Bananal, 8 de outubro de 2005
À
Escola
de Comando e Estado-Maior do Exército
AC: Gen. Bda. Luiz Eduardo Rocha Paiva.
Senhor Comandante
da ECEME:
ASSUNTO: V ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS
Realmente foi espetacular, a humildade, a disciplina, a hierarquia, o
respeito, a prudência, a camaradagem, o conhecimento, a competência, a
capacidade, a organização, o Altruísmo, e por fim o Patriotismo dos
militares e de alguns civis, que lá foram como eu, para
comungar com as Forças Armadas, com suas idéias e sugestões sintonizadas
com as dos civis; objetivando procurar saídas para o engrandecimento de nossa
Nação, que passa por momentos de grandes abalos morais e que não possui
nenhum Plano Estratégico. Estamos realmente sem rumo e sem destino; estamos a
deriva.
Mas
não posso deixar de abordar alguns pontos que foram tratados principalmente
de ordem filosófica que se opõe às lógicas de minha doutrina de cunho
científico, e também deixar registrado, aquelas que comungam com o meu modo
de sentir, de pensar e de agir. Por essa razão, solicito licença para
comentar sem citar o palestrante. Não é critica, é outro enfoque; mais de
visão científica que de metafísica, teológica ou fetichista.
Irei abordar por tópicos de forma aleatória e sintética:
1
) Kant e Descartes, foram citados algumas vezes e Augusto Comte nenhuma vez. E
o Exército só tem até hoje Conduta Moral Positiva devido a Augusto Comte;
pelo Positivismo.
Kant,
viveu entre 1724 -1804, que completou o princípio de Aristóteles (365 aC), já
desenvolvido por Leibnitz (1646-1716), relativo ao conceito Estático da
Inteligência, combinando a influência Objetiva, reconhecida pelo grande filósofo
grego, com a influência Subjetiva, desenvolvida por Leibnitz:
Aristóteles
disse: “Nada
existe na Inteligência, que não provenha da sensação”,
desenvolvida por Leibnitz, que complementou: “a
não ser a própria Inteligência”; arrematado por Kant, que
esclareceu os termos de Subjetivo e Objetivo, da harmonia desta conclusão,
preparando assim, a consolidação da unidade da Natureza Humana, estendendo a
seu organismo Cerebral, tanto como ao Corporal, a subordinação ao Meio
Exterior, que o serve de alimento, de excitante e de regulador.
Com
estas informações Augusto Comte, teve condição de perceber a existência,
de mais uma das 15 Leis Naturais, isto é, a quarta Lei da Filosofia Primeira,
que se refere à ordem Subjetiva, e estabeleceu a subordinação, de suas
construções, aos materiais Objetivos:
Lei
da Construção Subjetiva
- Pertencente à Seção mais Subjetiva das 15 Leis Naturais - Filosofia
Primeira ou Fatalidade Suprema - do Segundo Grupo Essencialmente Subjetivo -
da Segunda Série - das Leis Estáticas do Entendimento – Lei esta percebida
por Augusto Comte.
Enunciado
da Lei:
“Subordinar
as construções Subjetivas, aos materiais Objetivos”.
A
Construção subjetiva é o que o nosso encéfalo elabora. Tudo o que
pensamos, partindo de nós, provindo do sujeito, é por isso criação nossa,
criação subjetiva. Mas tal construção não surge espontaneamente; não é
inata. Resulta de elementos que ao Homem fornece o Mundo; provém de objetos
introjetados, pelo sujeito; nasce de materiais objetivos. De sorte que toda
construção subjetiva tem origem de uma correspondência entre dois mundos: o
exterior - objetivo, e o interior - subjetivo.
Toda concepção depende do Homem e do Mundo, do sujeito e do objeto.
“Devemos
ao criar, criar explicitamente com base nas informações exteriores”.
Exemplificando
a Evidência da universalidade da Lei da Construção Subjetiva, ao
verificarmos sua presença em todas as sete ciências positivas, temos:
Na
Matemática:
Em uma superfície plana, a linha
reta é o caminho mais curto entre dois pontos.Formula-se uma proposição
oriunda da realidade refletida com relativa exatidão. A observação direta e
precisa dos fatos geométricos, leva-nos a tal postulado.
Na
Astronomia: A
observação telescópica de certos fenômenos astronômicos levou alguns
cientistas a formularem modelos matemáticos, levando-os a conclusões
subjetivas, que depois foram comprovadas praticamente.
