, a harmonia em uma natureza complexa, só pode resultar  da subordinação das tendências  expontâneas à  um  móvel impulso ;  este  motor único , pode ser egoísta ou altruísta . Apreciado através da Teoria Cerebral , a segunda modalidade  de unidade, isto é, a modalidade Altruísta, é a única compatível  com a existência real; é o único durável e completo .

                Os impulsos pessoais são múltiplos, e sendo todos mais ou menos enérgicos, geraram conflitos,  tornando-se  dolorosamente penoso o equilíbrio cerebral. Só a subordinação normal da conduta   por motivos externos,  mediante os laços que nos  unem aos outros, pode determinar  um estado duradouro  e feliz de unidade.

                Segundo Augusto Comte - Catecismo - Pag 50 - 4 edição em Português. :

                “ Todo aquele homem ou animal que nada amando no exterior, não vive realmente se não   para si, acha-se, só  por isso,  habitualmente condenado a uma desgraça alternativa  de  triste  fadiga,  agitação desregrada , trepidação ”.

 

Existem certos  fatos , de  ordem  intelectual, que  também  não  figuram  na  classificação de Augusto Comte, como a memória, o juízo, etc,  e que a velha  metafísica reputava  faculdades simples.

               

É que a memória , o juízo,  a imaginação  etc, representam faculdades  compostas , em  que entram as diversas funções  simples  e irredutíveis da inteligência. Quem recorda um fato uma  situação , quem imagina, ou  que  ajuíza, estabelece , incontestavelmente , uma colaboração de  faculdades simples, contemplação , indução e dedução.

Ligando-se  as funções da atividade  às  do aparelho muscular , verifica-se que  os atos do animal,  dependem de uma contração ou descontração (coragem), da permanecia desta contração ou descontração (perseverança) ou de uma retenção  da contração (prudência)

                As funções simples Abstratas do Encéfalo que acabamos de expor ; Morais, Intelectuais e Práticas, concorrem todas  na ação  complexa da vontade, ou desejo, que é gerada  pelo Entusiasmo, com fundo Emocional; porque querer , segundo a teoria positiva a Ação propriamente dita, cuja determinação afetiva  ou moral , já foi sancionada pela inteligência; querer , portanto, traduz,  a um tempo, sentir ou desejar, pensar e agir; que pode ser resumido em uma máxima de Augusto Comte :

                                               “Agir por afeição e pensar para Agir”.

                Isto tudo que foi dito , no campo da  Teoria Cerebral de Augusto Comte , tal como ela  é expressa  em seu  Tratado de Política Positiva, Primeiro Volume.

Terminando esta parte, registramos as palavras do Médico  Psiquiatra Positivista, brasileiro, Jefferson de Lemos:

                “Como vimos, tudo começa  no estudo  Científico da Alma Humana, as tremendas  devastações  morais e sociais  desta nossa época contemporânea , cujas conseqüências desastrosas  todos nós sentimos  e que tem sempre posto este assunto na ordem do dia. No entanto a dificuldade do problema só tem permitido  soluções  empíricas  e materialistas , quando se afastam das soluções provisórias , hoje  profundamente desacreditadas, instituídas pelas religiões teológicas , que guiaram os primeiros passos da Humanidade. Com o nome de psicologia, de ética ou moral,  segundo o aspecto mais teórico  ou mais prático por que se apresentam , estes  estudos pecam  por falta  da necessária base  científica, única capaz de  dar-lhes a solução definitiva, segundo  as exigências  de nossos dias . Confundindo-se educação com simples Instrução, em virtude da preeminência que se dá  à inteligência  sobre  os sentimentos ; os psicólogos  e pedagogos ainda  tem  suas  vistas  voltadas  mais para a parte intelectual  de nossa natureza , como se basta-se  forma-la e desenvolve-la  , para que o problema fique  resolvido. Nisto ficam  muito inferiores  às doutrinas  teológicas  quaisquer, que sempre se preocuparam com o  cultivo do sentimento , dos quais deve decorrer  a disciplina normal  da inteligência , segundo  a máxima  do grande  místico  do catolicismo, quando disse na Imitação, com toda a realidade, que os “erros do espírito provem  dos  vícios do coração” . Isto foi ainda acentuado  pelo grande moralista  Vauvenargues ao afirmar  que “os grandes pensamentos vêm do coração” .

