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A INCORPORAÇÃO DO PROLETARIADO À SOCIEDADE MODERNA

 

O conceito que só pode haver regras ou normas uniformes e unanimes do Agir, isto é, da Ação sobre os Seres; é possível, desde que se conheça as Leis Naturais, que lhes regulam os fenômenos. Só pode haver Artes Técnicas, uniformes e unanimes, quando houver suas correspondentes Ciências, que também são uniformes e unanimes.

Desta forma, quaisquer que sejam as idéias Sociais e Morais, ocorrem nelas, mutati mutantis, os mesmos tipos de comportamento, quando nós nos referimos as Leis Naturais que regem, o raciocínio dos timoneiros, que aplicam as suas normas para dirigirem um navio; porque a indústria náutica de navegação, se baseia nas Leis Naturais uniformes e unanimes da Ciência Astronomia. Hoje em dia os satélites artificiais, estão orientando a navegação, no entanto se danifica o satélite ou o instrumento de bordo, e o comandante desconhece as Leis Naturais da astronomia, e não sabendo ler as cartas celestes, fica a deriva.

Assim, com certeza, devido a necessidade da Sociabilidade e Moralidade , só pode haver uma Arte uniforme e unanime de Dirigir a Sociedade; e uma Política que objetive, a direção dos Povos; da mesma forma, mutatis mutantis, no que diz respeito ao curso ou direção a ser adotada pelos navios; por isso, quando houver uma Ciência Sociológica uniforme e unanime, como já é conhecida a existência de uma ciência Astronomia, uniforme e unanime, será possível pela análise do comportamento dos fenômenos, termos condições de prever o comportamento social futuro da comunidade.

O que não exclui o emprego suplementar do sábio empirismo, quando o conhecimento das Leis Naturais Sociológicas, não forem suficientes para dirigir a ação Política. Neste momento surge a regra universal de Augusto Comte – " Pour complete les lois il faut des volontés" – Para completar as Leis, as vontades são precisas.

É bom notar, que a Ciência Sociologia Positiva, isto é, a Ciência Positiva da Sociedade, já tem mais de 150 anos, descoberta por Augusto Comte (1798 – 1857), de acordo com o trabalho de seus predecessores – desde de Aristóteles, o fundador da Sociostática, da Estática Social; e de Bossuet (1627-1704), o primeiro pensador, que esboçou um apanhado sobre a série dos tempos – Série Histórica – com sua exposição teológica, a sucessão das " Sete Idades do Mundo" ; como as principais etapas da Sociologia, como já citamos Aristóteles, e os demais : Bossuet, Montesquieu (1689 – 1755), Turgot (1727 – 1781) e Condorcet (1743 – 1794), como precursores da sociodinâmica - Dinâmica Social – Bossuet, registrou as mais extravagantes, antagônicas e desencontradas concepções sociológicas, que são para a Ciência Sociologia, o que as várias astrologias são para a Astronomia.

Ainda hoje em dia, existem muitas pessoas, que negam a existencia de Leis Sociais, e que chamam de sociologia, apenas um acervo de fatos, isto é, um conglomerado de acontecimentos, uma concreção histórico-geográfica, onde afastada a Abstração, desaparece a noção de ciência; que verdadeiramente o é, se Abstrata; quando manifesta o seu caráter essencial, que é prever os respectivos fenômenos.

Muitos destes inteligentes cérebros, são dos tais que proclamam que o Futuro só a DEUS pertence. Isto quer dizer que não sabem, e nem podem dirigir o Presente; pois só podemos projetar o Futuro, deduzindo-o do Passado, com vista a instituirmos as regras ou normas do Presente. Quem nestas condições sustenta este ou aquele sistema político, para dirigir os Povos, só propõe absurdos, de elevada grandeza, da mesma forma que o comandante do navio, que se dispusesse a dirigir um navio, sem saber o porto de Destino.

