O Remédio do Mundo era o mesmo de agora; era a Religião; era a autoridade espiritual sem nenhum poder material; era a aliança da caridade, da fé, da esperança, sem sentimentos de ódio, sem pensamentos com dúvidas e sem atos de destruição.

Após a ciência e a tecnologia terem atingido o nível de desenvolvimento atualmente vigente, a crise humana piorou violentamente, os seres racionais da humanidade, tem se esquecido do Amor, se dedicando mais ao desejo material, perdendo a Fé, e ficando sem Esperança, tornando a Vida algo insustentável, isto é, sem razão de ser; se tornando um indivíduo Egoísta, altamente pernicioso à Sociedade.

Sendo um profundo estudioso da Religião da Humanidade ou Religião Positivista ou Doutrina Positivista, no que tange ao seu Dogma, Culto e Regimen, gostaria muito de me aproximar dos Senhores, para alertar aos Católicos, que são estudiosos do Dogma Teológico, que os Positivistas apregoam que se realmente , um determinado indivíduo tem Fé em Deus, continue com ÊLE e pratique o Culto Católico, no entanto, que aceite o Regimen Sociocrático e não o Democrático, para governar as Sociedades.

O Positivismo não é contra qualquer Religião, mas indica o Catolicismo, propagado pela Igreja Católica Romana, para todos aqueles que tem Fé em Deus, independente de serem Deístas ou Teístas.

Para melhor encaminhar o assunto em pauta, e depois mostrar as minhas intenções e pretensões, lembro que o Positivismo comemora no sexto mês de seu Calendário, o Catolicismo, representado pelo seu Sublime Fundador e Apóstolo São Paulo, que revela toda a grandeza incomparável, do Fundador do Catolicismo, da Instituição da Igreja e do Verdadeiro Sacerdócio, sem poder e sem riqueza.

São Paulo é venerado pelos Positivistas, ele sim, fez algo Sublime para a Humanidade.

Criou o Catolicismo

Quando apareceu São Paulo, no Século I, da era Católica, já se manifestava em toda a sua intensidade, a decadência Moral, que se desenvolvia no Império Romano, à medida que ocorria a incorporação dos povos assimiláveis.

Uma vez terminada a sua missão civilizadora, a política da Pátria , manifestou a sua insuficiência para estabelecer a Harmonia Humana. Era necessário então constituir um laço moral superior à Pátria e capaz de ligar todos os povos. Este foi o grandioso conceito religioso que São Paulo atribuiu à revelação divina da vocação dos gentios.

Assim, podemos dizer que São Paulo transformou o Cristianismo Judeu em Catolicismo ou Religião Universal.

Com sua licença, Sr. Reitor e demais Reverendos que, por ventura, venham a ler esta carta, lembremos que o Deus de Abraão, que Moisés havia imposto ao povo Hebreu e em cujo nome governaram os juízes e os reis de Israel, se converteu no Deus Universal, amado e imitado na pessoa de Jesus Cristo.

Nascido no ano 10, o Grande Apóstolo se converteu no ano 34, em Damasco, quando teve antes de lá chegar, no caminho, uma alucinação - escutou Cristo - "Saulo, por que me persegues?"; e três anos mais tarde, em 37, visitou os Apóstolos em Jerusalém, e oito anos mais tarde, em 45, empreendeu sua primeira viagem apostólica. Quando retornou, visitou novamente os Apóstolos em Jerusalém, no ano 51.

Me permita prosseguir !

No ano seguinte, enfrentou a sua segunda viagem apostólica, em que chegou à Grécia e alí, em Corinto, escreveu no ano 53, as três primeiras de suas sete Epístolas Dogmáticas: A Epístola aos Hebreus, em que estabelece a doutrina de Jesus Cristo; a Primeira Epístola aos Tessalonicenses, em que formula a doutrina, em que o homem é o Templo de Deus e a doutrina do Juízo Final; e a segunda Epístola aos Tessalonicenses, em que subordina o Juízo Final ao desenvolvimento da apostasia, que precedera a vida do Anticristo.

Ao voltar para Antióquia, na Síria, antiga Grécia, escreveu em 54, a Epístola aos Gálatas, em que pela primeira vez, se dá o título de Apóstolo, eleito por Jesus Cristo e em que estabelece a diferença definitiva entre a Lei de Moisés e a Fé em Jesus Cristo, e entre o evangelho que predica e o dos Judeus, que pretendiam submeter à circuncisão aos cristãos.

Em sua quinta Epístola dirigida no ano 57 aos Corintos, desde Éfeso, formula São Paulo sua grandiosa Doutrina da Eucaristia; a da Igreja com corpo místico, cuja cabeça é Jesus Cristo; e a Caridade.