Estes apanhados empíricos , fizeram com que  Augusto Comte  , mostrasse  que “não pode haver  pensamentos gerais sem  sentimentos  generosos” .

Não basta , pois,  para levantar a alma humana do caos em que se encontram hoje , preparar a inteligência da criança  e do jovem ; não será apenas deste modo  que se hão de formar cidadãos  aptos  à vida social. O que é preciso é formar-lhes o sentimento , que constitui o fundamento de nossa natureza moral , exercitar-lhes sentimentos generosos, corrigir-lhes os defeitos egoístas , a fim de que a sua inteligência  e as suas ações se libertem  da escravidão aos maus pendores  que constituem os nossos vícios originais ".

 

                O Vide  Esquema da Teoria Cerebral de Augusto Comte - Anexo III

 

A seguir, com base nos órgãos que  compõem o Encéfalo, apresentamos as funções  operacionais com  suas   atribuições específicas, confirmadas  cientificamente  de forma objetiva até a data de hoje. 

 

(D) PARTE FISIOLÓGICA -ASPECTO DINÂMICO DAS FUNÇÕES ORGÂNICAS  -    FUNÇÕES  OPERACIONAIS FÍSICO QUÍMICAS DO ENCÉFALO - SISTEMA   LÍMBICO - PROGRAMAS E SISTEMAS DO ENCÉFALO -

 

 

                (D) Parte Fisiológica - Aspecto Dinâmico         Operacional    das Funções  Orgânicas - Funções Operacionais  Físico-Químicas . Principais Funções dos Órgãos  do Sistema Nervoso Central e Periférico já Confirmados Hoje em dia - 1997 - não contrariando as  indicações  contidas nas Obras do Filósofo Augusto Comte.

 

I) Sistema Nervoso Central

            1) Encéfalo                     

                   1.1 Cérebro

                            1.1.1 Telencéfalo

                                                               1.1.1.1 - Lobo Frontal - Área Motora Principal do Cérebro - Caráter e                                                                                                           Inteligência  - Centro Cortical da Palavra Falada.

                                                                                  Raciocínio -  Olfato.

                                                                                                              Sentimento - ligado ao Sistema Límbico e Hipotálamo                                                                                                         Parte não Motora do  Lobo Frontal- Ligado ao,                                                                                                               Sistema  Límbico - Raciocínio , Memória .

               

                                               1.1.1.2 -Lobo Temporal - Parte importante do Sistema Límbico e controle                                                                                                          do Sistema Autônomo.

                                                                                                                Memória Recente.             

                                              

                                               1.1.1.3 - Lobo Parietal - Área Septal - Prazeres                                                                                                     

                                               1.1.1.4 - Lobo Occipital - No Córtex - Ligação com  os órgãos visuais                                                                 1.1.1.5 - Lobo Central  -  Ínsula

                                               1.1.1.6 - Face Medial

                                               1.1.1.6.1 - Corpo Caloso - Conecta áreas corticais dos dois Hemisférios ,                                                                                                         exceção das do lobo Temporal.; o corpo caloso permite a                                                                                                          transferencia  de conhecimentos  e informações  de um                                                                                                           hemisfério  para outro, fazendo com que eles  funcionem                                                                                                     harmonicamente; seção cirúrgica faz  a incapacidade  de                                                                                                       descrever  objetos  colocados  na mão esquerda , embora                                                                                                      os reconheça.

                                                                             

                                                               1.1.1.6.2 - Fórnix - Órgão que faz a ligação do Hipocampo aos Corpos Mamilares -

                                                                                             ligado ao Sistema Límbico.      

                                                                              1.1.1.6.3 - Sépto Pelúcido - Nada encontramos sobre a sua funcionabilidade

                                                               1.1.1.7 -Córtex - Substancia  cinzenta que se dispõe numa camada fina , na                                                                                    superfície do cérebro e do cerebelo; o córtex é  funcionalmente                                                                                            heterogêneo: possuindo áreas  sensitivas , motoras e de  associação.

                                               1.1.1.8 - Massa Branca

                                               1.1.1.9 - Hipocampo - Estrutura do Sistema Límbico relacionada                                                                                                principalmente  com a estabilização do comportamento da “Alma”.