No entanto há cérebros de elevada intelectualidade, que libertos da teologia e da metafísica intelectual, aceitam o determinismo sociológico, mas em contra partida, caem na metafisica-materialista, e por isso interpretam pessimamente e incompletamente as Leis Naturais da Evolução Histórica.

 

Por exemplo, podemos citar Adam Smith (1723-1790), Herbert Spencer (1820- 1903), Piotr A. Kropotkin (1842-1921), Karl Marx (1818-1883) , J. M. Keynes (1883-1946), J. A . Schumpeter (1883-1950), e todos estes outros ditos grandes filósofos-sociólogos-economistas-metafísicos, até os de hoje em dia, ligados a estas Academias Científicas, que de pouco ou quase nada de científico, nesta área apresentam, para o Bem Estar da Humanidade; vamos citar um destes mais famosos, vamos escolher Herbert Spenser, que possuía múltiplos conhecimentos, com relação aos fenômenos sociais, sob uma base objetiva; os demais faziam e fazem sistematizações parciais; nenhum deles, mesmo aquele que mais Ciência Social revela, Herbert Spenser, condensou numa síntese integral, a totalidade dos conhecimentos, e não se libertou plenamente do Absoluto, não só teológico, metafísico como o próprio científicismo subjetivista.

Spenser que parece o mais esclarecido, não pôde fugir a metafísica, mesmo ao proclamar o relativismo científico; mesmo quando afirma só se conhecer os atributos ou fenômenos dos seres, e não os seres em si; desta forma repete, sem saber talvez, e mudando apenas as palavras de São Paulo:

" O visível é a manifestação do Invisível" ,

quando Spenser sintetiza que:

 

" O fenômeno é uma manifestação do nômeno",

 

No entanto somente com Augusto Comte (1798 – 1857), que por estar totalmente liberto do Absoluto, sob todas das suas formas, e possuindo como nenhum outro, antes ou depois dele, a totalidade dos conhecimentos, não com referências mais ou menos eruditas, mas minuciosamente nas suas grandes obras , A Filosofia , a Política e a Síntese, e em resumo nos grandes e pequenos opúsculos, Catecismo Positivista e Apelo aos Conservadores, sem falar no magistral e extenso Epistolário – Augusto Comte resolveu o problema Humano; achou a forma definitiva da reorganização social; construindo de conformidade com os ensinos dos seus antecessores, assimilados, completados e aperfeiçoados pelo seu próprio gênio, de conformidade com os grandes homens de todos os lugares e de todos os tempos, a Doutrina Positivista, a Doutrina dos que não tem nenhuma, como ele mesmo a denominava.

Alertou e demonstrou que todas as demais Doutrinas, não são mais do que estados locais e temporários de uma só Doutrina, a qual inicia com o Fetichismo, passa pelo Teologísmo Politeísta, depois pelo Teologísmo Monoteísta; vindo à Metafísica ou Abstrata e finalmente acaba no Positivismo. É primeiro expontânea, depois revelada e por fim demonstrada.

Com esta exposição, demonstrou também o Pensador Universal – Augusto Comte, que a nova ideologia, deve ser livremente aceita pelos sentimentos e pelas inteligências, sem nenhum auxílio da força material, quer dos dirigentes quer dos dirigidos. Procurou demonstrar também que esta ideologia deve figurar ao lado de outras ideologias, livres também de quaisquer alianças com os governos temporais, com o Estado, sob qualquer das suas formas, para se propagarem, para convencerem as Inteligências e persuadirem os Sentimentos. Finalmente não se esqueceu de demonstrar que a livre concorrência, de todas as ideologias, surgirá aquela que uniforme e unanimemente aceita; será a ideologia normal. Temos assim uma só Sociologia, adotada livremente por todos, como já existe uma só Astronomia, que todos adotam. Desta forma surgirá uma Sã Política definitiva e um Sistema de Governo, que será adotado até o final de nossa espécie; atingiremos a Sociocracia.