Caridade é Amor ao Próximo, por Amor a Deus.

Já o Altruísmo é o Amor ao Próximo, pelo Amor.

Em sua sexta Epístola, a segunda aos Corintos, desde Macedônia no ano 57, formula as Doutrinas da Penitência e da Absolvição.

Na sétima Epístola, dirigida aos Romanos, desde Corinto no ano de 58, formula a sua grandiosa Doutrina da Natureza e da Graça. Esta Teoria da Natureza e da Graça corresponde ao que de mais próximo à Teoria Positiva da "Alma Humana", onde pôde chegar o Espírito Teológico, ao qual, todos, sem exceção, estavam submetidos na época de São Paulo.

Na sétima Epístola, inicia o Grande Apóstolo, a divulgação do Regimen Religioso, do qual segue ocupando-se em suas sete últimas Epístolas.

A oitava escrita em 61, em sua prisão em Roma, aos Filipenses.

A nona, no ano 62, aos Colossenses;

A décima, no ano 62, a Felenon;

A décima primeira, no ano 63, a Timóteo;

A décima segunda, no ano de 64, aos Efésios;

A décima terceira, no ano de 64, aos Nicopolis;

No mesmo ano de 64, escreveu a Epístola à Tito e a sua última, dirigida à Timóteo, com o seu testamento religioso, quando de sua segunda prisão em Roma , em 64, pouco antes do seu sacrifício.

Assim, Digníssimo Reitor, como é do vosso conhecimento, mas me permita lembrá-lo, depois de 30 anos de incansável e glorioso labor religioso, a vida objetiva do fundador da "nossa" Grandiosa Igreja Universal - Catolicismo, em seu Dogma, em seu Culto e em seu Regimen, estava consolidada.

Nesta sublime criação religiosa, o Grande Apóstolo revela a suprema grandeza de seu espírito e a delicadeza maternal do seu coração.

Por isto, a glorificação religiosa do Catolicismo compreendeu a Fundação da Igreja desde São Paulo até São Agostinho; a constituição do Papado, representado por Hildebrando; as instituições monásticas, representadas por São Bernardo; e a defesa Católica contra o protestantismo, representado por Bossuet, bispo de Maux , no século XVII, um dos que colaborou com o progresso da Ciência Social.

Sois sabedores, que os três primeiros séculos, enquanto se desenvolvia o Império de Roma, o Catolicismo elaborou a sua Doutrina, Culto e o Regimen, baseados nas concepções religiosas de São Paulo, aí as defendeu das heresias emanadas da filosofia grega.

A influência Moral da Igreja Católica se prestigiou com as perseguições, que a purificaram de suas tendências teocráticas e fanáticas.

Permita-me mostrar mais um pouco, para facilitar o que mais no final me fêz redigir esta missiva; obrigado.

Já no Século VI, o "nosso Catolicismo" obteve com Constantino, seu estabelecimento legal, o que era indispensável ao predomínio de uma nova doutrina indemonstrável, que permitiu então organizar o sacerdócio da Igreja Católica, enquanto o Império se desorganizava.

Na primeira fase da Idade Média, séculos V, VI e VII, o Catolicismo atua sobre a moralidade da vida privada, tanto pessoal como doméstica, mediante a influência moral dos Conventos, enquanto a atividade defensiva se organizava nos Castelos.

Graças à Igreja Católica é que surgiu o ensino Moral aos Governos e aos povos, aos poderosos e aos fracos; e, seus Templos foram as Escolas Universais das Verdades Morais e os Laços Fundamentais da Humanidade. Que Beleza, que Pureza, que Ternura!

Laços da Humanidade com base:

- No Matrimônio, fazendo-o indissolúvel; e,

- Na Paternidade, limitando sua autoridade com deveres;

- Na Filiação, com a Educação;

- Na Fraternidade

- Na Organização Doméstica - Domesticidade.

Grandes Obras a Igreja Católica tem feito para a Humanidade. Preparou moralmente a libertação dos escravos e levantou a Mulher em dignidade Moral, iniciando o Culto à Virgem Maria.

Já na segunda fase da Idade Média, nos Séculos VIII, IX e X, enquanto se organizava a hierarquia feudal em torno das Cortes Reais, o Catolicismo concentra o Sacerdócio em torno do Papado, o que lhe permite desenvolver sua ação sobre a vida pública, juntando as razões celestes ou divinas, ou seja, teológicas, em que se baseava os juízos.

Naquele momento, apareceu o primeiro triunfo social da Igreja Católica, ao sancionar o advento dos Carlovingios, o que proporcionou a sua independência política nos Estados Pontifícios.