                                               1.1.1.10 - Ventrículo -  São espaços

                                               1.1.2 - Diencéfalo

                                                        1.1.2.1 - Tálamo - Função de Sensibilidade - Todos os  Impulsos sensitivos ou                                                                                                        sensações , antes de chegar ao córtex , param em um núcleo                                                                                              talâmico, fazendo exceção  apenas os impulsos olfatórios ; o                                                                                                          tálamo distribui às  áreas  especificas  do córtex; Sensações                                                                                              que recebe das  vias leminiscas, integrando-os e modificando-                                                                                                os. Algumas sensações como os relacionados à  dor,                                                                                              temperatura e tato protopático, já são  interpretados em nível                                                                                                talâmico . O tálamo possui  função motora, emocional   ,e                                                                                                       com a ativação  do ativadora do córtex. Mas a sensibilidade                                                                                                 talâmica , ao contrario da  cortical não é discriminativa, e                                                                                                   não permite  o reconhecimento da forma e do tamanho  de                                                                                                      um objeto pelo tato Esteregnosia  

                                               1.1.2.2 - Hipotálamo- Possui funções muito numerosa  quase todas ligadas a                                                                                                           Homesostase , isto é,  com a manutenção do meio                                                                                                interno , dentro de limites compatíveis com o                                                                                                                    funcionamento adequado  dos diversos órgãos de                                                                                                  controle do sistema nervoso autônomo ; regulador da                                                                                                           temperatura  corporal; regulador do comportamento                                                                                                            emocional; regulador do sono  e da vigília;  regulador da                                                                                                          ingestão de água e de alimentos; regulador da                                                                                                         diurese;  regulador do sistema  endócrino; regulador  e                                                                                                           gerador   dos ritmos  circadianos.   

 

                                               1.1.2.3 - Eptálamo- Possui formações  Endócrinas e não endógenas  ; a                                                    formação Endócrina  mais importante é a glândula Pineal ; as formações não endócrinas ,                                                   pertencem ao Sistema Límbico; se relacionando com  o comportamento emocional e o                                                           reflexo consensual . A glândula Pineal excreta o hormônio Melatonina; as funções deste                                                     órgão são  ainda controvertidas ; inibe as gônadas ; regula os ritmos circadianos; o                                                               “relógio interno” ; regula  a atividade  imunologica.

                                              

                                               1.1.2.4 - Subtálamo - Regula a Motricidade Somática.  Lesões do Núcleo                                                                 Subtalâmico, provocam uma  síndrome  conhecida  Henibalismo; caracterizada                                                                    por  movimentos  anormais das extremidades . Estes movimentos  são muitos                                                                       violentos  muitas vezes, não desaparecem nem com o sono, podendo levar o                                                                    doente a exaustão.

 

                                               1.1.2.5 - Glândula Pineal - Vide  Eptálamo

                                              

                                               1.1.2.6 - Glândula Hipófise - Tem ação Primordial  sobre os testículos e                                                            os ovários, produzindo certos tipos  de hormônios excruciais  à reprodução, tanto                                                    feminino como  masculino.                                      

                                               1.1.2.7 - Corpo Mamilar - Nada obtivemos neste momento sobre  a sua                                                               ação  funcional

                                               1.1.2.8 -Pituitária - O controle  do crescimento  e  alguns distúrbios corporais                                                          são causados  pelos hormônios gerados  nesta glândula

        

                            1.1.3 - Núcleos da Base e Centro  Medular - Núcleos da base do                                                                                                Encéfalo- influência sobre as áreas motoras do córtex  no                                                                                                    movimento voluntário já iniciado , e pelo próprio                                                                                                    planejamento do ato motor- a degeneração de suas                                                                                                              células provoca a Síndrome de   Alzeimer (demência Pré                                                                                                      Senil)  onde ocorre uma perda de memória e de                                                                                                     raciocínio abstrato subjetivo - Área do centro do cérebro                                                                                                   - linguagem.

                         1.2 - Tronco Encefálico- O Papel  do tronco Encefálico é  agir basicamente                                                                                                        na  Expressão das Emoções.

                                               1.2.1  Mesencéfalo- A substância cinzenta  do mesencéfalo possui papel  regulador   de certas                                                                                          formas  de comportamento  agressivo.

                                               1.2.2 - Ponte- Atua nos nervos faciais -Síndroma  de  Millard-Gubler, impedindo o movimento dos                                                                     olhos ; afeta também o nervo Trigêmeo

                                               1.2.3 - Bulbo- Afeta a  metade da língua;  afeta  os músculos  da faringe e laringe; afeta a metade                                                                         do corpo, Síndroma de  Wellemberg ; Provoca a perda da sensibilidade térmica;                                                                    perda da sensibilidade dolorosa da metade do corpo.