Até chegarmos lá, há necessidade , de se criar um governo de transição; um governo provisório, que não seja a manutenção da democracia exaurida, nem o retorno à Teocracia sob as formas teratológicas de fascismo, nazismo, comunismo, mas sim a instituição da República Pronuncial, que satisfazendo todas as aspirações racionais e morais das formas hoje adotadas de governo, lhes elimine o que nelas há de irracional e imoral, e realize a única forma de governo, baseada nas normas da Sã Política, derivada das Leis Naturais, percebidas por Augusto Comte, na evolução histórica.

Devemos divulgar entre os Proletários e os Patronais, o Governo Provisório, que proporcionará o meio propício, à livre propaganda de todas as ideologias , por mais que sejam retrógradas ou revolucionárias, e que mantenha sempre a mais rigorosa ordem material, no meio da mais escandalosa desordem mental e moral, que vivemos hoje em dia.

A situação do Proletariado na atual sociedade em que vivemos, é profundamente injusta, e sem dúvida, não pode ser definitiva.

O Povo é o agente principal da formação da riqueza material, que permite organizar a sociedade e criar os tesouros da Verdade e da Virtude. No entanto o Povo Trabalhador permanece acuado pelas angustias da miséria, submergido na ignorância e exposto as mazelas dos vícios.

O Trabalho Material foi o castigo Divino, à que se submeteu o trabalhador como escravo; e é agora seu meio de ganhar a vida. O povo escravo foi substituído, pelo povo mercenário, que vende seu trabalho e compra a sua forma de vida.

Vive para trabalhar e deveria ser, trabalhar para viver para outrem.

O povo espera ansioso ser livre, para poder incorporar-se voluntariamente à sociedade, mediante um trabalho digno, correspondente a um salário digno, que independe da função exercida, mas depende das necessidade de sua Família. Vide detalhes , quando abordarmos o tema - O Salário.

Os Deveres que tem os Patriciados para com o escravo, foram convertidos na obrigação de pagar seus serviços ao Proletário Mercenário.

Os amos e senhores foram substituídos por mercadores de trabalhos e vidas.

Mas, o Patriciado deverá ser incluído na Sociedade, como administrador responsável da fortuna, isto é, do Capital, e não dono da fortuna; não será capitalista-individualista, muito menos acionista, quotista e etc.., será também um empregado da Humanidade, como o Proletário.

Desta forma se formará a intima aliança entre o Proletariado que trabalha voluntariamente e obedece com Veneração, e o Patriciado que administra o Capital com abnegada solicitude, e comanda com benévola autoridade.

Por isso para resolver o problema do Capital e do Trabalho, é necessário recorrer ao princípio da Humanidade * . Somente este Gran Ser, que participa com a Pátria e a Família, pode centralizar e harmonizar todos os aspectos de nossa existência. * É o conjunto dos Seres Convergentes, do Passado, do Futuro e do Presente , que concorreram, concorrerão e concorrem para a melhoria do Bem Estar Social do Ser Humano, aqui na Mãe Terra.

Os sentimentos generosos, as idéias verdadeiras e os aspectos úteis, compõe a Humanidade.

O Mau Exemplo, isto é, o abuso dos poderes materiais, intelectuais e morais fazem dos tesouros que administram, induz ao povo à desconhecer toda a influencia do comando, de conselho ou de inspiração.

O poder material se divide hoje em dia, entre o Governo Político e o Governo Industrial. A autoridade do primeiro, se baseia na força, e a do segundo na riqueza; e quando se combinam reina a corrupção. O temor e o interesse dominam os homens, simultaneamente escravos e mercenários. Por isso, tais governos não são dignos da Veneração dos Homens Livres, que desejam concorrer voluntariamente ao Serviço Social.

Por outro lado, a autoridade Espiritual ou Sacerdotal, se faz dispersada entre os restos dos antigos sacerdócios teológicos, dos exemplos individuais dos filósofos metafísicos, das corporações acadêmicas dos ditos sábios - catedráticos, dos círculos dos jornalistas e das assembléias parlamentares. No entanto, nenhum destes, guiam as consciências dos trabalhadores em suas atividades de trabalho; no entanto, lhes proclamam com seus conceitos e impressões, seja pela cega submissão ao castigo divino, ou a mais completa subordinação, em nome da metafísica ou da ciência.