Já na terceira fase da Idade Média, nos Séculos XI, XII e XIII, o Catolicismo desenvolveu a sua máxima influência social do Papado, representado por Hildebrando, Alexandre III e Inocêncio III e a influência Moral do Sacerdócio, representado pelos monges São Bruno, São Bernardo e São Francisco de Assis.

Estas influências Sociais e Morais, permitiram organizar as grandiosas expedições defensivas projetadas por Hildebrando, que libertaram a Europa da dominação muçulmana e que contribuíram para consolidar a República Ocidental, fundada por Carlo Magno.

Como o Dogma Católico, havia sido constituído por São Paulo e os reverendos seus colegas daquela época, que estavam em luta com a Filosofia e a Ciência de Atenas e Alexandria, incorporou então os conceitos teóricos da Grécia, que haviam sido conservados e desenvolvidos pelas escolas de Córdoba e de Bagdad, e desta forma se ligaram a Filosofia e a Ciência Modernas, por intermédio dos monges Alberto o Grande, São Tomás de Aquino, e Rogério Bacon.

Paralelamente o Culto Católico se aproximava da Humanidade pelo Culto dos Santos e também pela adoração crescente à Virgem Maria, Deusa das Cruzadas, cujas capelas se transformaram em Templos.

É nesse momento que o Catolicismo, durante a terceira fase da Idade Média, desenvolveu a Poesia, as Belas Artes, as Lindas Orações, as Oratórias Sagradas, Cantos Litúrgicos, a Pintura, a Escultura, as Arquiteturas das Maravilhosas Catedrais Góticas e a Mímica das solenes Procissões religiosas.

Durante a Revolução Moderna, o Catolicismo ante a decomposição inevitável do seu Régimen Medieval e a insuficiência do seu Dogma, este cada vez mais se reduzindo ao Culto, que vem permitindo manter a moralidade humana, graças à influência das Mães, sobre a Moral Individual e Doméstica, mas que ultimamente devido à liberalidade feminina, ter atingido um estágio deplorável, provocado em parte pelo machismo; sendo estas feministas que vêm tentando acabar com a primeira célula social, que é a Família. No entanto, no Século XV, a influência Moral das Mães foi grandemente favorecida pela composição mística, presidida pelo grandioso poema moral de Tomás de Kempis.

No Século XVI, esta influência materna recebeu um ataque involuntário, por parte da vossa Ordem Inaciana, que fundou os "Claustros Escolares".

Como é do nosso conhecimento a vossa Ordem Jesuíta, foi fundada para resistir à grande retrogradação criada pelos protestantes, que desconheciam a separação dos poderes e aproximou a Alemanha ao monoteísmo muçulmano, e a Grã-Bretanha ao monoteísmo hebreu. Os Inacianos daquela época, como é do vosso conhecimento, perderam as suas esperanças regeneradoras, quando pretenderam apartar a juventude das influências revolucionárias.

Felizmente a Ação Moral dispersiva dos Claustros Escolares se reduziu à aristocracia e à burguesia, enquanto as Mães Proletárias e Burguesas, que as imitaram, conservaram os princípios morais do catolicismo, sem considerar os dogmas em que se baseavam e mantinham esses princípios. Num futuro próximo, paulatinamente, esses princípios serão aperfeiçoados para se conceber o Dogma Positivista, que tem como base a Filosofia Primeira e a Filosofia Segunda, isto é, as 15 Leis Naturais Universais e as Leis específicas de cada uma das sete ciências básicas.

O Sacerdócio e os elementos políticos do Catolicismo, seguindo os exemplos da Mulheres Mães, com as evoluções dos tempos, só terão um caminho a seguir, com vista a sua sobresistência, é provável que lá pelo século 30 dC, abandonarão suas ambições de poder, riqueza e aspirações, com vista a formar uma Opinião Pública consciente, baseada nos princípios da "Lógica", da "Física" e da Moral Positiva.

Cabe neste momento, ir buscar um grande pensador Católico Joseph De Maistre - 1754 a 1821, que já preocupado com o destino da Igreja Católica, externou na edição de 1821 da Considerations sur la France - capitulo V pags 85, o seguinte:

Cabe aqui lembrar os mais recentes esforços que a Igreja Católica tem feito para a melhoria do Bem Estar Social do Homem na Terra, que começaram com as Encíclicas Papais: as primeiras foram, "Diuturnum"-(1831); "Mirari vos (1832)"; "Imortale Dei "-(1885); " Libertas "-(1888 )

Em 1864, tivemos o Papa PIO IX com as Syllabus, contidas na encíclica Quanta cura.