                               1.3 - Cerebelo - Manutenção do equilíbrio  e da postura , controle do tônus muscular ,                                                                               controle  dos movimentos  voluntários  e aprendizagem motora.

               

                       2) Medula  Espinhal -Possuem  neurônios responsáveis pelo sistema respiratório;                                                 quando agredidos por vírus que destruam  os neuronios motores , temos a                                                                               poliomielite. Responsável pelo  sentido de posição e movimento;                                                                                           responsável pela perda  do tato ; responsável pela perda da sensibilidade                                                                               vibratória.

 

 

            II) Sistema Nervoso Periférico

 

                      1) Nervos

                               1.1 Espinhais : São aqueles que fazem  conecção com a  Medula  Espinhal , e são responsáveis pela enervação do                                                          Tronco, Membros e parte da Cabeça. São em número de 31 pares, que correspondem aos 31                                                       seguimentos  medulares  existentes.

                               1.2 Cranianos : São os que fazem conecção com o Encéfalo. A maioria deles se liga  ao tronco encefálico,                          excetuando-se  os nervos olfatórios  e  ópticos que  se ligam  respectivamente  ao Telencéfalo  e ao Diencéfalo.

 

                      2) Gânglios : Com relação a alguns nervos e raízes nervosas , existem dilatações constituídas  principalmente de                       corpos de  neuroneos;  conhecidos como  os gânglios . Do ponto de vista funcional  existem os gânglios  Sensitivos                                e os Gânglios Motores Viscerais.

 

                       3) Terminações  Nervosas : Nas extremidades das fibras nervosas, situam-se  as terminações nervosas,                               que do  ponto de vista  funcional  são de dois tipos : Sensitivas (Aferentes) e Motoras (Eferentes)

 

 

 

 

 

(D)  Parte Fisiológica - Orgânica

 

   Divisão do Sistema Nervoso  Com Base                          em Critérios  Funcionais

 

Podemos  dividir o Sistema Nervoso   em Sistema Nervoso de Vida de Relação ou Somático,  e o Sistema Nervoso da Vida Vegetativa ou  Visceral.

 

 

 

                1) Sistema  Nervoso  Somático - É aquele que  relaciona  o Organismo com o meio ambiente, por                                                                                                        meio de impulsos.

 

 

                                               1.1   Aferente

 

                                   1.2   Eferente

               

                2) Sistema Nervoso Visceral -  É aquele que se relaciona  com a inervação e controle                                                                                                                      das estruturas viscerais.

 

                                               2.1 Aferente

 

                                   2.2 Eferente  ou  Sistema  Autônomo

 

                                                                              2.2.1 Simpático

 

                                                                              2.2.2 Parasimpático

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(D) Parte Fisiológica - Aspecto Dinâmico

           Organização  Morfofuncional

                              do

                   Sistema Nervoso

 

·          Nos mais primitivos dos seres Vivos , sempre existe a necessidade  deles se ajustarem continuamente  ao meio ambiente para sobreviver. Devido a esta necessidade, três propriedades do protoplasma  são essencialmente importantes : irritabilidade, condutibilidade e contratilidade. Isto acontece  até em  Sociedade, a começar pela célula  a Família.

 

                As células responsáveis por estas operações são conhecidas como neurônios, isto é, células nervosas, com prolongamentos  designados oxônios, cujas as extremidades desenvolve-se   uma formação especial   conhecida como receptor. O receptor transforma vários tipos de estímulos  físicos ou químicos   em impulsos nervosos ou sensações , que podem então serem transmitidos  ao efetuador ( músculo  ou glândulas).

 

                Nos animais superiores existe  uma união de  neurônios, de diversos tipos   unidos  de formas diferentes ,para formarem  elementos nervosos avançados  e sofisticados,  cujo  grupamento  se forma o Sistema Nervoso Central.

 

                Este sistema nervoso recebe impulsos nervosos ou sensações , vindos de certos tipos de células nervosas - Neurônios Aferentes, conhecidos também por  neurônios sensitivos- que através do seu Axônio , cujo o terminal  a Sinapse , que está acoplado a um outro neurônio receptor - conhecido como Neurônio Eferente , se for de um músculo- é codificado como, neurônio  motor se for de um Glândula - promovendo uma contração ou uma  secreção. Estes  Neurônios pertencem  ao Sistema Nervoso Autônomo .

