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do portal Doutrina Positivista
Crise nas Fazendas
Enquanto os especuladores atuam nas bolsas de valores, prevendo para o futuro usuras brutais, com o nome camuflado de lucro, provocando taxas de usuras extraordinárias, no mercado interno, inviabilizando toda a área produtiva de todas as nações, principalmente a nossa, comandada hoje em dia por burgueses, que somente se alimentam de moedas, e não mais de arroz, feijão, milho, carne, leite etc, . Este tipo de política, onde o capital é desviado das áreas produtivas para as áreas especulativas, só pode colher a curto médio e longo prazo, a fome, o desemprego e a revolta de um povo.
Os fazendeiros mais humildes, aqueles que trabalham para tirar no final do mês de um a dois salários mínimos, que sempre estão fazendo as suas trocas, vivendo de suas pequenas plantações, de abóbora, de mandioca, do feijão , do milho, tirando leite de umas 10 vaquinhas (cinco litros por vaca). Indo `a cidade ao final de semana, no lombo de um burro, para vender as suas galinhas e seu ovos caipiras. Fazer uma consulta ao farmacêutico - na maioria das vezes pendurando na conta. Continuam com o pé no chão, roupa bem velha , quase procurando a cachaça, para esquecer os problemas sem solução. Estes já estão ao nível de quase miserabilidade - que tristeza. Pois, o queijo minas que fabricam sem nenhuma higiene, que vai contaminar o filho do burguês, com brucelose e etc, ainda é a saída, para entrada de dinheiro.
Mas existem os fazendeiros que mesmo pequenos , já tinham o seu plantel, de umas 40 vaquinhas, com melhor produtividade de 10 litros cada; uns 6 porquinhos, umas vinte aves poedeiras; uma televisão , rádios e uma mesa farta de alimentos. Plantio de milho, forrageira para o gado, pasto tratado e forrado de braquiária. Enviava à uma cooperativa uns 300 litros de leite por dia , ao preço de R$ 0,18 por litro, o que lhe proporcionava uns R$ 1620 por mês. Os filhos eram saudáveis e a mulher era alegre. Andava com seu carrinho velho, hoje vem `a cavalo pois, não dá para comprar combustível.
O litro de leite que lhe dava R$ 1620 , subiu de 0,18 para 0,23, aparentemente um grande negocio, no entanto a cooperativa introduziu, dois fatores de restrição, assim ficou:
Os primeiros 100 litros x por 0,23 x 30 dias = R$ 690
Os segundos 100 litros x por 0,08 x 30 dias = R$ 240
Os terceiros 100 litros x por 0,04 x 30 dias = R$ 120
dando um total mensal de R$ 1.050, redundando em uma redução de faturamento da ordem de 54%. Fora a redução por produtividade, pois estes fazendeiros, sem dinheiro e não podendo contrair empréstimos, para não perderem as suas propriedades, deixam de melhorar os seus planteis, não reformam o pasto e nem criam pastagem e nem forrageiras, o que a médio prazo provoca uma queda de mais de 30% devido aos litros de leite, totalizando uma queda global de faturamento, para o patamar de :300 x 0.7 = 210 litros .
Os primeiros 100 litros x 0,23 x 30 = 690
Os segundos 100 litros x 0,08 x 30 = 240
Os terceiros 10 litros x 0,04 x 30 = 12
dando um total mensal de R$ 942, redundando em uma redução de faturamento da ordem de 72 %.
As cooperativas para pagar os juros no banco, ou melhor as usuras, destroem os fazendeiros, desestimulando-os.
Tentam vender o imóvel, não encontram compradores para um valor real, caso encontrem é para vender para o fazendeiro das Grandes Cidades, que em vez de leite, introduz cavalo de raça. Se entrar em banco perdem a terra, pois não conseguem pagar a usura que eles cobram. Está formada a desgraça, pois a cooperativa ao trabalhar abaixo do seu ponto de equilíbrio, devido a falta de leite, na economia de escala, entra nos bancos, ai só o Diabo sabe o que vai acontecer.
Os fazendeiros burgueses, estes que possuem fazenda meramente para camuflarem o IR, retraem-se e, já não compram na cidade, para as suas fictícias fazendas, normalmente deficitárias- com prejuízo. E desta forma o comércio da pequena cidade, cai mais ainda. Somente bebidas e salgadinhos vão para frente.
Senhor Presidente F.H. Cardoso, o Senhor esqueceu que é Presidente do Brasil, pois não é o que parece neste momento. Pois a alimentação de um povo tem que vir do próprio País deste povo. Se dependermos plenamente de alimentos de outros cantos do mundo, ficamos totalmente vulneráveis; é o que ocorre com alguns países ditos evoluídos, mas possuem uma força militar, com armamentos poderosos, para garantir o abastecimento. Desta forma estão se criando sem dúvida aqui no Brasil legiões de miseráveis e famintos que, os nossos netos terão que se subjugar, pois não foram treinados para matar; mas os famintos matam.
Devido ao estado em que chegamos , há necessidade hoje do fazendeiro captar recursos subsidiádos, nos bancos, sem correção por um período de no mínimo 10 anos, se não, teremos que importar comida, e ficar na mão de preços internacionais, que depende da especulação, que atua hoje em dia, e desta forma iremos passar fome, por outras razões.
Mas o fazendeiro só vai contrair empréstimo, se tiver um faturamento que lhe der condições para amortizar a divida, pagar os juros e obter um lucro. Isto hoje em dia somente ocorrerá se o preço do leite for para um patamar mais elevado, para isto, o governo deverá fazer uma revisão nos impostos , de importação, elevando-os, no caso do leite,e reduzindo-os no queijo; para os impostos domésticos reduzi-los substancialmente, para aqueles que incidem sobre as cooperativas e manufaturados de leite.
Como somente a dificuldade aguça a inteligência, alguns fazendeiros , estão produzindo nas sua unidades, rações que devido ao baixo custo , tem provocado dobrar a produção de leite. Mesmo assim, só fazendo queijo de minas , que dá um agregado maior, justificando desta forma um lucro; pois vender leite pelo preço de hoje, dá prejuízo mesmo com o dobro de produtividade.
Provavelmente , qualquer dia os Fazendeiros vão produzir só queijo, e não mais entregam o leite paras as cooperativas, formada de grupos transacionais, que pela mentalidade capitalista, querem extrair das duas pontas o máximo que podem, sem um mínimo de consideração para com aqueles que se esforçam, como os fazendeiros. Estas transacionais estão em última analise se enriquecendo cada vez mais, devido a ganância ou melhor dizendo, ao egoismo-capitalista reinante. Em lugar de defender quem está ajudando-as a produzir; não enxergam, que estão pouco a pouco se auto prejudicando.
Mude o rumo da nau, se não, ela vai colidir e explodir; vamos criar um Plano não comunista, num Estado de Direito Democrático, em um Regime Sociocrático - não capitalista e sim Trabalhista, que não esteja baseado nas normas ditadas pelo FMI, e sim baseado nas nossas necessidades e atreladas ao FMI.
Globalização para a maioria dos brasileiros passarem fome, não nos interessa, não é plano Social. Onde está o nosso Patriotismo ? Não me refiro a nacionalismo.
Saúde, Respeito e Fraternidade
P.A. Lacaz/Positivista
Nov. 1997 -208
Bananal-SP