Dando precedência as questões sociais, a partir de 1891, alguns Papas realizaram profundas transformações, nos fundamentos intelectuais do catolicismo e, consequentimente em suas ações sociais, e foi com a encíclica RERUM NOVARUM (15/05/1891) que está comemorando 105 anos de publicação, que Leão XIII, iniciou este movimento progressista, com grande inspiração no Positivismo, pois a Igreja Católica, não podendo ligar-se nem ao socialismo, nem ao comunismo, por serem escolas revolucionárias, e portanto, contrárias a qualquer religiosidade, foi procurar respaldo nos ensinamentos de Augusto Comte, que faleceu em 1857 e nasceu em 1798, e criador da Religião da Humanidade, em 1855.

Logo após os horrores da Primeira Grande Guerra, da Revolução Russa Comunista, do Tratado de Versalhes é que sobressai - O Direito de Propriedade- Capital e Trabalho - Redenção dos Proletariados - O Justo Salário - Restauração da Ordem Social, onde podemos lembrar do Papa Pio XI, com a encíclica "Quadragésimo Ano "(15/05/31).

Não podemos nos esquecer das importantíssimas Encíclicas dos ilustres Papas mais recentes, abordando os temas Sociais:

Os demais freqüentadores, curiosos, simpatizantes, muitas das vezes fazem uma grande confusão, pois não conhecem direito a Doutrina, sendo que grande parte dos "atuais lideres", (me desculpem tratar assim, mas é a verdade), são altamente Egoístas e Vaidosos, o que faz com que eles introduzam, as suas conclusões, através de suas consciências, normalmente não formadas pela Educação Positivista, distorcendo desta forma, o Grande Trabalho realizado pelo Maior Filósofo Moderno, o Mestre Augusto Comte e sua Musa Inspiradora Clotilde de Vaux.

Este meu entrosamento familiar com o Positivismo, com critério de análise Científico, Tecnológico, Religioso, Filosófico e Político, onde pude ser feliz por perceber, na grandeza e na profundidade todo o Positivismo, principalmente devido ao meu sentimento ser aguçado para o lado do Altruísmo, me levou a objetivar, a aplicação prática, com base nas realidades dos fatos e não em sonhos quiméricos, e sim em Utopias viáveis.

Em função do acima exposto, tomei a coragem, que resultou na ação de ir procurar a PUC, para oferecer este meu esforço cultural, que pude absorver todos os importantes ensinamentos dos 60 anos que o Almirante Moraes se dedicou ao Positivismo, bem como todo o acervo bibliográfico, que me foi passado e que ao mesmo tempo os coloquei em ordem, de forma didática, no livro que estou escrevendo - "Para a Sua Reflexão Através do Positivismo".

Esta formação dentro da Ética Positiva e o meu "know-how" de vivência prática, me facilitaram a mergulhar profundamente em 80% dos assuntos básicos do Positivismo, e entender a Doutrina e ao mesmo tempo, procurei levar a minha atenção para o campo de aplicação prática, isto é, a Sociocracia. No entanto, sempre levando em conta o apoio do Dogma e do Culto Positivista, sem alterar uma "virgula" do que foi deixado pelo Mestre Augusto Comte.

Com os meus 56 anos de Idade e estando com o " Meu Winchester Cerebral", um "pouco" pleno de informações e com vivência profissional diversificada, como pode ser vista no meu curriculum vitae, afirmo que, (ao conhecer os "laços", onde os Sentimentos Humanos, se entrelaçam com a Ciência e a Tecnologia, visando atingir a Harmonia do Bem Estar Social) somente através do Positivismo, será possível atingirmos o desejado, isto é, a Paz Social.

Com muita modéstia e com muita honestidade de princípios, informo que são realmente muitos poucos, que conhecem o Positivismo no Brasil e talvez no Mundo. Aqui no Brasil, não desfazendo dos demais simpatizantes do Positivismo, é provável, que somente 4 pessoas, tenham noção mais profunda sobre a Doutrina Positivista. Os demais pensam que sabem ; muitas vezes tem noção. Estas noções muitas vezes superficiais; e a maioria que é mais chegada ao Positivismo, usam o Positivismo como atividade de projeção na Sociedade - "Society" - tipo Colunável. O Clube Positivista é um exemplo, quase no abandono, sem nenhum resultado prático, para cumprir as suas finalidades, para o que foi criado.

Rio de Janeiro, 18 de Setembro de 1996

Á

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Rua Marquês de São Vicente, 225

Gávea - Reitoria

CEP 22 453 900

Atenção: Digníssimo Reitor Jesus Hortal Sanchez

Resposta do Reverendo : Jesus Hortal Sanchez