Em contra partida a autoridade Moral, está oprimida pela miséria, que obriga a Mulher proletária, a abandonar o Lar pelo trabalho industrial; o Proletário perde assim, a sua única fonte das inspirações da Virtude.

Desta forma se leva o Povo à anarquia, privando-o do encanto de obedecer aos seus admirados e competentes Chefes; de escutar a palavra de alento e conselho dos Venerados Professores; e de gozar dos profundos afetos, de uma Mãe, de uma Esposa e de uma Filha.

Por isso, não devemos estranhar, que este Povo abandonado, não venha a se transformar em voluntarista do trabalho, e abuse do seu atual caráter mercenário, e retorne , muitas das vezes à animalidade primitiva, onde cada um viva para si mesmo. " Cada um por si, Deus por todos" – nada social – " o negócio é competir, para melhorar" – outro grande absurdo.

Ora, tal situação seria desesperante se a Humanidade, que instituiu a teologia, a guerra e escravidão, para formar a Sociedade, não houvesse criado a Sociologia, a Paz e a Liberdade, que correspondem ao estado definitivo das Sociedades Humanas.

Hoje se apresentam perante os olhos do Povo, dois caminhos bem definidos; uma de esperança e outra de desesperança; uma que nos leva ao abismo da desgraça, a outra que nos leva ao clímax da felicidade.

Sua realização ou bagagem, com relação a Primeira, será de egoísmo, destruição, escravidão e morte; já na Segunda, será de Altruísmo, de construção, de liberdade e de vida.

Por isso, para que o Povo trabalhe com Altruísmo, é indispensável que AME, que adore aos SERES que serve, e aos materiais e máquinas que empregam, na realização de suas obras. Assim, todos os seus trabalhos serão de construção e serviços de benévola convergência, sem lutas e sem intrigas; e desta forma, o Povo poderá acudir voluntariamente ao trabalho, com certas condições de independência; gozando de liberdade, fazendo com que a sua atividade de trabalho seja feliz e digna. Sua vida será então eternizada, pois viverá em suas obras, abençoado e venerados pelas gerações do futuro, como exemplos de homens que fizeram algo Social pela Humanidade.

Assim, o Povo Trabalhador – tanto o Proletariado como o Patronal, praticarão seus deveres pessoais, domésticos e cívicos, inspirados pelo Altruísmo, que os Impulsiona à Viver Para Outrem, no Regimen Sociocrático.

Com estas atitudes, a Violência destruidora, o erro e o egoísmo; as concepções e os deveres individualistas desaparecerão por completo da Ordem Social.

As noções Positivas ou Científicas sobre o Trabalho, a Produção, o Salário, o Capital e a Propriedade, serão compreendidas pelos trabalhadores Proletariado e Patronal, que desejem ser homens livres, conscientes e generosos. {Estes tópicos serão apresenta dos posteriormente}

Estou tão certo, que as Leis Naturais Sociológicas existem como da mesma forma existem as Leis Naturais mais elementares da Matemática. Por isso serei feliz, se os que tiverem a mínima paciência de ler o que tenho escrito, sem parti-pris, procurarem estudar na Obra do Genial Augusto Comte, as soluções científicas dos problemas políticos da atualidade.

Estou certo que se convencerão, como já me convenci, das verdades que demonstra o Mestre dos Mestres.

Quanto aos outros... non ragioniam di lor ... Continuem consciente ou inconscientemente, a gozar o sinistro prazer de sacrificarem gerações e gerações, adiando sine-die o advento da regeneração humana.

Este trabalho foi realizado para ser apresentado, na Reunião Social de 2002 , em Porto Alegre.

 

P. A . Lacaz / Positivista - 28 de Moisés de 213

Bibliografia Consultada

Obras de : Augusto Comte / Luis Lagarrigue - 1939 / Reis Carvalho - 1935