               

                Estes elementos envolvidos formam o que conhecemos por Arco  Reflexo Simples

 

 Cabe aqui deixar registrado  que existe  um tipo de  neurônio, o de  Associação , que  promoveu  nos vertebrados  um grande numero de   Sinapse,  aumentando a complexidade do sistema nervoso  e permitindo   a realização   de padrões  de comportamento  cada vez mais elaborado.

 

Os  Neurônios  Sensitivos  ou Aferentes , cujos corpos estão nos Gânglios  Sensitivos, conduzem para a  medula  ou para o tronco encefálico (Sistema  Nervoso Segmentar)  impulsos nervosos ou sensações que tiveram as suas  origens nos receptores,  situados na superfície - na pele,  ou no interior  - vísceras , músculo e tendões do animal.

 

                Os prolongamentos centrais destes neurônios,  ligam-se  diretamente (reflexo simples)  ou por meio de  neurônios  de associação  aos neurônios motores (somáticos ou viscerais), os que levam   o impulso ou sensações   aos músculos  ou as glândulas, formando-se assim  , arcos reflexos  mono e polissinápticos.

 

                Exemplo :

 

                Tocamos a mão em uma chapa quente . Neste momento , é importante  que o sistema nervoso  supra-segmentar  - Cérebro e  Cerebelo , seja  “informado”  do ocorrido. Assim os neurônios sensitivos ligam-se  a neurônios de associação,  situados no Sistema  Nervoso  Segmentar.  Estes  neurônios de associação levam estas  sensações ou impulsos ao cérebro , onde o mesmo é interpretado , tornando-se consciente  e manifestando-se como dor. O Primeiro é a sensação de calor - a calorição , depois vem a retirada reflexa , e por fim vem a dor. A mão é retirada devido a calorição.

 

                As fibras que levam  ao Sistema Nervoso  Supra-Segmentar  as informações recebidas do Sistema Nervoso Segmentar , constituem as grandes vias  ascendentes  do sistema nervoso.

 

                As  Ações  Subsequentes  após a dor,  demandam  uma série de movimentos que envolverá  a execução   de um ou vários atos motores  voluntários. Neste momento os neurônios do Córtex Cerebral  enviam uma  “ordem” ou melhor   “Ordens Codificadas” , por meio das fibras descendentes   aos neurônios motores,  situados no  Sistema  Nervoso  Segmentar,  informações   sobre o grau de contração e descontração  tridimensional  e, envia por meio de vias descendentes  complexas , impulsos  capazes de coordenar  a resposta  motora , via cerebelo.        

 

 

(D) Parte Fisiológica   - Aspecto Dinâmico            Operacional        Físico-Químico e Biológico

                          

                                 Do

    Sistema Límbico

           

Na fase medial de cada Hemisfério Cerebral  observa-se  um Anel  Cortical contínuo constituído  pelo Giro do Cíngulo, Giro Para-Hipocampal e Hipocampo.  Este Anel Cortical , contorna as formações   inter-hemisféricas e foi  considerado por Broca , como  um Lobo Independente, o Grande Lobo Límbico( de Limbo = Contorno). Este Lobo é Filogenéticamente muito antigo, existindo em todos os vertebrados.

 

                O Lobo Límbico, está  relacionado  ao Hipocampo e Tálamo, unidos  no  circuito de Papez. Desempenham funções, como a elaboração  do processo  subjetivo central  da Emoção,  mas também   participa da  expressão  de tais emoções . O Lobo Límbico pode ser   conceituado como um Sistema Relacionado Fundamentalmente com a regulação dos processos   Emocionais   afetando o sistema nervoso autônomo.  

 

(D) - Parte   Fisiológica   da   Alma

 

Áreas Encefálicas Relacionadas com a  Alma.

 

 

Introdução :

            O comportamento do estado da Alma, isto é, das 18 “Funções Vetoriais do Encéfalo”, indicadas por Augusto Comte, afetado internamente, primeiramente  e primordialmente  pelo “órgão” do Sentimento (10) (3 altruístas e 7 egoístas), que gera o Estado Sentimental, que por sua vez é acompanhado, subjetivamente, por um vetor Subjetivo E , que externa a harmonia ou desordem entre os Sentimentos  Altruístas e o egoístas ; cujo o grau  de oscilação, deste vetor subjetivo E, que definimos como Emoção, isto é,  o seu conjunto expressa  o Estado Emocional  do Ser :  complementando: é a  forma ou modo de externar os Sentimentos.