Na
Física: As
observações objetivas realizadas em termologia levaram o Cientista Kelvin,
por extrapolação à concepção teórica (subjetiva) do zero absoluto,
temperatura esta que corresponderia ao esperado estado de ausência total de
movimento da matéria (moléculas e sub partículas).
Na
Química: O
químico Kekulé, ao estudar a fórmula estrutural do benzeno, observando os
macacos se “divertindo” no zoológico, deparou-se com a seguinte cena: as
duas mãos de um determinado macaco seguravam o rabo do outro, foi ai que se
deu o estalo subjetivo - insight - imaginando com sua inteligência e raciocínio,
as ligações duplas e simples alternadas do C6H6 (Benzeno), comprovando ai
existência do carbono tetravalente: ajustando depois sua hipótese a experiências
objetivas.
Na
Biologia: Observando-se
a dependência Objetiva de uma espécie em relação à outra se concebeu a noção
de rede alimentar; esta noção serviu de base para interpretações
subjetivas de um equilíbrio ecológico absoluto, em que todas as espécies
desempenhariam um papel crucial, isto é, indispensável para com o restante
do sistema; todavia, deve-se ajustar esta ultima concepção Subjetiva, de
modo a evitar exageros absurdos, tais como o de não se eliminar espécies
danosas, que provocaria uma elevação do tempo de vida das espécies
positivas e convergentes.
Na
Sociologia: As
observações (Objetiva) das Condições Morais, Geológicas, Geográficas,
Econômicas, Culturais, de Fé, de Linguagem e de Educação, dependendo de
suas intensidade e correlações, apontam a resultante, por análise
Subjetiva, do encaminhamento, isto é, da tendência de uma sociedade,
indicando os fatos futuros que poderão ocorrer, desde que não haja
significativas oscilações nos fatores anteriormente observados; esta
perspectiva uma vez dada vem regular-se por sua vez com o próprio
encadeamento dos fatos.
Na
Moral:
As observações sobre as ações de um determinado indivíduo (objetiva), nos
leva subjetivamente a indicar a resultante do seu futuro comportamento, em
casos em que não foram observados anteriormente sob forma objetiva.
Extrapolando inclusive para grupos de indivíduos de moral semelhante; e o
acompanhamento da sua evolução pessoal vem, por sua vez regular a hipótese
primordialmente formulada.
Assim
Augusto Comte está “anos luz” na frente de Kant; mas se não fosse Aristóteles,
Kant, Leibnitz e outros, Augusto Comte provavelmente nada poderia ter
percebido, para chegar a onde chegou. Por isso “cada
vez mais necessariamente os mortos imortais comandam os vivos”.
Quanto
a Descartes (1596 - 1650) que foi verdadeiramente o fundador da Síntese
Subjetiva em Lógica (Matemática), criando a Geometria Algébrica que
subordina o abstrato ao concreto, e substitui o sujeito ao objeto nas concepções
geométricas. Desgraçadamente subministrou ao absolutismo a base dos seus
conceitos materialistas, ao reduzir a idéia de forma à de magnitude.
Representante filosófico no Monoteísmo Metafísico, ele constituiu uma Síntese
Objetiva Materialista em Lógica (Matemática) e em Física; e conservou o
absolutismo espiritualista em Moral. Glorifica-se a Filosofia Moderna que
tendeu cada vez mais a fundir-se com a Ciência.
Desde
a primeira fase da revolução ocidental, século XIV e XV se desenvolveu a
Filosofia Metafísica, sob o impulso de São Thomas de Aquino (1225-1274). Ela
destruía o espírito (inteligência) teológico e permitia preparar os
elementos científicos do espírito positivo ou inteligência positiva ou
científica. Conduzia ao cientificismo para destruir o passado e a
especialidade para preparar o futuro. Sua influencia social foi cada vez mais
anárquica, pois levava ao individualismo e fazia o desconhecimento de toda a
autoridade mental e moral. Assim foi necessário fortalecer os poderes
temporais para conservar a ordem material em meio à desordem espiritual
(intelectual).
Na
segunda fase da revolução ocidental, século XVI e XVII, a Filosofia Metafísica
aspirou reformar a ordem religiosa do Catolicismo, primeiro em seu regimén,
em seguida em seu Culto e por fim em seu Dogma. Assim surgiram as seitas
Protestantes, que desconheciam a separação medieval entre os poderes
temporais e a autoridade espiritual, suprimiram o culto a Virgem Maria, as dos
Santos e negaram a revelação Divina. Reduziram deste modo o teologismo a um
deísmo, que foi e é social e moralmente ineficaz.
A elaboração dos elementos científicos chegou a estabelecer em
astronomia, o duplo movimento da Terra, o que permitiu a filosofia alijar-se não
só da teologia, mas também da metafísica e inaugurar seu futuro caráter
científico e bosquejar ainda seu definitivo estado positivo, já que substituía
a idéia Absoluta do Universo à idéia relativa do Mundo.
Assim predominavam tanto a relatividade como a subjetividade na
filosofia natural.
O
incomparável Descartes projetou uma Síntese Objetiva, na ordem Inorgânica,
que permitiu conceber a necessidade de uma síntese Subjetiva, capaz de
abarcar o conjunto dos conceitos humanos. Ele tratou ainda de fundá-la
baseando-se na intuição pessoal, e a desenvolveu no domínio geométrico.
Esta evolução filosófica havia recebido a influencia de Bacon, e graças ao
gênio de Leibnitz, se ligou à filosofia da História e chegou a conceber o
dualismo Subjetivo – Objetivo, próprio de todas as concepções. Leibnitz
formulou a utopia positiva da paz universal, preparou a concepção do Gran
Ser, ligando o presente ao futuro; como Pascal havia feito com o Passado;
cooperou com Descartes a preparar a Síntese Subjetiva Universal instituindo-a
em geometria e criou o cálculo transcedente.
Na
terceira fase da evolução ocidental, a partir do século XVIII, se
desenvolveram as escolas demolidoras da ordem espiritual (Igreja) e da ordem
temporal (Governo), ou de ambas de uma só vez. Escolas que preparam e
dirigiram a explosão da Grande Crise – Revolução Francesa.
No
entanto a filosofia continuou evoluindo com os pensadores enciclopedistas, que
aperfeiçoaram os estudos históricos, estabelecendo o conceito da evolução
social e incorporando ao domínio teórico as noções práticas relativas às
existências natural dos sentimentos altruístas permitindo assim estender a
filosofia científica até a ordem Moral.
Esta
evolução filosófica pode ser representada, sob todos os seus aspectos pelo
eminente Hume (1711 – 1776). Foi o precursor filosófico de Augusto Comte.
Abarcou a filosofia Social e Moral. Reconheceu a existência dos sentimentos
Altruístas e egoístas em nossa natureza. Foi historiador da Inglaterra.
Depois
da explosão da Grande Crise, a escola retrógrada aplicou a evolução histórica
à apreciação da Idade Média, o que favoreceu o descobrimento das Leis
Naturais da Evolução Humana, realizada por Augusto Comte, que ligou a Ciência
a Filosofia. A Poesia no Dogma das Divindades Positivas, presididas pelo Gran
Ser (Família, Pátria e Humanidade), simbolizado por uma Mulher de 30 anos
com um Filho no colo, que representa o Futuro - A
Humanidade,
que é conjunto dos seres Convergentes, do Passado, do Futuro e do Presente,
que concorreram, concorrerão, e concorrem para a melhoria do Bem Estar Social
e Moral do Ser Humano na Terra.
Assim
o conjunto da Filosofia Moderna, representa Descartes, em torno do qual se
agrupam S. Thomas, Bacon, Leibnitz e Hume, para dar lugar finalmente as concepções
científicas de Augusto Comte.
Mais
uma vez Augusto Comte está “anos luz” na frente de Descartes; mas se não
fosse Aristóteles, Kant, S. Thomas, Bacon, Leibnitz, Descartes e Hume,
Augusto Comte provavelmente nada poderia ter percebido, para chegar a onde
chegou. Por isso “cada
vez mais necessariamente os mortos imortais comandam os vivos”.
Espero
que os Militares Brasileiros que elogiam o Marechal Rondon saibam que ele era
Positivista; e por ser Positivista fez o que fez. Tivemos outros grandes
Positivistas no Exército. Solicito que seja revisto o ensinamento superficial
dos Deveres, que são as bases das Disciplinas, por uma visão científica
dada por Augusto Comte, muito mais adiantada pelo cunho científico, que as idéias
de Kant e Descartes.
2)
Esta idéia de transferir a responsabilidade das ações do Exército, ou
melhor, das Forças Armadas, para que a Sociedade defina o que desejam das Forças
Militares, não está correto por uma análise positiva ou científica.