 

            Esta Emoção também  ocorre acompanhada simultaneamente  de  um componente do “órgão” da Inteligência”, a Expressão ( mímica, oral, escrita etc) , cuja a intensidade  e facilidade de Comunicação gerada ,vai depender  do nível de Pensamento, que por sua vez  depende  da lucidez do conjunto das  Idéias, que estão armazenadas  nas Memórias.

            Isto tudo  acoplado ao Caráter ( prudência, perseverança e coragem) .

 

Esta parte dita subjetiva da interligação  do Sentimento, com a Inteligência  e com o Caráter  do Ser, a Medicina Moderna, codifica  de “ Conjunto Emocional Central Subjetivo”, que para os Positivistas  é  um velho conhecido, e explicado, pela Teoria da Abstração - por meio da Contemplação e da Meditação.

 

            E por outro lado, a Expressão ( oral , escrita e mímica) gera a Comunicação , que a Medicina Moderna  codifica  como “ Conjunto Emocional Periférico, cuja a ação  recai sobre  o Soma (somático), sobre  as Vísceras (visceral) e podemos dizer agora, com certeza,  sobre  a Sociedade(social) .

 

            Os  distúrbios ou as harmonias viscerais , provocadas pelas Emoções, promovem por sua vez, outros distúrbios  ou outras harmonias, que inicialmente não constavam  do Soma,  do próprio Encéfalo e da Sociedade,  de forma patológica  ou de saúde.

 

            Como não havia Prêmio Nobel em 1825, Gall  não foi agraciado  e somente mais tarde, quase 120 anos depois,  Hess veio a confirmar  o que Gall já havia escrito  nos seus  6 volumes- Sur les Fonctions du Cerveau et Sur  Celles de Chacune de ses Parties-  a respeito  dentre  outras coisas, de que o cérebro  era um aparelho e não  um único órgão.

 

            Sabemos hoje  que a “Alma”  ocupa  territórios  bastante grandes  do Telencéfalo  e do Diencéfalo, nos quais  se encontram  as estruturas  que integram o Sistema Límbico, a Área  Pré-Frontal , o Hipotálamo, o Tálamo e o Tronco Encefálico - que participam  da  formação e das atividades  de  nossa “Alma” -

 

            Existe uma teoria  que admite que  o Encéfalo seja  formado de diversos Sistemas de Programas-Software, semelhante  ao que ocorre com os computadores, que participam de diversos Órgãos -Hardware ; segue a idéia de alguns “programas”:

 

1) Viver e Escolher ;2) - Crescer , Reparar e Envelhecer;  3) Pensar; 4) Evoluir ;5) Controlar e Codificar ; 6) Repetir ; 7) Despregar, desdobrar ; 8)  Aprender , Recordar  e Esquecer ; 9) Tocar, Sentir e Lastimar ; 10) Ver ; 11) Necessitar, Nutrir e  Avaliar ; 12) Amar e Cuidar ; 13) Temer , Odiar e Lutar ; 14) Ouvir , Falar e Escrever ;15) Saber e Pensar ;16) Dormir Sonhar e  Estar Consciente ; 17) Ajudar , Ordenar e Obedecer; 18)  Desfrutar , Jogar e Criar; 19) Crer e Venerar ; 20) Concluir e Continuar etc.

 

            Do ponto de vista neuroquímico, os territórios  encefálicos  relacionados , com a “Alma”, são afetados pela alteração  da concentração de alguns dos seus  componentes, aqui  não eletrónicos de uma placa de CPU de computador mas, de produtos químicos, que alteram  o  Estado Emocional; estes produtos ativos ou melhor, estas substâncias ativas, onde podemos destacar os peptídios, os opiáceos e as monoaminas, estas últimas originárias em grande parte nos neurônios do Tronco-Encefálico. A riqueza destas áreas em monoaminas, em  especial, noradrenalina, serotonina e dopamina, é muito importante, tendo em vista que muitos medicamentos utilizados em psiquiatria para tratamento de distúrbios do comportamento(ação) e da afetividade(sentimento), agem modificando o teor de  monoaminas encefálicas. Recentes  pesquisas provam que  algumas monoaminas  e o opióide endógeno beta-endorfina, exercem  uma ação moduladora  sobre a memória.