O mesmo seria se mutatis
mutandis; um Médico ao visitar o seu paciente, que está no leito, a
espera da morte, escute do moribundo, a seguinte afirmativa:
·
Doutor,
antes que o Senhor fale alguma coisa, por favor, receite o que eu quero e não
o que o senhor sabe e aprendeu na Universidade.
O senhor me receite penicilina.
·
Mas
isto não vai lhe curar!
·
Mas
eu é que estou doente, e por isso eu sei o que eu quero.
A
maioria jamais teve razão, acerta por acaso. A Massa é inculta. Como ficar
esperando a manifestação da Sociedade para definir o que ela deseja do Exército,
para o Bem Dela?
No
meu modo de pensar positivo o Exército é
que tem que saber suas atribuições Morais para o Bem Social da Nação
Brasileira; e em crise nada impede que venha desrespeitar as ditas Clausulas Pétreas
para atender os ajustes Morais necessários, que também vão desequilibrar seu
próprio Bem Estar, se nada for feito.
Muitas
das vezes as Forças Armadas são obrigadas a traçarem ‘ATALHOS’ com
largos “aceiros”, para por Ordem em uma Nação em CAOS! Visando o
Progresso.
Se
o Exemplo não vier de cima, todos vão se achar com o direito de cometer
erros para o seu próprio bem. Acaba a Noção de Rés pública.
Desta
Forma as Forças Armadas vão ficar falando Sozinhas e Sem Verbas.
3)
Questão de Fronteira e Segurança Nacional.
Esta
idéia de Globalização visa o Comércio e não a eliminação das
fronteiras. País que não tem o limite de suas fronteiras bem definidos e
guardados por uma Força Militar bem Armada, está sujeito a invasão e põe
as Famílias que habitam o seu território a serem dilaceradas, como aconteceu
recentemente em Kosovo. Vejam se as Fronteiras entre os USA e México estão
abertas ou guardadas?
Primeiro
o AMOR a PÁTRIA e depois a Família. A Família tem que ficar subordina a PÁTRIA,
e esta a HUMANIDADE.
4)
Apelo aos Conservadores.
Vamos
apresentar um Plano as Nossas Elites Dominantes e aos Nossos Parceiros da
Comunidade Internacional, que não nos atrapalhe em elaborarmos uma Proposição
de um Novo Regimén de Organização de Estado, que provoque o tamponamento da
Corrupção e a maior facilidade de Comandar esta Nossa Nação que está próximo
de uma Ruptura Social que provocará instabilidade de conseqüência hiper
danosas a todas as classes sociais brasileiras e dissabores aos nossos
parceiros Internacionais.
Proponho
que seja criado um grupo de trabalho para analisar as minhas proposições com
relação ao Protótipo: Regimén Republicano Societocrático Federativo,
Trabalhista / Capitalista, pois Educar não só os Governantes como a População
com bases Morais, leva de 2 a 3 gerações, e jamais com esta Democracia
iremos atingir o estado de interesse público.
Para
atingirmos este Novo Regimén, jamais será por meio de aprovação democrática
em Assembléia. Alem dela estar podre, não deseja perder poder.
5)
As
FORÇAS ARMADAS são A SENTINELA e o CORRETIVO POSITIVO da NAÇÃO.
Não importa com ou sem Globalização, ELA tem por obrigação
perceber se o Inimigo da Nação está no Campo do Capital Moral; no Campo do
Capital Intelectual ou no Campo do Capital Material.
Infelizmente
os nossos Governantes tem falhado em um destes três Capitais; muitas das
vezes nos três.
Neste
momento não só os Políticos como a população civil em geral tem a formação
Mentirosa, Corrupta e Covarde. Como buscar opinião nesta massa podre. Nenhum
plano vai para frente. Não há credibilidade.
Quero
dizer, que não sou Ditador tirânico, não sou comunista, não sou fascista,
não sou nazista; me desculpem, mas esta Democracia que ai está não comunga
com a minha MORAL POSITIVA, e tenho certeza nem com a Moral dos Oficiais de
Minha Pátria.
Para
evitar uma Tragédia Nacional, devemos elaborar um Plano Estratégico, nos três
níveis de Capitais Moral, Intelectual e Material.
Esperando
ter atingido os objetivos e comungando com os dizeres que estão ao pé do
Busto do Marechal Castelo Branco, ai na ECEME, me despeço desejando,
Saúde,
com Respeito e Fraternidade.
Paulo
Augusto Lacaz.